13 A 16 DE JANEIRO DE 2024 | NOVA YORK - EUA

NRF

NRF e as grandes oportunidades para o futuro

Desembarco no maior evento de varejo do mundo com olhar sobre as grandes oportunidades para o futuro, no qual tecnologia é definitivamente o ‘core’


12 de janeiro de 2023 - 11h34

(Crédito: FG Trade/ iStock)

Estou me preparando para embarcar para a NRF 2023 em Nova York, o maior evento do mundo sobre varejo, em que todo o mercado se reúne durante três dias para discutir o ano que passou e o que vem pela frente. Para o varejo, que é orientado a resultados rápidos, entender logo as oportunidades que estão prontas a serem capturadas é fundamental. Mas neste ano isso é ainda mais importante. Por quê?

Vou começar citando Larry Fink, cofundador e diretor-executivo (CEO) da BlackRock, a maior gestora de investimentos do mundo, com cerca de US$ 8 trilhões em ativos sob seu gerenciamento. Da carta anual aos CEOs das empresas em que investe, em 2022, o menor parágrafo foi o que mais me impactou. Em destaque, esse parágrafo dizia: “That world is gone” (“Aquele mundo já era”, em tradução livre). Isso vale para todos os setores da economia, mas para o varejo essa frase de quatro palavras é ainda mais relevante.

Aquele consumidor de três anos atrás, já era. A forma de consumir, os comportamentos, o modelo de relação varejista e cliente mudaram tão rapidamente e de forma tão definitiva durante a pandemia que, em 2022, quando a vida de verdade voltou ao “normal”, ficou evidente que nos transformamos de pessoas meramente digitalizadas para consumidores digitais – e, mais do que isso, consumidores omnichannel.

Some-se a isso a chegada das novas gerações Z e Alpha ao mercado de consumo e o impacto no varejo é exponencial. Cerca de 26% da população mundial já é composta por essa geração e, no fim da década, ela deve ser o maior grupo populacional do mundo. Esse é o principal fator que acelera ainda mais o amadurecimento digital da sociedade global.

Por isso, desembarco na NRF com olhar apurado sobre as grandes oportunidades para o futuro que, na minha visão e cruzando com o cenário brasileiro, passam por:

1. 2023 será o ano da aceleração da virtualização. É urgente entender os comportamentos e necessidades dessas gerações e o que já vem sendo explorado agora nos ambientes virtuais que elas dominam e por onde já se relacionam com fluidez (Fortnite, Roblox, Freefire são exemplos de contextos digitais com uma economia própria de produtos e serviços). Segundo a Bloomberg, em 2024 esse mercado virtualizado já movimentará o equivalente a quase 1% do PIB mundial, cerca de US$ 800 bilhões. Para o varejo a oportunidade está diretamente relacionada à própria evolução do e-commerce como experiência e a nova economia de produtos digitais com avatares, games e entretenimento.

2. Democratização do consumo digital sem volta. Especialmente no Brasil, vivemos um momento de ponto de inflexão acelerado: 86% dos brasileiros dizem que os bancos digitais permitiram que pessoas antes discriminadas pelas instituições financeiras tivessem conta em banco. Hoje 30% das pessoas que têm conta em banco digital são das classes D e E, segundo dados do Instituto Locomotiva 2022. Junto disso, a superpopularização do PIX e o processo de implantação do 5G no Brasil, definitivamente remodelam e potencializam as oportunidades para os varejistas. Quando estive na China, em 2019, ouvi que o governo chinês sabia que acesso a meios de pagamentos digitais era o alicerce para uma economia digital em escala e foi por isso que incentivou e subsidiou soluções que viabilizaram um modelo de consumo que não viveu a era do cartão de crédito. Uma geração inteira pulou diretamente para o uso de carteiras digitais. Isso acelerou tudo, e esse é exatamente o cenário que vivemos agora aqui. Na NRF, com certeza, veremos muitos exemplos análogos de como capturar essa oportunidade gigante.

3. Tecnologia como alicerce sólido do varejo. O varejo se torna, cada vez mais, um negócio intensivo em tecnologia. E, nesse tema, dois pilares são fundamentais: dados e arquitetura. Não dá para fugir de resolver e dominar de forma robusta a agenda de dados (segurança, governança, acesso democratizado e visão 360º do cliente) e a evolução de uma arquitetura obsoleta, que ainda é a realidade da grande maioria do varejo hoje, para uma nova arquitetura que viabilize integrações, com rapidez, que por sua vez é o que permite resultados em escala no negócio. O assunto do momento para um salto real em aceleração no digital é resolver o gargalo da tecnologia com robustez, baseando estratégia e operação nos enablers corretos e combinando estratégia de investimentos e excelência operacional nas iniciativas de tecnologia totalmente conectadas ao negócio. Na NRF espero ver exemplos de quem está fazendo isso na prática de forma consistente, já que cases de sucesso concretos aceleram o aprendizado de quem precisa fazer o mesmo de forma rápida. E no Brasil, e mesmo na América Latina, temos enormes oportunidades quanto a isso.

No que mais pretendo prestar atenção: a evolução do papel das lojas na jornada desse novo consumidor, estratégias de ecossistemas conectando produtos e serviços, a revolução na cadeia de supply chain e a potencialização dos temas ligados à diversidade, equidade e inclusão, cada vez mais importantes para as pessoas que passam a adotar esses assuntos como critério de escolha sobre o que e de quem consumir, alinhado a seus valores.

O frio intenso de janeiro em NY vai com certeza ser aquecido por conversas e trocas ainda mais intensas sobre o futuro do varejo, que de certa forma já chegou.

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