O futuro do varejo: Insights da NRF 2025
Das grandes marcas aos pequenos negócios, como a Inteligência Artificial está criando novas oportunidades
Das grandes marcas aos pequenos negócios, como a Inteligência Artificial está criando novas oportunidades
17 de janeiro de 2025 - 16h25
A NRF 2025 trouxe uma explosão de novidades, levantando discussões relevantes sobre como a inteligência artificial está revolucionando o varejo global de maneira geral. O evento, que reuniu mais de 40 mil participantes em Nova York, é um dos maiores do setor, conectando líderes e especialistas que compartilharam suas experiências, tendências e inovações que pretendem moldar o futuro do consumo.
Nos primeiros dias, ficou evidente que a Inteligência Artificial é um dos grandes pilares dessa transformação, com aplicações práticas que vão desde a personalização até a eficiência operacional.
Na abertura do evento, John Furner, CEO do Walmart U.S., e Azita Martin, da Nvidia, destacaram o potencial da IA em criar experiências mais personalizadas para os consumidores. Assistentes virtuais, vendedores digitais e gêmeos digitais foram apresentados como exemplos de tecnologias que já estão mudando o dia a dia do varejo. Essas novidades permitem simular os resultados antes de implementar mudanças reais, otimizando processos e, por conseguinte, reduzindo custos. Segundo eles, a L’Oréal, por exemplo, utiliza essa tecnologia para ajustar campanhas e prever vendas, enquanto o Walmart experimenta em layouts de loja e aprimora o gerenciamento de estoques.
Com isso, o recado é claro: a IA não é uma exclusividade das grandes empresas. Até os pequenos negócios podem dar os primeiros passos identificando gargalos, investindo em automações simples e explorando ferramentas acessíveis como chatbots. Inovar significa, acima de tudo, sair da zona de conforto e explorar novas possibilidades, e o mercado precisa dessa movimentação.
Outro destaque foi a estratégia apresentada por Joshua Schulman, CEO da britânica Burberry, que compartilhou como a marca está modernizando a sua identidade sem perder a sua essência histórica. Sob o conceito “Burberry Forward”, a empresa está fortalecendo categorias icônicas, como roupas de inverno e lenços, enquanto busca atrair as novas gerações. Nesse processo, de acordo com ele, a autenticidade é uma peça-chave, assim como parcerias estratégicas com multimarcas, como a Nordstrom, que ampliam o alcance da marca. Schulman reforçou, ainda, que o equilíbrio entre tradição e inovação é fundamental para se conectar com consumidores contemporâneos e manter a relevância no mercado.
A Amazon também trouxe insights valiosos sobre o papel da tecnologia na melhoria do customer experience. Doug Herrington, CEO da Amazon Stores, destacou que a inovação é inseparável do aprendizado e que até os fracassos são oportunidades para avançar. A empresa utiliza IA para personalizar recomendações, otimizar redes logísticas e simplificar o processo de compra. O Amazon Prime, por exemplo, combina benefícios de compras e frete grátis, gerando fidelidade entre os consumidores. Herrington incentivou, inclusive, empreendedores a adaptar essas ideias em seus próprios negócios, utilizando chatbots, criando programas de fidelidade simples e estabelecendo parcerias para entregas mais ágeis.
No painel compartilhado pela Starbucks e Levi’s, foi discutido como equilibrar tecnologia e atendimento humano para criar experiências significativas. A Starbucks destacou a importância de simplificar processos, investir em tecnologia para empoderar colaboradores e manter o atendimento como prioridade. A CEO da Starbucks ressaltou que o sucesso não depende apenas de inovação tecnológica, mas também da interação direta e personalizada que os baristas oferecem aos clientes. Esse exemplo reforça a necessidade de humanizar a tecnologia e colocá-la a serviço da experiência do consumidor.
A Geração Z e a Geração Alpha também foram temas centrais de diversos debates. Esse público, que prioriza experiências digitais integradas e interações autênticas, está redefinindo as estratégias das marcas. Parcerias com influenciadores digitais, integração entre lojas físicas e digitais, e a criação de conteúdo relevante foram apontadas como ações fundamentais para conquistar esses jovens consumidores. Cafés instagramáveis dentro de lojas de luxo e ambientes interativos são exemplos de experiências que têm atraído a atenção dessa nova geração, mostrando que o varejo precisa ir além do produto e criar momentos memoráveis.
Por fim, a Disney apresentou um case inspirador de como oferecer personalização em escala. Com o uso de IA, a empresa analisa dados de visitantes para ajustar experiências com base em perfis individuais, como famílias, casais ou grupos em lua de mel. Essa tecnologia permite criar produtos e serviços alinhados às expectativas de um público altamente diverso, garantindo que cada interação seja única. Além disso, o grupo reforçou o seu compromisso com a sustentabilidade, oferecendo fantasias inclusivas, embalagens recicláveis e designs que promovem o reaproveitamento.
De uma maneira geral, os primeiros dias da NRF 2025 deixaram claro que o varejo está em plena transformação e a IA é o motor dessas mudanças, mas o foco no cliente segue sendo o elemento-chave para o sucesso de qualquer empresa. O futuro do varejo está na capacidade de equilibrar a tecnologia de ponta com a humanidade, criando conexões emocionais e experiências que fidelizem consumidores. Inovar não é apenas adotar novas ferramentas, mas compreender profundamente as necessidades do cliente e utilizar a tecnologia para atendê-las de forma eficiente.
Compartilhe
Veja também
Fidelização, comunicação e retail: as renovações da Americanas para 2025
CEO da varejista, Leonardo Coelho adianta que a rede trabalha em um programa de fidelidade e na adoção de tecnologia para trabalhar o sortimento das lojas de forma mais inteligente
As dez tendências de IA para o varejo em 2025
A Coresight Research apresenta recomendações para a aplicação da tecnologia e especialistas da área comentam cases já implantados e perspectivas sobre os temas