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NRF

Os novos rumos do luxo, segundo o chairman da Tom Ford

Pete Nordstrom grava podcast com Domenico De Sole, chairman da Tom Ford durante a NRF, em que analisaram como itens de grife saíram das mãos de poucos e saltaram para a cultura pop


16 de janeiro de 2023 - 6h00

O luxo e a moda estão vivos e sintonizados com os novos tempos e dizer que ambos morreram é uma mentira. Foi o que disse Domenico De Sole, chairman da Tom Ford International a Pete Nordstrom, presidente e chief brand officer da Nordstrom Inc., que gravou na NRF um dos episódios de seu podcast NordPod.

Pete Nordstrom, à esquerda, em conversa com o chairman da Tom Ford, Domenico De Sole

Nordstrom, que comanda uma das renomadas redes de luxo norte-americana, conduziu a conversa com Domenico fazendo com que este relembrasse o histórico que o levou ao comando de uma grife de luxo. A pergunta faz sentido, já que o percurso de Domenico foi, de fato, interessante. Nascido numa pequena cidade italiana, ele mudou para os EUA, ao ganhar uma bolsa de estudos em… direito.  Trabalho em Wall Street, depois mudou para Washington, onde conheceu a mulher com quem está casado há mais de 40 anos. Se tornou advogado de um dos membros da família Gucci, depois tornou-se CEO da Gucci América, quando Aldo Gucci foi para a cadeia por evasão de impostos. No início da década de 1990, a companhia de private equity que controlava a marca o chamou, sendo italiano, para ajudar a recuperar a empresa do desastre.

Descrevendo mais como sorte, do que esperteza, Domenico conta que o primeiro passo para tirar a Gucci do buraco foi encontrar o gênio de Tom Ford e contratá-lo. “Tomei a decisão certa”, disse o executivo, ao explicar que o trato, na época foi deixar Tom cuidar do design dos produtos e Domenico concentrar na administração. Nove anos e meio depois, a empresa que estava em crise foi vendida por US$ 10,5 bilhões.

Vindo de uma família militar, Domenico diz que não imaginava que iria parar no mundo da moda. Mas hoje, embora não saiba explicar por que, disse, sabe bater o olho numa coleção e dizer se ela é boa, ou seja, se vai ter sucesso, ou não.

Mais tarde, em 2004, ambos saem da Gucci com o objetivo de criar “a primeira marca norte-americana verdadeiramente de luxo”, contou o italiano, o que demandou uma disciplina rigorosa no negócio. Um dos caminhos para gerar receita para a nova marca, inicialmente foram duas parcerias, com uma ótica italiana e outra com a Estée Lauder, para cosméticos.

Pete Nordstrom também questionou Domenico se tornar o luxo algo moderno foi um movimento consciente de Tom, uma vez que até então, o luxo andava com a pecha de “produtos caros para gente velha”. Segundo o italiano, sim, havia a intenção, pois desde quando Tom passou a atuar para a Gucci o objetivo era tornar a marca mais empolgante, nova e interessante, o que Tom Ford, segundo Domenico, fez brilhantemente.

“Para mim, o luxo e a moda são parte da natureza humana. Ouço muita gente dizendo ‘o luxo está morto’, ‘a moda está morta’, isso é mentira. Se olhar a arte das cavernas, já veria pessoas com joias, braceletes”, disse o executivo, que também comentou sobre a experiência na loja. Para ele, a qualidade do serviço a um cliente é fundamental e também disse ter aprendido com Tom Ford a ser obcecado pelo visual merchandising, ter produtos bonitos, belos manequins.

“Se tornou algo real para todo tipo de pessoa, seja para quem possa arcar com um batom ou óculos, ou para quem pode comprar qualquer coisa”, disse Pete Nordstrom, antes de questionar seu convidado sobre a evolução do design dos produtos, que foram parar, hoje, na vida de celebridades na internet e na cultura pop.

Para Domenico, historicamente, tendo como origem a alta costura, os artigos de luxo eram algo que poucas pessoas podiam pagar e duas mudanças levaram ao cenário atual: a mudança da alta costura para o “ready to wear” (pronto para vestir) e a explosão, nos anos 1990, foi a produção pelas grifes de acessórios.

Ao final da conversa, Nordstrom questionou Domenico sobre as coisas das quais se orgulha. E a resposta foi, no âmbito pessoal, os filhos que criou e a esposa, com que é casado há 48 anos, e nos negócios, a amizade com Tom Ford, dizendo que no final seu legado será formado pelo dueto Gucci e Tom Ford.

A última pergunta “egoísta” segundo o autor, Pete Nordstrom, foi questionar o chairman sobre que conselho daria à Nordstrom, com quem faz negócios há anos. “Quer a verdade?”, brincou Domenico. Em seguida aconselhou a olhar para o background e identificar o que torna a rede especial, que no caso da Nordstro, o executivo italiano associa à alta qualidade do serviço. “A segunda parte é o visual merchandising. Garantir que quando as pessoas entrem sintam elegância em sua loja. Uma grande experiência visual e um grande serviço são a fórmula para o sucesso”, arrematou.

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