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Preço dinâmico, caixas automáticos: a nova realidade do varejo

CEO da C&A e chief product officer do Sam’s Club mostram como o dia a dia das vendas já estão sendo transformadas pelas tecnologias e discutem o papel das pessoas nesse processo


12 de janeiro de 2025 - 18h44

C&A

C&A vem utilizando a IA para otimizar os processos de escolha e de venda dos produtos (Crédito: Reprodução)

Quem procurar por uma determinada peça de roupa ou acessório na C&A tem chance de encontrar preços diferentes entre as 330 unidades da varejista espalhadas pelo País. A razão para isso tem a ver com a aplicação de uma nova lógica de negócios descortinada pelo avanço tecnológico.

Se em uma região, por exemplo, determinadas blusas foram esgotadas por uma alta demanda, por que não reduzir os preços desses mesmos itens em outra área, cujos estoques estão parados? Essas e outras soluções de negócios que a companhia vem adotando – e que são resultantes de uma nova estratégia de varejo baseada em inteligência artificial – foram citadas pelo CEO da C&A, Paulo Correa, que participou para falar sobre a maneira como a tecnologia está mudando a função de quem atua na indústria varejista.

O executivo brasileiro dividiu o palco com Todd Garner, chief product officer do Sam’s Club, rede do varejo do grupo Walmart dedicada a fornecer produtos a uma comunidade de membros associados. Ambos contarão como estão ajudando a conduzir uma jornada de transformação completa nos negócios, que envolve não somente a utilização de novas ferramentas como a alteração de todos os processos de trabalho. Ambos conversaram com Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.

Realidade brasileira

No caso da C&A, Correa deixou claro que evoluir e conseguir se adaptar às novas dinâmicas de varejo não é algo opcional. “Uma companhia de moda, com quase dois séculos de atuação, que continua relevante e forte e trazendo novas perspectivas de moda para o Brasil precisa se reinventar o tempo todo”, contou.

Segundo ele, essas transformações implicam uma reavaliação completa de todo o negócio, algo que passa também pela adoção de uma cultura mais pragmática e ágil. A C&A, hoje, tem como premissa desenvolver soluções tecnológicas para seus diferentes processos de varejo, testá-los e, se os resultados forem positivos, expandi-los para uma escala maior. E, caso não seja, tentar, novamente, até encontrar uma solução satisfatória. “Esse é modelo que adotamos agora”, resumiu.

Alguns dos resultados dessa nova ordem de negócios foram exibidos em um vídeo, que a C&A levou para o painel. Nele, a rede de varejo destaca, por exemplo, os caixas de pagamento que funcionam por reconhecimento facial, as sugestões de ofertas personalizadas via e-commerce e os testes de modelo de preço dinâmico.

“No Brasil, existe o dogma de que uma rede tem que ter exatamente os memos preços dos produtos, em todas as suas unidades. Mas há setores em que essa lógica não existe e as pessoas acostumadas. Em farmácias, por exemplo, os preços de medicamentos variam de uma loja a outra. Estamos usando a IA para estarmos aptos a aumentar ou diminuir os preços para fazer com que nossas vendam aumentem”, declarou.

Já no Sam’s Club, a IA tem sido trabalhada com um objetivo: ajudar a aprimorar e melhor compreender a jornada do consumidor. Conduzir esse processo, naturalmente, não é algo simples. “Os desafios são muitos e eles vêm do topo. O principal aprendizado é o de que transformações exigem outras transformações, então, para isso, é crucial que as lideranças compreendam a importância da tecnologia e incorporem na rotina aquilo que elas realmente querem fazer”, declarou.

No caso da C&A, um ponto crucial para a digitalização da experiência do consumidor foi, segundo Paulo, quando a companhia colocou o chief techonoly officer (CTO) para se reportar diretamente ao CEO. “Hoje, um líder de tecnologia precisa ser, antes de tudo, um líder de negócios”, destacou.

Transformações humanas

Apesar de já atuarem uma realidade onde as decisões são pautadas e estruturadas muitas vezes tendo como base os insights gerados por máquinas, a participação humana nesse tipo de trabalho é imprescindível. Todd reforçou a importância de manter toda a equipe engajada e informada acerca das transformações que estão sendo feitas nas empresas.

“O processo de conhecer as pessoas e treiná-las é o primeiro a ser feito. É preciso fazer com que as pessoas digam as outras o que está sendo feito e o que está acontecendo para que elas façam e se sintam parte daquilo”, declarou Todd. “É preciso envolver e tratar as pessoas com respeito e enfatizar a necessidade da empatia humana ao longo de todo esse processo”, finalizou o CEO Da C&A.

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