O comportamento do consumidor no varejo em 2025
Em um ano de cautela, Euromonitor International destaca as soluções de saúde preventiva, a baixa nas compras por impulso e a busca evidências concretas de sustentabilidade
Em um ano de cautela, Euromonitor International destaca as soluções de saúde preventiva, a baixa nas compras por impulso e a busca evidências concretas de sustentabilidade
Giovana Oréfice e Taís Farias
10 de janeiro de 2025 - 6h01
Uma projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontou que o varejo deve fechar o ano de 2024 com um crescimento na casa dos 5,5%. O desempenho é impulsionado pela melhora em indicadores como emprego e acesso a renda e crédito. As projeções para 2025, no entanto, são cautelosas.
Para Paula Goñi, consultora sênior de serviços e pagamentos na Euromonitor International, o varejo global continuará lidando com um consumidor que procura ser mais inteligente nas suas compras. Essa necessidade está baseada na preocupação com os acontecimentos mundiais e com os efeitos da inflação que ainda são sentidos no orçamento diário.
“No Brasil, especificamente, o ano de 2025 deve ser um ano de recuperação contínua, com os varejistas buscando planos reativos que talvez tenham sido pausados nos últimos dois anos, esperando que a perspectiva econômica se estabilize e a confiança do consumidor aumente”, aponta Goñi. Para ela, de modo geral, o ano deve ser de desenvolvimento positivo com as marcas capitalizando o conhecimento e as melhorias que fizeram nas operações pós-pandemia. No fim do ano passado, a companhia publicou o relatório Top global consumer trends 2025, com as principais tendências de consumo para o ano. Confira:
A saúde a longo prazo está no foco dos consumidores que não querem apenas viver mais, mas viver melhor. Segundo o relatório, 67,7% dos brasileiros acreditam que, nos próximos cinco anos, terão mais saúde do que atualmente. Essa preocupação estaria fazendo o público buscar soluções preventivas ao invés de apenas tratar doenças após serem identificadas. Um exemplo do impacto dessa tendência no mercado é o setor de vitaminas e suplementos que, neste ano, deve atingir US$ 139,9 bilhões, globalmente.
Poupar e fazer compras mais estratégicas e conscientes segue sendo uma prioridade entre os consumidores. Segundo a Euromonitor, 32,5% dos brasileiros estão preocupados com a situação econômica atual e 44,2% priorizam a qualidade em relação à quantidade em suas compras, preferindo comprar menos produtos, mas com maior qualidade. Apenas 12,3% fazem compras frequentes por impulso, refletindo uma tendência de consumo mais estratégico. O setor de beleza e cuidados pessoais ilustra esse movimento com as vendas de produtos premium, ultrapassando as opções econômicas.
Cada vez mais, a sustentabilidade precisa ultrapassar o discurso e os consumidores esperam evidências concretas sobre as ações e o engajamento das marcas, assim como a eficiência dos produtos. De acordo com o estudo, no segundo trimestre de 2024, foram registrados cinco milhões de produtos online com selos de sustentabilidade, espalhados em 11 setores de bens de consumo e em 25 países.
Com um volume exponencial de conteúdo disponível, os consumidores desejariam gastar menos tempo procurando o que realmente precisam. O desejo é refletido nos dados. 30.9% dos brasileiros dizem que procuram produtos com rótulos fáceis de entender e 43% compram produtos durante lives porque os detalhes do produto ou serviço eram mais fáceis de entender por meio desse canal, aponta a WGSN.
A preocupação com as informações geradas por IA e os prós e contras da adoção da tecnologia aparecem nos padrões de consumo do público. Na América Latina, os clientes apresentam uma resistência ao uso de bots no atendimento, com apenas 17% afirmando se sentir confortável com a tecnologia. Em contrapartida, 52% confiam em assistentes de voz para acessar informações personalizadas e receber recomendações de produtos. Quando a proposta é viajar em um carro sem motorista, 46,2% dos consumidores na região dizem não se sentir confortáveis com a ideia.
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