A vez da juventude radical
Estreia de modalidades como surfe e skate na programação oficial busca atrair novos públicos e representa oportunidade de conquista para o Brasil
Estreia de modalidades como surfe e skate na programação oficial busca atrair novos públicos e representa oportunidade de conquista para o Brasil
6 de dezembro de 2019 - 18h49
Por Janaina Langsdorff
Os dirigentes olímpicos internacionais tomaram uma decisão radical para o Jogos Olímpios de Tóquio 2020: incluir o surfe e o skate no programa olímpico. E o Brasil comemorou. O País tem grandes nomes na elite do surfe mundial, como Gabriel Medina, Adriano de Souza, Filipe Toledo, Tatiana Weston-Webb, Silvana Lima e Tainá Hinckel. Já nas pistas desbravadas por Bob Burnquist estão nomes dos skatistas Sandro Dias (Mineirinho), Kelvin Hoefler, Pamela Rosa, Pedro Barros, Rony Gomes, Letícia Bufoni, Karen Konz e Luan Oliveira, além da nova geração puxada por Rayssa Leal e Yuri Facchini.
A meta de rejuvenescer os Jogos Olímpicos é tão promissora quanto as chances de medalhas. “Esperamos de cinco a seis conquistas no skate, especialmente no feminino”, confessa Bruno Cremona, gerente de eventos e patrocínios da Oi, que incentiva o skate há 13 anos e o surfe desde 2014. Cremona acredita que o skate viverá em 2020 a mesma euforia experimentada pelo surfe há três anos. “As Olimpíadas puxarão esse movimento”, crava o executivo. Dona dos contratos de naming rights dos principais eventos de ambos os esportes no Brasil, a operadora patrocina o Oi STU Open, no skate, e o Oi Rio Pro, etapa brasileira da World Surf League (WSL). Da base aos profissionais, a estratégia é “ligar o suporte dos amadores ao rejuvenescimento dos clientes”, frisa Cremona.
Os skatistas Pedro Barros e Letícia Bufoni e os surfistas Gabriel Medina, Ítalo Ferreira, Filipe Toledo, Silvana Lima, Adriano de Souza, Tatiana Weston-Webb, Davizinho e Tainá Hinckel estão entre os atletas patrocinados pela marca. A Oi trabalha com as agências V3A e Octagon para explorar conteúdos a partir da sinergia captada do próprio negócio. “Streaming e dados lideram o consumo de audiência no surfe e no skate”, lembra Cremona.
A Petrobras vai além do mar e enxerga no skate uma fonte de vitórias. “São esportes de movimento, que trarão um público com alto potencial de audiência”, aponta Aislan Greca, gerente de patrocínios e eventos da estatal, que investiu R$ 9,8 milhões para patrocinar 25 atletas e cinco paratletas em Tóquio 2020. Pedro Barros e Letícia Bufoni, no skate, e Ian Gouveia, no surfe, estão entre os cotados. A história de superação dos atletas é uma das abordagens trabalhadas nas redes sociais a fim de criar conexão com o resgate de imagem da marca, abalada após uma série de denúncias de corrupção nos últimos anos. Hoje, a Petrobras trabalha com uma estrutura in-house, mas prevê a contratação de agências em 2020 para intensificar o seu plano de comunicação.
Do nicho à massa
A Red Bull abraça os esportes radicais desde o seu nascimento, em 1984. O skatista Sandro Dias e o surfista Carlos Burle estão entre os primeiros embaixadores da marca, que atualmente apoia Pedro Barros, Letícia Bufoni, Yndiara Asp, Lucas Chumbo, Pedro Scooby, Thainá Hinckel, Nicole Pacelli, Matheus Herdy e Adriano de Souza. Do mar às pistas, a marca está presente em eventos com parcerias duradouras. “Dar suporte aos atletas, viabilizar campeonatos, oferecer estrutura e criar projetos para a base são algumas das ações feitas para trazer mais oportunidades, destaque e valor ao skate”, enumera Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate (CBSK). A meta é popularizar a prática no Brasil, fechando um círculo onde mercado, atletas, fãs e marcas sejam beneficiados com o consumo em torno do esporte.
Com mais de 8,5 milhões de adeptos, o skake já pulou do seu nicho. Só o Mundial de Park, realizado em setembro na capital paulista, reuniu mais de 60 mil pessoas, teve 23 horas de transmissão e 10 milhões de telespectadores. “Ter skatistas com chances de destaque nos Jogos Olímpicos criará outros ídolos para o esporte em geral”, acredita Musa. Street e Park são as duas modalidades do torneio olímpico, que ocorrerá no Ariake Urban Sports Park de 26 de julho a 6 de agosto de 2020. Serão 80 skatistas e o Brasil poderá ter até 12 atletas.
Com o suporte da Nike, que será a marca esportiva do skate brasileiro em Tóquio 2020, a CBSK espera ganhar visibilidade, atrair fãs e marcas interessadas em se aproximar de um público eclético, jovem e com um estilo de vida que combina cultura, música, arte e moda. Além de Oi, Nike e Red Bull, a Monster, Vans, Adidas e Element são as principais marcas que empurram o skate brasileiro.
Na crista da onda
A Jeep mantém parcerias de longo prazo com os surfistas Filipe Toledo e Pedro Scooby, a exemplo do patrocínio firmado com a World Surf League em 2015. “Expandimos a nossa presença ativando a etapa brasileira da WSL. Estudamos ampliar o alcance em 2020”, prevê Maria Lúcia Antonio, gerente de marketing e comunicação da FCA América Latina. A geração de conteúdos associados aos patrocínios está entre as principais estratégias da dona da marca Jeep.
Quem fica na praia também tem lugar garantido ao sol. A cerveja Corona, outra patrocinadora da WSL, tem ativações planejadas pela Wieden+Kennedy, Africa, Haute e Draftline, que conta com profissionais da Mutato e da Soko. A comunicação está centrada em conteúdos e eventos criados para proteger os ambientes onde o esporte é praticado e disseminar o estilo de vida do surfe.
Phil Rajzman é um dos atletas apadrinhados pela Corona ao lado de Gabriel Medina, desde 2018. “Ele representa o #thisisliving da marca, que convida as pessoas a aproveitarem a vida perto do mar e com a cerveja”, define Arnaldo Garcia, gerente de marketing de Corona, que apoia também eventos regionais e iniciativas de fomento ao esporte.
No time feminino, Tatiana Weston-Webb acaba de ganhar o patrocínio da Havaianas, do grupo Alpargatas. A gaúcha já está classificada para Tóquio 2020, enquanto Silvana Lima esbanja energia para buscar a sua vaga. A surfista cearense é patrocinada pelo XS Energy Drink, bebida lançada no Brasil em outubro pela empresa de vendas diretas Amway. “A Silvana se conecta aos nossos empresários pela sua história de superação. Ela teve diversas lesões e conseguiu dar a volta por cima”, resume Gabriela Takano, diretora de marketing da Amway do Brasil. Além da exposição da marca XS nas pranchas, a ativação inclui uma websérie produzida pela agência Idealista, que em quatro episódios narrará a história da atleta.
A disputas do surfe em Tóquio acontecerão na praia de Tsurigasaki, em Chiba, a 60 km da capital japonesa, de 26 de julho a 2 de agosto. Serão 40 atletas, e cada país pode inscrever dois competidores por gênero. Além de surfe e skate, o programa olímpico incluirá pela primeira vez, em Tóquio 2020, karatê e escalada. Já beisebol softbol retornarão.
Oi Rio Pro (no alto), etapa brasileira da World Surf League (WSL), e Rayssa Leal,
skatista mais jovem a conquistar uma etapa da Street League Skateboarding (SLS)
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