Déficit de investimento
Com sua maior delegação, Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) ainda busca maior apoio da iniciativa privada
Com sua maior delegação, Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) ainda busca maior apoio da iniciativa privada
30 de agosto de 2016 - 8h33
Por Fernando Murad
A delegação paralímpica brasileira na Rio 2016 será a maior da história. Serão 279 atletas (181 homens e 98 mulheres) e 23 acompanhantes (como atletas-guia e goleiros) com a missão de colocar o País no Top 5 apesar do volume de patrocínio não refletir os resultados positivos já obtidos pelos paratletas. Os investimentos no atual ciclo somam cerca de R$ 344 milhões, contra R$ 168 milhões em Londres 2012, mas bem abaixo dos R$ 2 bilhões só em patrocínio recebidos pelas 28 confederações olímpicas presentes no evento. “Ainda tem espaço para muito mais patrocinadores”, afirma Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) desde 2009
Meio & Mensagem — Quais são os patrocinadores do CPB e quanto eles investiram no atual ciclo paralimpico?
Andrew Parsons — As Loterias Caixa são patrocinadoras de 13 modalidades paralímpicas, incluindo as cinco administradas pelo CPB (atletismo, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, natação e tiro esportivo). A Braskem é patrocinadora do atletismo. A Nike é a outra patrocinadora do CPB, responsável pelo fornecimento de material esportivo. O valor do patrocínio das Loterias Caixa para os quatro anos do atual ciclo paralímpico é de R$ 120 milhões. Os valores dos contratos com a Braskem e a Nike não podem ser divulgados.
M&M — Quanto o CPB recebeu no atual ciclo paralimpico de recursos federais?
Parsons — Fora os R$ 120 milhões das Loterias Caixa, o CPB recebeu cerca de R$ 224 milhões de outras fontes de recursos federais, como Lei Agnelo-Piva e convênios com o Ministério do Esporte. O investimento total do CPB no clico paralímpico anterior foi de R$ 168 milhões.
M&M — Em sua opinião, os investimentos de patrocinadores no esporte paralimpico brasileiro estão de acordo com o desempenho esportivo dos paratletas? Quais ações o CPB realiza para atrair novas marcas?
Parsons — Em relação aos convênios e patrocínios públicos, sim. Da iniciativa privada, não. Ainda tem espaço para muito mais patrocinadores investirem. O CPB tem feito uma série de iniciativas nas mais diferentes áreas. Criamos um programa de embaixadores para atrair mais visibilidade para o movimento paralímpico. Compramos direitos de transmissão de grandes eventos esportivos e repassamos a emissoras brasileiras para que as competições sejam exibidas na TV. Incrementamos nossa presença nas redes sociais com parcerias com o Facebook e o Twitter. Também criamos um programa de hospitalidade levando executivos de grandes empresas para conhecerem o esporte paralímpico de perto.
M&M — As marcas sabem aproveitar o potencial de se associarem ao paradesporto?
Parsons — As marcas que estão associadas ao CPB souberam. A Braskem tem sabido ativar muito bem a sua marca desde que se tornou patrocinadora do paratletismo brasileiro em setembro do ano passado. As Loterias Caixa são conhecidas pelo seu apoio ao esporte paraolímpico e a marca que melhor utiliza a associação ao movimento. Mas, mesmo assim, o CPB acredita que há espaço para muito mais marcas.
M&M — O que a Rio 2016 representa para o futuro do paradesporto brasileiro?
Parsons — Acredito que os Jogos de 2016 colocarão o esporte paralímpico brasileiro em um outro patamar, em um novo momento, com mais reconhecimento por parte da sociedade, dos meios de comunicação e da iniciativa privada. Somado a isso, teremos o legado das estruturas esportivas, como o nosso Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, que já está funcionando e que é considerado um dos cinco melhores do mundo. Tudo isso vai nos possibilitar oferecer aos atletas uma preparação para Tóquio 2020 muito melhor do que a que eles tiveram para Londres e para o Rio.
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