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Olimpíadas

“Não teremos elefantes brancos”

Antônio Carlos Morim, coordenador do MBA da ESPM Rio, acredita que, ao contrário da Copa do Mundo da Fifa, que deixou estádios ociosos ao redor do País, as obras para a Olimpíada têm um perfil diferente


25 de julho de 2016 - 16h31

Ao contrário da Copa do Mundo da Fifa, que deixou estádios ociosos ao redor do País, as obras para a Olimpíada têm um perfil diferente. Com grande parte de suas estruturas temporárias, o evento não criará elefantes brancos. É o que acredita Antônio Carlos Morim, especialista em marketing esportivo e coordenador do MBA da ESPM Rio. Para ele, os Jogos deixarão inúmeros legados para o Rio de Janeiro, que terá não só imagens das competições mas também de suas belezas reverberadas ao redor do mundo.

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Meio & Mensagem — Quais os legados que os Jogos Rio 2016 deixarão para o Rio de Janeiro?
Antônio Carlos Morim — Pensamos nos Jogos com várias abordagens. Uma delas é como catalizador de transformação para a cidade, efetivamente pensando na infraestrutura de transporte, gerando um sistema de alta capacidade. Olhando a malha viária, tivemos uma aceleração principalmente com a expansão do metrô, com corredor do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), um eixo grande de revitalização da zona portuária, além do aumento da capacidade hoteleira. Tudo isso tem um legado efetivo que afeta a estrutura até da própria economia em um momento importante, dado o contexto do Brasil. Há uma melhoria da área urbana, melhor acessibilidade, áreas ambientais novas, um trabalho social, de educação nas escolas públicas e voluntariado, além de responsabilidade social.

M&M — Existe uma diferença entre a Olimpíada e a Copa do Mundo neste sentido?
Morim — Os Jogos Olímpicos têm outras conexões, favorecem empreendedores de outra maneira, trabalham a imagem da cidade de outra forma, trazem benefícios conectados não apenas a vitrines normais que conhecemos, mas a benefícios efetivos. Barcelona era meio o patinho feio dos destinos de turísticos mais escolhidos da Europa e hoje é um dos top 4 daquele continente.

M&M — Também há uma diferença em termos de estruturas criadas para os Jogos e as que foram construídas para a Copa?
Morim — Pouco mais de 70% das estruturas que estão sendo construídas para a Olimpíada serão desmontadas e foram concebidas assim. Não teremos os elefantes brancos da Fifa. O prédio onde hoje funciona a Rio 2016 será desmontado. De todas as estruturas, o que ficar será reconfigurado em escolas e no que for útil para cidade. É um aprendizado que já tivemos em Londres e Barcelona. Importamos competências para gerar este aprendizado e o Brasil passa a ter gente expert nisso. Para a cidade o legado é extremamente positivo. Como basicamente não vão existir elefantes brancos receberemos o lado positivo com metrô, VLT, BRT. A cidade ficará bem melhor para o cidadão carioca.

M&M — Como o turismo será impactado?
Morim — O Rio tem mais ou menos 6,5 milhões de pessoas e vai experimentar algo em torno de 1,5 milhão a 1,8 milhão de visitantes, segundo uma pesquisa que vi no ano passado. E este visitante é diferente do que vem para a Copa, que veio primeiro com amigos, depois sozinho e em terceiro com a família. O visitante da Olimpíada vem em primeiro com a família, depois com amigos. Isso muda o conceito de consumo e a forma como devemos enxergar o usuário. A publicidade muda, as marcas têm de trabalhar de forma diferente. As Olimpíadas são uma celebração familiar. A cidade já vem sofrendo as dores da melhoria e ainda vai sofrer por um tempo, mas está ficando melhor, sem dúvida.

M&M — O Rio ganha como vitrine ao receber os Jogos?
Morim — Basta pensar nos dados de transmissão além da mídia aberta e paga. O Rio ganha porque é vitrine e suas imagens irão para o mundo. Parte das pessoas que virão ao Rio estará em estádios, mas muitos estarão na Praça XV, andando no veículo leve sobre trilhos (VLT), no Theatro Municipal. Quem vem para cá traz smartphone­ e web. Teremos este trabalho massivamente digital sendo passado para o mundo instantaneamente. A divulgação da marca Rio será potencializada e muito com a web. É um negócio brutal. O Rio tem que ter, e terá, a Olimpíada mais vista de todos os tempos. De resto, é manter tudo sob controle.

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