5 GEN’s do SXSW 2025
Este ano completei dez anos de visitas ao SXSW, em Austin, e observei a presença constante de três letras ao longo da programação do evento
Este ano completei dez anos de visitas ao SXSW, em Austin, e observei a presença constante de três letras ao longo da programação do evento
E, desde 2015, sempre volto de lá com a árdua tarefa de tentar resumir tudo que vi nesse festival tão amplo e plural – onde tem de tudo um muito. Nessa última edição, curiosamente, observei a presença constante de 3 letras: GEN.
O assunto do momento foi, de novo, o assunto de todos os momentos em Austin. Mas com uma diferença: ao contrário do ano passado, quando a Inteligência Artificial Generativa ainda era novidade, agora ela já virou realidade. Então, mais do que mostrar o que a gente pode fazer com ela, falou-se muito sobre o que ela pode fazer com a gente – tanto pro bem, quanto pro mal.
Vários palestrantes manifestaram uma preocupação com a “Epidemia da Solidão” que está assolando essa nova geração – que, paradoxalmente, passa horas por dia conectada entre si mas desconectada do mundo real. E, agora, com o surgimento das namoradas virtuAIs, esse isolamento tende a piorar. Afinal, ficar trancado no quarto segue sendo um castigo pros jovens – só que não é mais involuntário.
Com a combinação de tecnologia e biologia sendo acelerada pelos novos computadores quânticos – que agora conseguem realizar tarefas impossíveis para os supercomputadores e para a IA –, cada vez mais os humanos vão poder brincar de Deus. Daí a importância da palavra “ética” aqui, pois cabe a nós direcionar essa evolução: vamos trazer de volta animais extintos ou vamos encontrar a cura do câncer?
Com a expectativa de vida projetando superar 100 anos, tudo indica que nossa jornada profissional será muito mais longa – em torno de 60 anos. Em contrapartida, nossas habilidades ficarão obsoletas muito mais rápido e teremos que nos adaptar a ciclos de reaprendizagem de 6 em 6 meses. Ou seja, amplitude é a nova profundidade – e os especialistas perderão o espaço (e o emprego) para os “Generalistas.ai”
Com os algoritmos cada vez mais “cheios de dados”, as pessoas estão ficando “cheias de dedos” para interagir com eles – inspirando o surgimento de novas redes sociais mais verdadeiras, abertas, transparentes e protegidas (como Signal e Bluesky). E se antes o grande diferencial era saber tudo sobre as pessoas, agora elas estão dispostas até a pagar mais para usar redes que não saibam nada sobre elas.
No fim das contas, a grande mensagem desse evento complexo é muito simples: se as novas tecnologias vão mudar o mundo todo (e todo mundo), essa mudança só valerá a pena se conseguir resgatar a essência do GEN mais fundamental de todos: a GENte.
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