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A Apple virou marca de tiozão

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Opinião

A Apple virou marca de tiozão

Grande parte dos consumidores ainda enxerga a marca de Cupertino como uma empresa inovadora, baseada no que ela já foi no passado


15 de outubro de 2024 - 6h00

Sim meu amigo millennial, eu sei que isso pode ferir nosso ego um pouco. Mas essa é a verdade. Recentemente, a Apple lançou mais um iPhone, e a sensação geral foi: “Tá, mas é só isso?”. Nenhuma grande novidade, nenhuma função surpreendente. Mais uma vez. E aí vem a pergunta: será que a Apple está virando uma marca de “tiozão”?

Por muitos anos, a Apple foi referência em inovação. O iPhone, o iPad e o Apple Watch mudaram a forma como usamos a tecnologia. Ter um produto Apple era estar à frente do tempo, era ser considerado “inovador por tabela”. Mas, convenhamos, essa imagem parece estar se desgastando. A marca que antes liderava e inspirava as inovações no mundo todo parece agora estar apenas acompanhando o mercado, fazendo pequenas e conservadoras melhorias, sem causar o impacto de antes.

Grande parte dos consumidores ainda enxerga a Apple como uma empresa inovadora, baseada no que ela já foi no passado. Só que essa base fiel, composta por quem cresceu junto com as revoluções da marca, está envelhecendo. A Apple tem dependido dessas pessoas que ainda acreditam na empresa, mesmo sem ver grandes inovações nos últimos tempos. Mas até quando essa lealdade vai durar?

Vamos ser sinceros, já deu para entender que a Gen Z tem outras prioridades. Eles buscam mais custo-benefício e não estão dispostos a pagar caro por produtos que, antes, eram sinônimos de inovação, mas que agora não oferecem tantas novidades. A Apple, por outro lado, cobra caro até pelos acessórios básicos, como carregadores e fones de ouvido, que agora vêm separados dos produtos. Para essa galera, isso é difícil de engolir.

Além disso, o apelo de marca “premium”, que já não era um consenso entre os millennials, também parece estar cada dia mais esgotado.

O problema não é só o preço, mas a falta de entusiasmo. O novo iPhone, lançado recentemente, não trouxe nada que fizesse o público vibrar. Parece que a Apple está se repetindo, enquanto outras marcas estão ousando mais, com tecnologias como telas dobráveis e recursos inovadores. A Apple, por outro lado, parece estar confortável em apenas dar pequenos retoques no que já existe.

E pior, até mesmo a comunicação da marca, antes inspiracional, está capenga. Lembra da fatídica campanha em que o iPad destruía basicamente a essência artística da humanidade? Tiveram até que tirar do ar.

Nesse cenário, marcas como Samsung e Motorola estão anos-luz à frente da Apple. Tanto na comunicação com a nova geração, quanto na gama variada de produtos, e até mesmo na qualidade, muitas vezes superior aos produtos da Apple.

E aí vem a grande questão: até quando a Apple vai conseguir seguir com essa estratégia? O que antes era visto como exclusivo e desejado, hoje começa a parecer caro e ultrapassado, especialmente para as novas gerações que estão sempre em busca de novidades e que não tem mais aquele apego à marca.

OK, eu sei que tem um público fiel disposto a gastar cada tostão que tem ou cada segundo da vida em filas para os lançamentos da Apple. Esse público vai continuar enumerando as vantagens do IOS ou qualquer outra coisa que a marca tenha realmente de diferente. Mas, convenhamos, quem se importa? A geração Z – da qual se estima um poder de compra de US$12 trilhões até 2030 – sabemos que não.

Se a Apple não der um passo além e voltar a surpreender, pode acabar se tornando uma marca que vive mais de nostalgia do que de inovação, enquanto a nova geração procura algo novo e empolgante em outro lugar. Pior do que não ser líder de mercado, é se tornar uma marca irrelevante.

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