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A arte do desapego

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Opinião

A arte do desapego

Sua empresa não pode sobreviver, não deve sobreviver se não trouxer nenhuma proposta de valor realmente benéfica para a sociedade


8 de junho de 2016 - 11h41

(Crédito: Fotolia)

(Crédito: Fotolia)

Vivemos transformações rápidas e intensas. Capazes de envelhecer estratégias de mídia hiperplanejadas em questão de dias. As revoluções da infomaré produzem ondas que se sobrepõem e variam de tamanho numa velocidade impressionante.

Quando começamos a nos acostumar com views, vieram os users. Daí vieram as impressões, os downloads, o engajamento, os seguidores… Em pontos dessa jornada se cruzaram o awareness, a conversão, o ticket médio, o lead…

Essas e outra infinidade de métricas, indicadores e variáveis fazem uma imensa suruba, hoje, no planejamento de comunicação de qualquer profissional bem informado. Pode parecer desesperador. Mas não deveria.

Na disputa por verdades, alguém sempre sai ferido. Especialmente no turbilhão digital em que a gente vive. Nesse caso, amigos, é melhor desapegar. O que não significa desprezar. Você acabou de entender direitinho todas as possibilidades de viewability? Que bom. Isso abre as portas para um universo riquíssimo em estratégias multiplataforma. Mas não lamente quando alguém te disser que há um novo índice que cruza neurociência e tagueamento em áudio para clusterizar audiências em vídeo. Nem se impressione. Pode ser, pode não ser. Pode falhar. E tudo bem se for assim.

Na disputa por verdades, alguém sempre sai ferido. Especialmente no turbilhão digital em que a gente vive. Nesse caso, amigos, é melhor desapegar

Há, talvez, só um fato inevitável: a tecnologia avança e o faz tão aceleradamente que, no fim das contas, vai sobrar mais tempo para a humanidade voltar a prestar atenção na… humanidade.

Nada de paradoxal aqui. Veja os movimentos que o mundo dá e tudo o que se constata entre as diversas reviravoltas digitais que atravessamos. Resgate as análises dos maiores gurus tecnológicos.

Nestes tempos, urgem estratégias que coloquem o consumidor no centro das atenções, e não mais os produtos. É a valorização de comunidades, e não só de audiências. É o cuidado com a narrativa, e não só com splashs, pegadinhas, slogans capciosos. É a vitória do pensamento ambiental acima do lucro desenfreado.

Como desapego não é desprezo, nada disso significa que desenvolvimento de produtos, parametrização de audiências, campanhas baseadas em frequência e finanças saudáveis e lucrativas devam ser ignoradas. Mas somente que essas tendem a ser questões cada vez mais pautadas pela importância que as pessoas têm. Sua empresa não pode sobreviver, não deve sobreviver se não trouxer nenhuma proposta de valor realmente benéfica para a sociedade. Simples assim.

A mentalidade corporativa que estabeleceu a morte da concorrência e a criação de fortunas como meta individual é um dos maiores ranços adubados pelo neoliberalismo burro. Ainda bem que isso está cada vez mais fora de moda.

Novos tempos – mais dignos, mais justos, mais sustentáveis, mais felizes – estão chegando. E isso é ótimo.

*Artigo originalmente publicado no IVC New! de 31 de maio, do Instituto Verificador de Comunicação

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