A economia de transformação e a transformação da economia
A desconstrução está acontecendo lá fora, mas também dentro de cada um de nós, gerando ansiedade, estresse e Burnout
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26 de fevereiro de 2020 - 16h45
É como naquela história do proprietário de uma rede de ônibus, segunda geração no comando da empresa familiar com mais de uma centena de veículos, que não consegue entender como a Uber, sem uma única frota de veículos em seus ativos, pode ser avaliada em U$ 70 bilhões. São dimensões irreais para sua contabilidade. Ou aquela do gestor de fundos de investimentos que não entende por que a Goldman Sachs só vai fazer IPO de empresas com, pelo menos, uma mulher no board de executivos. Mesmo com a afirmação do CEO do banco, Eric Solomon, de que, nos últimos quatro anos, as ofertas iniciais de empresas com executivas na linha de frente apresentam desempenho significantemente melhor, a conta não fecha em sua mente. Não cabe no seu critério técnico e muito menos em seu entendimento de meritocracia. Enquanto isso, o mundo continua mudando.
A falta de entendimento é uma realidade para grande parte das pessoas. As mudanças estão desafiando as crenças mais básicas de muita gente. A desconstrução está acontecendo lá fora, mas também dentro de cada um de nós, gerando ansiedade, estresse e Burnout. Se está difícil para todo mundo acompanhar o ritmo, as estruturas que nos servem de sustentação: pátrias, famílias, religiões, empresas e marcas, estão passando pela mesma situação. Afinal, o processo de transformação é um só. No mapa da progressão do valor econômico, a economia da transformação já vai substituindo a economia da experiência, no topo da cadeia que vai de commodities a produtos e serviços.
Empresas de todos os portes e origens estão entregando experiências transformadoras enquanto mudam a si mesmas. O pulo do gato é promover inovações em pequenos ciclos, onde os riscos estão distribuídos e as possibilidades estratégicas e criativas, maximizadas. Vão descobrindo a medida de uma dinâmica que avança permanentemente, resolvendo os problemas emergentes e construindo criativamente sobre as oportunidades. Estão focadas na realização de seus propósitos. É um processo flexível de educação e preparação contínua, em todas as dimensões, de dentro para fora e de fora para dentro.
Neste ambiente, os riscos e as ansiedades ficam mais facilmente identificáveis, já que o retorno é imediato em cada ação. Os resultados são avaliados em pleno processo e as pessoas se sentem mais seguras em adotar saltos criativos. Todos vão se equipando na medida em que vão contribuindo para a construção do sistema.
Ciclos de inovação e aprendizado abrem caminho para adaptações enquanto oferecem aos participantes, no centro do movimento, oportunidades para transformação pessoal. Um passinho depois do outro, um grande salto depois do outro. A mudança, a transformação, o zerar e o recomeçar passam a ser construtivos. As novidades são bem-vindas, viram recursos.
Muita gente conhece a história de flexibilidade, inovação e transformação criativa que constitui a cultura do Instagram desde seu início. Quando a companhia foi vendida ao Facebook por U$ 1 bilhão, uns sete anos atrás, tinha 12 funcionários e já valia um pouco mais que o jornal The New York Times, que tinha mais de 1,5 mil funcionários, 150 anos de história e uma torre em Times Square. A conta era difícil de fechar até para os pensadores do digital. Na semana passada, o jornal perguntava, em uma chamada, “O Instagram foi a barganha do século?”, estimando que o aplicativo tenha gerado US$ 20 bilhões em propaganda em 2019.
Agora, ficou mais fácil para todo mundo entender quando falamos de empreendimentos. Mudanças pessoais são mais complexas. Organizar nossos recursos e fazer da nossa própria transformação uma jornada significativa é um desafio que vale toda a nossa atenção.
**Crédito da imagem no topo: reklamlar/istock
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