A Meta fará o mercado de influência sangrar ainda mais
Caso haja, nas redes da Meta, mesma debandada de anunciantes que ocorreu no X, isso pode prejudicar o trabalho dos influenciadores
A Meta fará o mercado de influência sangrar ainda mais
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BuscarCaso haja, nas redes da Meta, mesma debandada de anunciantes que ocorreu no X, isso pode prejudicar o trabalho dos influenciadores
No dia 7 de janeiro, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, declarou o fim da checagem independente de fatos em suas redes sociais nos Estados Unidos, cabendo aos próprios usuários, de forma comunitária, passarem a indicar o que é verdade, crime e mentira. A decisão da big tech vai ao encontro do que Elon Musk fez no X (antigo Twitter), cujo resultado foi uma debandada de marcas, influenciadores, artistas e veículos de comunicação dessa rede social.
Caso o mesmo cenário de êxodo se repita nas redes da Meta, a longo prazo teremos a queda vertiginosa da carreira de influenciadores uniplataforma no Brasil e no mundo. Em primeiro lugar, os influenciadores, como criadores de conteúdo, terão sua imagem e reputação à mercê de campanhas depreciativas, uma vez que não há respaldo jurídico para punir aqueles que cometerem crimes de ódio, difamação e propagação de fake news, enquanto a Meta, em nome de uma “liberdade de expressão irrestrita”, também não fará moderação dos conteúdos, deixando-os à deriva em um oceano de mentiras e calúnias. E, como sabemos, posts polêmicos (como fake news) geram mais curtidas e movimentam a engrenagem das redes.
Outro ponto importante para destacar é a mudança de comportamento das empresas em relação ao marketing de influência. De acordo com o estudo Líderes de Marketing e Marketing de Influência, divulgado no final de 2024 pelo Meio & Mensagem, somente 30% dos líderes de marketing nas empresas estão satisfeitos com os resultados deste tipo de negócio. A pesquisa também mostra que 39% dos líderes acreditam que os resultados das ações de influência são equivalentes aos de práticas tradicionais de marketing digital e outros 39% veem os resultados do marketing de influência como inferior.
Logo, o investimento no mercado de influência tende a diminuir, refletindo a queda na credibilidade e eficiência dos influenciadores digitais. Aliado a isso, em um curto prazo, com exceção, talvez do YouTube e do TikTok, ainda pouco explorado em estratégias de influência, não há redes sociais concorrentes ao Facebook e ao Instagram que estejam no radar dos brasileiros e que possam ocupar este espaço, caso as marcas e os influenciadores desejem realmente sair dessas plataformas quando as mudanças entrarem em vigor.
Durante a pandemia, entre 2020 e 2021, o mercado de influenciadores cresceu 43%, segundo levantamento da Youpix ROI com a Nielsen. O mesmo levantamento aponta que o setor já vem demonstrando saturação e está cada vez mais desqualificado devido a falta de profissionalização dos influencers. Portanto, em um cenário de queda de investimento das empresas e a falta de moderação dos conteúdos nas redes sociais, ser um influenciador pode não ser mais atrativo para as pessoas, tanto para quem já está no mercado quanto para quem deseja entrar, tendo em vista uma limitação de plataformas para produzir conteúdo, mais especificamente Tik Tok e YouTube.
Mesmo com as perspectivas negativas, o cenário das plataformas digitais e redes sociais pode ser regulado ainda este ano aqui no Brasil. Em dezembro de 2024, o Superior Tribunal Federal (STF) voltou a discutir a criação de legislação que responsabiliza as big techs pelos conteúdos postados em suas redes sociais. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) deu um prazo de 30 dias para que a Meta dê mais detalhes sobre essa nova política.
Brasil, União Europeia e Austrália estão empenhados em regular as plataformas digitais e redes sociais, visando o cumprimento de suas leis e bem estar de suas populações. Resta saber se, caso o STF entenda que a empresa é responsável pelo que o usuário publica, a lei será acatada pela Meta ou se Mark Zuckerberg entrará em uma queda de braço com o legislativo brasileiro, assim como Elon Musk. Pelo que Zuckeberg falou em seu anúncio, chamando o STF de “tribunal secreto”, parece que caminhamos mais para a segunda opção, principalmente considerando o comportamento da empresa em processos judiciais ativos e sua reiterada recusa em cumprir ordens liminares.
É um golpe cortante, que já vinha tomando forma ao longo do tempo, e causará um tremendo dano. Se o mercado de influência não conseguir achar soluções para isso, sangrará lentamente até morrer.
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