A solução está na superação e não na reclamação
O trabalho, que antes era um espaço de aprendizado, desafios e crescimento virou um campo minado emocional
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O maior erro do nosso mercado publicitário foi permitir que a infame “planilha das agências” ganhasse status de pesquisa de satisfação e não um compilado de depoimentos individuais recheados de denunciações caluniosas feitas sob anonimato—o que é ilegal, de acordo com o Artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal do Brasil de 1988.
As críticas às agências dão pistas sobre problemas históricos, mas também escancaram a visão limitada de muitos funcionários sobre os desafios de gerir operações complexas. Reclamações sobre favoritismo ignoram o fato de que relacionamento interpessoal é uma competência essencial para cargos de liderança. Queixas sobre jornadas exaustivas expõem o problema real de prazos, mas também uma cultura de ausência de autorresponsabilidade. E, principalmente, colocar o cliente em primeiro lugar não é um defeito, mas uma necessidade de qualquer empresa de serviços, onde concessões fazem parte do jogo para manter contas e, consequentemente, empregos.
Nos últimos anos, a noção de trabalho se distorceu de maneira tragicômica. O que antes era um espaço de aprendizado, desafios e crescimento virou um campo minado emocional, onde qualquer relação que não corresponda a expectativas irreais é tachada de abusiva, uma fragilização narcísica que transforma dificuldades naturais do trabalho em pequenas tragédias individuais. Prazos apertados viraram exploração, feedbacks são tomados como insultos, líderes que demandam entregas são vistos como opressores. Quando qualquer obstáculo passa a ser culpa da empresa, e não responsabilidade do indivíduo, cria-se um cenário insustentável onde a necessidade de acolhimento irrestrito se sobrepõe ao propósito da organização e à satisfação do cliente, minando a lógica de qualquer negócio.
A real é que trabalho é trabalho. E trabalho em agência de publicidade, por mais estruturado que seja, está sujeito a imprevistos que nem sempre são agradáveis. Sempre haverá gente que se adapta, cresce e aprende. E, infelizmente, haverá quem não se adapta. Agências têm muitos defeitos operacionais, alguns deles insuperáveis, mas fazem parte de um ecossistema que exige visão além da bolha de frustrações pessoais. Ajustes e refações são normais no ofício. Clientes ficam insatisfeitos como em um restaurante, mas pagam muito mais caro. Se a cada ajuste pedido você desaba emocionalmente, talvez o problema não seja o ambiente tóxico, mas a necessidade urgente de terapia e de uma reconexão com a realidade.
E aí entra a grande ironia: enquanto o mercado se debruça sobre as queixas anônimas da planilha, ninguém se preocupa em perguntar o que realmente faz alguém prosperar numa agência. Quem são as pessoas que crescem, que aprendem, que evoluem sem adoecer? Como fazem isso? Quais hábitos, posturas e escolhas contribuem para um ambiente saudável e produtivo? Essas pessoas servem de exemplo? Podemos compreender um padrão replicável?
A questão não é negar que existem problemas. Há, sim, lideranças ruins, processos falhos e ambientes tóxicos. Mas a planilha não reflete isso de maneira equilibrada. Se quisermos construir ambientes melhores, precisamos olhar para quem está fazendo dar certo e reconhecer a força dos que prosperam como um caminho propositivo. São essas pessoas que guardam o segredo para um ambiente saudável, equilibrado e justo para todos. Enquanto insistirmos em construir políticas de trabalho baseadas na voz mais alta, e não nos exemplos mais sólidos, continuaremos reféns da mediocridade disfarçada de revolução.
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