A tecnologia como agente impulsionador da diversidade e da economia
A desigualdade é acentuada no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), porém ela é um reflexo do mercado de trabalho como um todo
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Nossa vida está cada dia mais permeada pela tecnologia, na forma de computadores, smartphones, tablets, entre outros aparelhos e dispositivos. Prova disso são os aplicativos que utilizamos para movimentar nossa conta bancária, pedir uma pizza ou um carro, agendar uma consulta ou até um serviço público. São tantos dados e informações armazenados que não percebemos, e a velocidade em que eles são processados só é possível por estarem na nuvem. Para comportar a demanda de adoção de novas tecnologias e também da nuvem, se faz necessária a preparação de pessoas para operá-las e, consequentemente, é possível perceber o impacto que essa força de trabalho especializada tem na economia.
Para se ter uma ideia, são adicionados ao PIB global US$ 6 trilhões (cerca de R$30 trilhões) quando profissionais adquirem capacidades digitais avançadas, pois isso alavanca a renda e a produtividade. No Brasil, o impacto é de R$ 325 bilhões ao ano, de acordo com o estudo da Amazon Web Services (AWS) e do Gallup que envolveu 19 países. Computação em nuvem, machine learning e desenvolvimento de software estão entre as habilidades de maior peso.
Enquanto não restam dúvidas sobre os benefícios de contar com uma força de trabalho com mais conhecimento técnico em tecnologia, sobram desafios em relação a como preparar profissionais em quantidade suficiente e a como tornar a área mais diversa e inclusiva. De acordo com a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o déficit de talentos a cada ano no Brasil é de 106 mil. A associação também constatou que há pouca diversidade na área: as mulheres são 14,8%. Negros e pardos representam 29,6%, asiáticos 1,4% e indígenas apenas 0,4%.
A desigualdade é acentuada no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), porém ela é um reflexo do mercado de trabalho como um todo. Um estudo realizado pelo Instituto Ethos mostrou que apenas 4,7% da população preta e parda ocupa cargos executivos nas empresas, enquanto as mulheres em posições de liderança são 38%, segundo a consultoria Grant Thornton. Os dados estão por toda a parte.
É fato que, nos últimos anos, a pauta de diversidade, inclusão e equidade ganhou espaço significativo na imprensa e nas organizações. Há boas iniciativas na direção de renovar os processos seletivos, treinar os colaboradores e a comunidade externa, inclusive com esforços de buscar pessoas de grupos vulneráveis para colocá-las em contato com as novas tecnologias, inspirá-las e capacitá-las.
Colaboradores diversos em idade, raça, gênero, orientação sexual e neurodivergentes, entre outros, adicionam novos olhares, perspectivas e vivências para o negócio, o que comprovadamente gera melhores resultados econômicos. Uma força de trabalho de TI mais diversa e inclusiva é também fundamental para minimizar – quem sabe até eliminar – os vieses no desenvolvimento de soluções baseadas em inteligência artificial, por exemplo. A tecnologia não “vê” quem está do outro lado; são seres humanos que criam, implementam e utilizam essas ferramentas. Vivemos um momento crucial no desenvolvimento de novas tecnologias apoiadas em dados, e é nosso dever evitar que elas sejam disseminadoras e perpetuadoras de preconceito e discriminação.
A consciência crescente dessa responsabilidade com as atuais e futuras gerações tem levado grandes empresas de tecnologia a unir forças com clientes, fornecedores e até competidores no esforço de massificar a capacitação em habilidades digitais e incluir grupos sociais subrepresentados. Qualquer pessoa deve ter acesso a treinamento, se este for o seu desejo, e obter o apoio necessário para isso.
Este esforço coletivo precisa se expandir para juntos fazermos mais, melhor e diferente. Só assim seremos capazes de criar um mercado de trabalho menos desigual e uma sociedade mais justa.
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