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Adaptação irreversível

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Opinião

Adaptação irreversível

Você pensa no futuro, mas trabalha o presente com ferramentas do passado?


5 de outubro de 2021 - 16h52

(Crédito: Imaginima/ iStock)

Cada vez mais, precisamos de líderes que tornem os negócios mais inteligentes, inovadores e inclusivos. A grande questão é que, hoje, os problemas que precisam ser resolvidos e as oportunidades que devem ser apreciadas dependem do que o professor da Harvard Kennedy School Ronald Heifetz chama de “desafios adaptáveis”. Isto é, vivemos em um mundo onde não há mais respostas claras ou escolhas óbvias para as situações, às vezes obscuras, que vivemos. Por isso, nunca na história da humanidade, a resolução de problemas dependeu tanto da inteligência coletiva para resolver problemas cada vez mais complexos.

Os “desafios adaptáveis” não são simples. Eles exigem mudança de mentalidade e disponibilidade de O grande ponto daqui em diante é você aprender a prosperar no caos, no curto e médio prazo. Existem habilidades críticas que, se desenvolvidas pelas lideranças, podem ajudar as equipes a entenderem e a valorizarem essa nova realidade. São elas: transversalidade, senso colaborativo, coaching, disposição para mudar aspectos que não condizem mais com a realidade da empresa e empatia. A seguir, eu falo um pouquinho sobre cada um deles.

Transversalidade

Ameaças, oportunidades e novas ideias costumam surgir fora do nosso grupo de trabalho e convívio, por isso é fundamental que os líderes de hoje cultivem relações que lhes permitam se conectar a pessoas e alcançar recursos que, de outro modo, não estariam disponíveis. Além disso, estudos mostram que líderes com redes amplas e diversificadas possuem um desempenho superior àqueles que têm uma rede mais restrita. Eles costumam se envolver em fusões mais produtivas e diversificadas e, assim, tornar suas empresas mais inovadoras.

Normalmente, as novas ideias são absorvidas pelas pessoas que são pontes entre sua especialidade ou unidade de negócios e o universo mais amplo em atuam.

Senso colaborativo

Geralmente, criamos soluções melhores quando tomamos. A inteligência do grupo é mais inteligente que o mais inteligente do grupo.  O problema é que são raras as vezes em que os colaboradores se sentem confortáveis para compartilhar suas ideias, muitas vezes por receio de que suas contribuições sejam julgadas, ridicularizadas ou não compreendidas. Um ambiente colaborativo pode promover o que chamamos de segurança psicológica, e, dessa forma, aumentar o desempenho de toda a equipe. Sentir-se à vontade para expor sugestões, descobertas e invenções, é uma condição necessária para conduzir uma empresa e mais importante que a tecnologia, as soluções digitais e metodologias é a cultura de colaboração e a entrega de valor para o cliente. Lembre-se: a inovação e as grandes transformações nascem da cultura de dizer: SIM. Inovação vêm da cultura de desafiar o status quo e para isso… você precisa criar um espaço de diálogo aberto

Entretanto, criar um espaço de diálogo aberto e construtivo pode exigir um estilo de liderança diferente daquele exercido por executivos que, historicamente, tiveram suas carreiras construídas com base em uma postura de defesa vigorosa. Por esse motivo, adicionar um estilo de liderança de coaching ao repertório de um executivo também é fundamental.

Coaching

Espera-se que um verdadeiro líder seja um facilitador do desenvolvimento e do processo de aprendizagem de uma equipe. Coaching tem a ver com treinamento e orientação, e não com ordens ou instruções. Assim como outras qualidades aqui já mencionadas, tornar-se um coach é parte integrante de uma estrutura de aprendizagem e, assim como qualquer outra habilidade, precisa ser ensinada, modelada e apoiada pela cultura da empresa.

Disposição para mudar aspectos que não condizem mais com a realidade da empresa

Para permitir que mudanças profundas aconteçam, os líderes de uma empresa precisam identificar e corrigir processos, sistema e rituais que, muitas vezes estão de acordo com valores do passado, mas que não correspondem mais ao momento atual da organização. Muitas vezes, é necessário eliminar mensagens erradas e práticas obsoletas que minam o esforço de transformação de uma empresa.  Isso significa que o Marketing é o mercado em movimento. E, para entregar valor, é imprescindível acompanhar essa velocidade, sendo que a estratégia necessita estar conectada com o atual contexto: cliente x seu potencial. Uma estratégia bem-sucedida leva uma empresa a compreender a “satisfação do cliente” e não apenas a “aspiração” dele. Vale lembrar ainda que a concorrência é sempre implacável, principalmente com as marcas que estão em uma posição favorável e ficam acomodadas.

Empatia

Se você perguntar para qualquer profissional quais qualidades são fundamentais para os líderes de hoje em dia, não tenha dúvida de que a palavra empatia virá à tona. Hoje, mais do que nunca, quem você é e como você se conecta com os outros é fundamental. O desenvolvimento deste tipo de capacidade de liderança pessoal requer certo grau de vulnerabilidade e, por isso mesmo, é um ato de coragem. Por outro lado, é um processo que garante uma autoconsciência certa e crescente, que possibilita aos líderes, extrair lutas e lições de vida valiosas e compartilhá-las com outros indivíduos, gerando, muitas vezes, empatia, identificação e conexão.

As grandes mudanças dos próximos dois anos na sociedade e no mercado desafiarão as organizações a desenvolverem novas maneiras de operar. Umas das tarefas mais difíceis para os líderes de hoje é resistir ao impulso de fornecer liderança na forma de respostas, quando o que se espera dos grandes executivos é poder de mobilização para o enfrentamento de desafios de caráter não técnico, mas de adaptação, o que reforça a importâncias das velhas e novas lideranças terem um caráter transversal, colaborativo, orientacional, adaptável e empático.

*Crédito da foto no topo: Pexels/ Francesco Ungaro

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