Afinal, o que quer dizer sermos mais humanos?
Muitos falam sobre o que é preciso ser feito, mas não indicam os caminhos de como promover as mudanças necessárias
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Nos festivais de inovação pelo mundo, incluindo o SXSW 2025, um mantra se repetiu em meio à onda da inteligência artificial: o ser humano precisa ser ainda mais humano. Mas o que significa, na prática, sermos mais humanos?
O problema é que ouvimos muito sobre “o que” precisamos ser e fazer, mas pouco sobre “como” tornar isso tangível. Como isso se traduz no nosso dia a dia, nos nossos trabalhos, nas nossas relações e na forma como lideramos? Segundo os últimos dados do World Economic Forum, sabemos que 92 milhões de funções desaparecerão, mas 170 milhões de novos empregos surgirão. Isso significa que não se trata apenas de adaptação das nossas habilidades ao mercado, mas de uma completa reinvenção. E, nesse ponto, nos deparamos com um obstáculo crítico: nossa incapacidade de lidar com mudanças complexas.
O conceito de Metacrise, trazido por Ernesto van Peborgh, descreve precisamente o momento que estamos vivendo: um colapso sistêmico gerado pela desconexão entre a velocidade das mudanças e nossa capacidade de absorvê-las. A tecnologia evolui exponencialmente, mas nossas mentes e estruturas seguem operando de forma linear.
Os dados confirmam essa dissonância quando vemos que somente 23% dos funcionários se sentem engajados no trabalho, 71% dos gestores seniores consideram as reuniões improdutivas e uma descrente taxa de inovação das indústrias ano após ano. A aceleração exponencial da IA e da automação nos coloca em um ponto crítico: ou evoluímos nossa mentalidade e nossos sistemas ou seremos esmagados pelo colapso da nossa própria inércia.
A resposta para esse desafio está em fortalecer nossas outras inteligências humanas, que vão muito além da tradicional inteligência cognitiva (como a inteligência lógica ou técnica) que a IA não consegue replicar. Essas inteligências nos permitem explorar nosso potencial pleno, não apenas adaptando-nos à IA, mas usando-a para expandir nossa experiência e capacidade de inovação.
O que muda no nosso dia a dia quando falamos em sermos mais humanos num mundo automatizável? Mudam as conversas, a forma como lideramos, o jeito como nos relacionamos e até como tomamos decisões. Mudamos do “fazer mais rápido” para o “fazer melhor”. Do “controlar processos” para “criar experiências”. Da “produtividade a qualquer custo” para o “crescimento sustentável e humano”.
A tecnologia está aqui para amplificar o que somos. Se queremos ser mais relevantes do que nunca precisamos potencializar o que nos faz únicos, sentir, imaginar e transformar. E esse, talvez, seja o verdadeiro significado de sermos mais humanos na era da IA.
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