Além do discurso
A comunicação intencional constrói empresas mais diversas e resilientes; saiba como implementá-la
A comunicação intencional constrói empresas mais diversas e resilientes; saiba como implementá-la
Ao longo dos últimos anos, a construção de ambientes corporativos mais diversos e inclusivos tem promovido impactos concretos para os negócios, impulsionando a inovação, a resiliência e a competitividade. Empresas que adotam práticas voltadas à equidade comprovadamente fortalecem sua cultura organizacional e ampliam sua capacidade de atrair e reter talentos, criando espaços de trabalho mais justos e produtivos.
A recém-lançada pesquisa Sem Atalhos, da Bain & Company, confirma que a diversidade é fortemente reconhecida como um fator essencial para melhores resultados empresariais. Cerca de 80% dos mais de 1.000 respondentes da pesquisa concordam que companhias com lideranças mais diversas usufruem de maior potencial de sucesso. O estudo também elenca os benefícios de lideranças mais diversas para os negócios: organizações com esse perfil têm maior probabilidade de serem vistas como mais insurgentes, resilientes e com foco na linha de frente, além de terem um NPS dos colaboradores três vezes maior.
Pelo estudo, fica claro que houve um avanço significativo na representatividade feminina nas empresas, mas ainda há bastante espaço para melhorar. É um tema transversal a todos os setores, mas acredito que a área de Comunicação Corporativa tem uma contribuição especial a dar, já que colabora com a disseminação e consolidação da cultura corporativa. Uma das principais recomendações da pesquisa é comunicar com intenção.
Destaco algumas estratégias de comunicação que podem ser poderosas aliadas na construção de um ambiente de trabalho mais equilibrado:
Há mais de duas décadas, promovemos internamente iniciativas para gerar novas oportunidades de crescimento para minorias, incluindo a criação de um grupo de afinidade voltado para mulheres, e programas de mentoria para mulheres. A participação ativa nesses espaços fortalece a troca de conhecimento.
A comunicação tem um papel essencial na visibilidade dessas ações, divulgando a sua importância e estimulando conexões entre mulheres de diferentes setores. Elas têm acesso a programas de capacitação, eventos e fóruns especializados que estimulam o desenvolvimento profissional e ampliam as perspectivas de carreira.
A divulgação constante de programas de mentoria e redes de apoio garante que mais profissionais conheçam e participem dessas oportunidades. Esse movimento fortalece a adesão interna e consolida a empresa como agente ativo na promoção da equidade de gênero.
Garantir que benefícios como modelos flexíveis de trabalho e licença-maternidade estendida sejam amplamente conhecidos e compreendidos contribui para um ambiente mais inclusivo e favorável ao desenvolvimento de carreiras no longo prazo. Eles têm um impacto direto no equilíbrio entre vida pessoal e profissional, um dos aspectos mais valorizados pelas mulheres que desejam atingir os cargos mais altos das organizações.
Suporte à maternidade e outras políticas que apoiam a diversidade devem ser percebidas não apenas como benefícios, mas como valores centrais para o propósito da empresa.
Ao tornar essas iniciativas visíveis, é possível fortalecer o engajamento e consolidar a companhia como um espaço que valoriza diferentes trajetórias profissionais, reforçando o compromisso com um ambiente de trabalho mais equitativo e alinhado às necessidades reais dos times.
Quando disseminamos mensagens e informações sobre equidade de gênero internamente, ampliamos o alcance do tema e promovemos a conscientização de colaboradores e gestores.
A realização de workshops e distribuição de materiais educativos amplia o conhecimento sobre a equidade. Essas iniciativas criam espaços para discussões estruturadas, promovem o compartilhamento de experiências e incentivam a adoção de práticas mais inclusivas. O acesso contínuo a esses conteúdos contribui para a consolidação de uma cultura organizacional alinhada a princípios de diversidade.
O endosso da alta liderança tem um papel decisivo nesse processo. Quando executivos apoiam publicamente a equidade de gênero, esse posicionamento influencia diretamente o engajamento interno. Esse respaldo facilita a implementação de mudanças estruturais e reforça a responsabilidade coletiva na construção de um ambiente mais acessível a diferentes perfis profissionais.
A pesquisa da Bain indica que companhias com lideranças diversas são percebidas como mais inovadoras e abertas a novas soluções. Assim, a comunicação tem um papel estratégico em destacar externamente as mulheres em posições de liderança, reforçando sua representatividade e evidenciando sua atuação.
No relacionamento com a mídia, há também oportunidades para destacar mulheres líderes como porta-vozes da empresa. A participação em entrevistas para veículos de grande circulação e publicações especializadas amplia sua visibilidade e seu impacto no setor, o que fortalece sua autoridade e consolida sua influência no mercado de atuação.
Incentivar a participação de executivas especialistas em conferências e fóruns é outra forma de consolidar sua presença nesses espaços, criando referências para que mais mulheres se enxerguem nessas posições. Além de fortalecer redes profissionais e promover a troca de experiências, essa representatividade enriquece os debates com perspectivas diversas, tornando as discussões mais completas e alinhadas à realidade do mercado.
A comunicação é uma ferramenta poderosa para impulsionar a equidade de gênero nas organizações. Quando bem direcionadas, essas iniciativas fortalecem o engajamento interno e elevam a percepção da companhia no mercado, além de contribuírem para uma transformação cultural real. Cabe aos comunicadores liderar essa agenda, garantindo que a diversidade seja cada vez mais colocada em prática. Como sua empresa tem utilizado a comunicação para promover um ambiente mais inclusivo?
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