As gigantes digitais chinesas chegando às lojas do seu bairro
América do Norte e Europa: fiquem atentos aos BATs – Baidu, Alibaba e Tencent
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Em 2010, quase todas as startups que chegaram a unicórnios vieram da América do Norte ou Europa, ao passo que as histórias de sucesso chinesas não apareciam com tanta frequência; Alibaba ainda não era listado na Nasdaq e a plataforma social da Tencent, o Wechat, ainda nem existia. A reputação chinesa ainda era a de produção de “cópias” de materiais ocidentais. Só que os tempos estão mudando.
Segundo os dados do CB Insights, um em cada três unicórnios (startups que atingem o valor de mercado de US$ 1 bilhão) atuais foram criados na China. As maiores gigantes da tecnologia do País — Baidu, Alibaba e Tencent (ou BAT, conforme anagrama) — têm uma influência nas bolsas de valores da China parecida com as de Facebook, Amazon, Netflix e Google (ou FANG) têm nos Estados Unidos. Elas são grandes: todas estão entre as dez maiores companhias de internet do mundo, se levarmos em conta a capitalização de mercado.
Elas são cheias de dinheiro, inovadoras, e investem ativamente em novos negócios. Na realidade, os BATs estão envolvidos em praticamente todos os investimentos em internet que chegaram a ter alguma relevância.
O Baidu é a ferramenta de busca mais famosa na China, tanto no desktop quanto no mobile. Eles detém mais de 80% do segmento no País. Assim como o Google, o Baidu oferece serviços de mapas, tradução e armazenamento em nuvem. Além disso, atualmente a empresa está desenvolvendo um carro autônomo. Neste ano, o Baidu abriu o código fonte de sua plataforma neste segmento para acelerar o progresso da tecnologia.
Ao contrário do Google, o Baidu investe fortemente em serviços Online to Offline (O2O), que permite aos usuários se conectar com atividades próximas via aplicativos baseados em geolocalização. Entretanto, o Baidu está atrasado em comparação com seus competidores chineses. Dentro do setor de serviços de transporte, por exemplo, a empresa investiu primeiro no Uber China, em dezembro de 2014. Seus rivais, Alibaba e Tencet, por outro lado, investiram no Kuaidi Dache e Didi Dache, respectivamente, já em 2013. O Baidu também investiu US$3,2 bilhões no Nuomi, o terceiro maior site de compras coletivas da China, mas a aquisição acabou se tornando apenas um competidor marginal do líder do mercado, o Meithuan-Dianping.
O Baidu tem sido criticado por não ser capaz de diversificar suas fontes de renda. Apesar de que a receita de vídeo do iQiyi ter alcançado US$1,6 bilhão no ano passado (16% da verna total), a ferramenta ainda está perdendo dinheiro. Seu lucro depende majoritariamente em publicidade.
O Baidu pretende aumentar seu público além da China. As regiões preferidas da companhia são: sudeste da Ásia, América do Sul, e o mundo árabe. A empresa afirma que já está presente em mais de 200 países. Ano passado, entretanto, 99% da receita do Baidu veio da China. O Google, por outro lado, gerou menos da metade de sua receita nos EUA.
Alibaba – a Amazon da China
A maior parte dos ocidentais sabem muito pouco sobre o Alibaba, exceto que é a Amazon da China. Isso não está completamente errado; assim como a Amazon, o crescimento do Alibaba está largamente ligado ao seu serviço de e-commerce, complementado por cloud services. Além disso, ambas dominam seus mercados nacionais. Mas ao contrário da Amazon, o Alibaba não é um vendedor. “O Alibaba não é uma empresa de e-commerce, é um catalizador de e-commerce”, afirmou Jack Ma, o fundador da empresa, durante o Bloomberg Global Business Forum, em Nova York, quando foi comparado à Amazon.
O Alibaba tem um ecossistema de plataformas mais complexo que a Amazon, incluindo o Taobao.com (c2c), Tmall.com (b2c) 1688.com (b2b) e o aliexpress.com (portal internacional). Além de seus próprios sites de e-commerce o Alibaba também é dono de um serviço similar ao PayPal chamado de Alipay – um player dominante no universo online. O Yu’e Bao, que faz parte do portfólio da empresa, permite que consumidores invistam e guardem “trocos” de carteiras digitais em um fundo que gere dividendos. Com o Ant Financial, a companhia também provê acesso à crédito aos consumidores e pequenos negócios via Sesame Credit – que calcula pontuações de crédito baseado em compras anteriores. Em suma, o Alibaba está transformando as formas de pagamentos chinesas e a indústria de microfinanciamento.
O Alibaba tem menos lucro do que seus concorrentes globais, sendo que a sua fonte de receita está na cobrança de taxas em transações e anúncios; 60% do montante total vem do Alimama, sua plataforma publicitária. Isso também faz com que a sua margem de lucro líquido seja excepcionalmente alta.
Apesar das diferenças óbvias, Alibaba e Amazon continuarão sendo comparadas. Elas continuaram a batalha para se tornam o maior e-commerce do mundo em capitalização de mercado. Em outubro de 2017, depois de mais de dois anos, a capitalização de mercado do Alibaba passou a da Amazon por um período pequeno de tempo. Já que tanto a Amazon quanto o Alibaba querem expandir internacionalmente, a batalha entre os dois só vai se intensificar. Recentemente, o Alibaba lançou o novo Tmall Genie – um assistente de voz – como um desafio direto ao Echo, da Amazon. Do outro lado, a compra da Whole Foods pela companhia de Bezos pode ser vista como uma tentativa de mudar completamente a experiência de compras em mercados, de forma muito parecida com o que foi feito pelo Alibaba com a Hema na China. O próximo front de batalha será o sudeste asiático, onde acredita-se que o e-commerce ainda está fragmentado e em estágios iniciais de desenvolvimento.
Tencent – o Facebook da China
A Tencent é conhecida, principalmente, por suas plataformas de mensagem instantânea e mídia social – Wechat e QQ, cada uma com quase um bilhão de usuários ativos. Assim como o Facebook, a Tencent tem diversificado seus serviços para além das mídias sociais e aplicativos de conversação. Os outros negócios da empresa estão indo impressionantemente bem. Seu serviço de pagamento online, “Tenpay”, está diminuindo a distância do líder do mercado, o Alipay. O portal de entretenimento da Tencent é um dos maiores da China. Eles estão expandindo o e-commerce do Wechat e se tornaram o maior acionista da JD.com, a segunda maior empresa nacional do ramo.
Ao contrário do Facebook, a Tencent é uma gigante também na indústria dos jogos. Segundo a Newzoo, a empresa é o maior Publisher de games do mundo por receita de jogos. Atualmente, a Tencent é dona de 13% do mercado global de vídeo games. O “Honour of Kings”, da Tencent, é o jogo de mobile mais rentável do mundo. A Tencent também está investindo fortemente na aquisição de desenvolvedoras de games globalmente. Em 2013, a empresa investiu na Epic Games. Em junho de 2016, eles compraram 84% das ações da Supercell, que criou o jogo Clash of Clans, por US$8,6 bi. Foi um recorde no valor de uma aquisição de produtoras de games.
Sem surpresa, a maioria da renda do Facebook vem de anúncios, a maioria deles exposta no mobile. Essa não é a realidade da Tencent. Mais de metade de sua renda vem de jogos online. Anúncios só contam por 14% da renda total da empresa – incluindo publicidade de outras empresas do grupo, como a QQ Vídeo.
Conforme os BATs começam a saturar o mercado chinês, é inevitável que eles passem a procurar por outros mercados para crescer. Seus primeiros movimentos foram regionais, no sudeste asiático e na Índia. Entretanto, eles mantêm seus olhos nos gigantes e lucrativos mercados da Europa e da América do Norte. Os BATs provavelmente entrarão nesses mercados com um marketing agressivo e fortes propostas de valor. Players locais devem se preparar para uma ampla e cara batalha.
*O artigo foi escrito com a colaboração de Jialu Shan, pesquisador associado ao Global Center for Digital Business.
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