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Opinião

As mídias sociais são espaços de liberdade?

Se, de um lado, sinaliza propostas de transparência, de outro, passado de Elon Musk indica conceitos de liberdade de expressão particulares quando a opinião é contrária à sua


24 de maio de 2022 - 6h00

Nas mídias sociais qualquer pessoa pode ser um produtor de informações e opiniões. A capacidade de viralização de conteúdo nas plataformas possibilita que informações de um indivíduo ou grupo alcancem milhões de pessoas rapidamente.

Essa nova realidade teve impactos sísmicos na comunicação e na forma das pessoas obterem informações, influenciando diretamente na formação da opinião pública em diversas áreas como: eleições, negócios e valores difundidos na sociedade. Portanto, é fato que as plataformas de mídias sociais se tornaram um dos pilares das relações na sociedade moderna.

 

Quando discutimos liberdade de expressão nas mídias sociais, o desafio crítico e concreto é: quando, como e por que moderar (Crédito: Shuttterstock)

Dentro desse contexto, a questão da liberdade de expressão individual tem dilemas que não existiam. Como garantir a liberdade de expressão de ideias e, ao mesmo tempo, limitar a difusão de discursos de ódio ou fake news que podem ser nocivos para a própria sociedade?

A possível aquisição do Twitter por Elon Musk reacendeu o debate sobre esse tema. Ao se afirmar como um “absolutista da liberdade de expressão” e sinalizar que fará mudanças na plataforma, ele se colocou no centro da discussão.

Por um lado, suas propostas de divulgar os algoritmos – que definem a difusão de um conteúdo – e eliminar com os robôs na plataforma estão na direção positiva de maior transparência. Por outro, suas ações passadas indicam que seus conceitos de liberdade de expressão são particulares quando a opinião é contrária à sua perspectiva.

A princípio, Musk parece mais interessado na capacidade de influenciar narrativas do que no potencial de gerar lucro. Nas palavras dele: “Eu não me importo com os números financeiros [do Twitter]”. Afinal, o Twitter é o “patinho feio” entre as big techs e não tem entregado um lucro consistente. Se entendermos as plataformas de mídias sociais como um veículo de comunicação ou de influência da opinião pública, o movimento de Musk não é nada diferente do que bilionários fizeram no passado ao comprarem jornais e conglomerados de comunicação.

Um dos paradoxos das novas tecnologias é a destituição dos antigos guardiões da informação, como magnatas da mídia, mas a criação de novos. Musk se junta a Mark Zuckerberg da Meta, Sundar Pichai do Google, Shouzi Chew do TikTok e Tim Cook, da Apple. Alguns poucos líderes empresariais têm enorme influência sobre conceder ou negar acesso a plataformas e a forma que informações serão ou não difundidas. A compra do Twitter por Musk não vai mudar isso. Podemos não querer que esse punhado de pessoas tenha tanto poder, mas a realidade é que eles têm.

Neste sentido, quando discutimos liberdade de expressão nas mídias sociais, o desafio crítico e concreto é: quando, como e por que moderar. E ainda qual seria o processo e as pessoas que fariam essas escolhas?

Liberdade de expressão é diferente de liberdade de agressão. A partir do momento em que uma “opinião” protege, compactua ou fomenta ideias nazistas, racistas ou homofóbicas ela coloca em risco a vida de uma pessoa ou de uma comunidade. Sim, ideias e narrativas formam um pano de fundo perigoso que pode levar a consequências trágicas.

O Twitter e outras plataformas estão em posição de prejudicar potencialmente a liberdade de expressão e a democracia quando intervêm demais no que as pessoas publicam online e quando não o fazem. Como sociedade, precisamos de um debate profundo, transparência das empresas e regulamentação adequada para termos equilíbrio entre o debate saudável de ideias versus a difusão de ódio e de desinformação nociva à sociedade.

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