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Opinião

Assim como não existe jantar grátis, toda informação tem seu preço

As modernas ferramentas de marketing digital e marketing de influência vão nos achar onde estivermos, queiramos ou não


2 de maio de 2018 - 18h16

Ter todas as informações que a gente precisa na ponta dos dedos é muito prático. Para isso é maravilhoso contar com a ajuda do Google, das redes sociais e dos grupos de WhatsApp. Mas como tudo na vida, publicar as coisas bacanas que estamos vivendo, produzindo e consumindo também pode ter dois lados. Quem quer informação, precisa dar informação e quem dá informação, se expõe. Mas será que vale a pena? É possível se proteger?

Segundo uma pesquisa de mercado realizada em maio de 2017 pelo Kaspersky Lab, apenas 7% da população não compartilha dados digitalmente. Dentre os meios de vazamento mais comuns entre quem compartilha, 47% são nos smartphones, 52% nos computadores e 20% nos tablets. Ainda segundo a pesquisa, além da perda de dados, os usuários que compartilham informações também têm seus equipamentos ‘’hackeados’’. Os dados apontam que 51% tiveram invasões nos eletroeletrônicos, 17% tiveram seus settings alterados sem consentimento e 14% tiveram infecções por vírus. Assustador, não é mesmo? Mas faz parte do jogo.

A relação “Cambridge Analytica x Facebook x eleição do Trump”, mostrou um novo lado do vazamento de informações: a manipulação da opinião pública. Vale lembrar que antes das eleições presidenciais, o Senador Ted Cruz sugeriu, ao então candidato Donald Trump, que contratasse uma empresa de análise de big data, a Cambridge Analytica, com o intuito de ajudar no desenho da estratégia digital para o engajamento de eleitores. A Cambridge, por sua vez, prometeu montar um discurso sob medida baseado no perfil das redes sociais e no comportamento digital de cada eleitor. Uma espécie de perfil psicográfico do eleitor. Hoje sabemos que não houve mágica durante o processo, apenas falta de ética. A venda de dados de 87 milhões de usuários do Facebook para a Cambridge Analytica, a alta tecnologia, com poderosas plataformas de análise de informações colocadas nas mãos de super profissionais de data science, ou ciência de dados.

O mau uso de um recurso não o torna ruim, uma arma pode ser usada para defesa ou ataque. Não é o uso de dados do público que é ruim, mas sim o mau uso dessas informações. Nossas informações já são públicas, em maior ou menor grau. Se a gente não se expõe no Instagram, por exemplo, alguém o fará pela gente. As bases de dados de grandes empresas de telefonia, companhias aéreas, bancos e varejo já são uma mercadoria comercializada entre empresas e setores. As modernas ferramentas de marketing digital e marketing de influência vão nos achar onde estivermos, queiramos ou não. As ferramentas de ciência de dados e análise de comportamento, com seus profissionais altamente qualificados, os mesmos que trabalham em empresas como a Cambridge Analytica, já estão procurando nossos dados e classificando-os em perfis-alvo para determinadas ações.

Em breve, as marcas poderão tirar vantagem de toda essa tecnologia para se aproximar de seus clientes e de seu público-alvo oferecendo, com uma precisão a laser, informações úteis, produtos com fit 1-to-1 e respostas super rápidas a problemas apresentados. Hoje a Cambridge Analytica é uma raridade cara e sofisticada, mas nos próximos cinco anos todos os grandes institutos de pesquisa de opinião, agências de marketing digital e grandes empresas terão seus próprios times de ciência de dados.

Fala-se muito na quarta onda tecnológica apoiada em IoT (Internet das Coisas), IA (Inteligência Artificial) e Computação em Nuvem. Mas essa onda só poderá ser viabilizada por meio da ciência de dados, que ajuda a aproximar marcas e clientes colocando-os lado a lado com o consumo consciente e as ofertas inteligentes, desenvolvidas on demand. Nesse momento, os consumidores saberão exatamente o que esperar e demandar de cada marca, da mesma forma que as marcas saberão exatamente o que os consumidores esperam delas. Obviamente, essa equação terá final feliz.

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