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Assim nascem as mudanças

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Opinião

Assim nascem as mudanças

Mudar é difícil, mas dá para entender facilmente de onde vem a mudança. Os gatilhos estão aí para quem abre espaço e alimenta movimentos


25 de maio de 2022 - 10h00

Crédito: Shutterstock

7h da manhã, toca o despertador, você precisa acordar.
Normalmente você acorda às 8h, mas hoje tem reunião então antecipou seus horários. Café, banho, aquela coisa toda. Todos os dias acordamos para os compromissos. Já pararam pra pensar a natureza desses eventos? De forma concreta, o que te tirou da cama hoje?

Na maioria dos casos, a resposta está atrelada a uma demanda de terceiros para atender papéis que você exerce. Coisa estranha essa, né? A gente se mobiliza para demandas externas e raramente conseguimos ter o mesmo compromisso para os nossos planos. Fomos educados assim? Não sei, mas claramente nosso foco está em atender obrigações e não associar a gente como uma delas.

Guarda essa informação, eu juro que volto aqui, mas agora quero contar outra coisa.

Eu sempre gostei de mudança. E por gostar disso, me dá prazer ser gatilho de movimentos de outras pessoas. E funciono assim desde sempre, algo meu. Não à toa montei uma empresa que basicamente oferece processo que permite mudança.

Ao longo da vida, das mudanças que fiz ou vi acontecer, eu sempre fiquei intrigado sobre qual o primeiro passo do movimento. Afinal: por que uma mudança começa? E entre estudos, papos, livros e mais livros, percebi que mudar é difícil, mas saber de onde vem a mudança é evidente.

Todas as mudanças nascem de apenas 2 gatilhos: inspiração ou incômodo. Sentimentos opostos que funcionam com a mesma força mobilizadora para que, a partir daquele momento, algo se renove.

A inspiração é mais gostosa, vem trazendo sensação positiva. Pode acontecer de surpresa, pode vir de fora ou simplesmente é algo que a gente corre atrás, em fontes que nos despertam. Pessoas, conteúdos, eventos, conversas, viagens, estudos, rituais…

Já o incômodo é um processo chato. Requer saber sofrer um pouquinho com aquela coisa embrulhada no estômago, invadindo exageradamente pensamentos. Requer uma consciência de aceitar que tem o problema e processar na esperança de que isso pode levar a um lugar melhor.

Aliás, você sabia que a jogadora Marta mudou de vida quando na sua cidade a proibiram de jogar? Assim como J. K. Rowling e até o Einstein virou Einstein quando encheu o saco de ser rejeitado pelos professores.
Seja esse gatilho positivo ou negativo, as pessoas precisam dele pra se movimentar. É um ou outro, não tem terceira via.

A mudança só começa se você estiver na sua agenda.

Mas o que isso tem a ver com aquela história de que não colocamos a gente como prioridade ao acordar? É aqui que está o pulo do gato.

Nossa vida é cheia de inspirações e incômodos mas não é todo mundo que tá com o ouvido disponível para perceber como ponto de virada.

Para saber se está no caminho certo ou errado do plano, tem que ter tempo de encarar você como um compromisso tão importante quanto os teus outros compromissos.

Gatilhos não faltarão, mas muita gente acaba se ocupando em outros lugares, justamente para não enfrentar o que nos apavora: a incerteza do que a mudança trará. Nossos medos tentam nos distrair para não abraçar os incômodos que assustam. Se existisse garantia de mudança para melhor ninguém ia precisar de gatilhos.

Só muda quem se inspira ou se incomoda.

E só se inspira ou incomoda quem tem a si mesmo na agenda.

Você tá inspirado, incomodado ou parado?

Se olharmos para o nosso mercado fica claro que todo mundo tá cheio de desejos de mudança e, ao mesmo tempo, pouca gente consegue foco para realizar essas projeções.

Estamos em um mundo louco e numa indústria criativa que nos desafia todos os dias com novos hábitos, formatos e excesso de coisas. Como ser original se parece que tudo foi feito? Como conduzir as coisas diferentes se estamos apertados? Como vou reinventar o que produzo se não tenho tempo de conceber?

Quebrar o comportamento reativo do fluxo diário é fundamental para os primeiros passos da mudança. Seja para uma escuta ativa das dores, acolhimento do incômodo ou para uma atitude ousada que abre espaço para a inspiração chegar.

E então, por qual motivo vai acordar amanhã?

Hoje quando o dia terminar, sente no sofá da sua casa.

Pegue um papel, pense nas tuas mudanças e faça uma lista das 5 mais importantes que fez na vida. Do lado delas, escreva qual foi o gatilho que ativou o movimento.

Deixa eu ver se adivinhei: super inspiração ou algo tava incomodando demais.
Depois pode pegar uma taça de vinho para brindar uma possível mudança que vem por aí ou então para esquecer que daqui algumas horas vai acordar para tocar o barco como está.

Outra coisa importante é pensar que você pode também ser a inspiração ou incômodo de alguém. Deve conhecer alguém que você tem certeza que tá precisando chacoalhar. Pensou em nomes agora mesmo, né?
Resistir à segurança de deixar pra depois é um começo do reexistir. Resistir para reexistir.

E o primeiro passo da mudança você já sabe de onde vem.

É um ou outro.

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