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Aumentam o interesse e a audiência para o jornalismo com a chancela de marcas reconhecidas pela excelência na atividade
Aumentam o interesse e a audiência para o jornalismo com a chancela de marcas reconhecidas pela excelência na atividade
10 de fevereiro de 2020 - 11h28
Em um encontro no final do ano passado, entre colegas da faculdade, falávamos sobre a aversão manifesta do atual presidente pela imprensa, gerando um clima de desconfiança e impondo descrédito à profissão junto a uma parcela relevante da população. Uma delas contou que, recentemente, ao ser apresentada por uma amiga, foi descrita com um singelo “ela é jornalista, mas é do bem”. Duas pessoas, na mesma roda, disseram ter passado por experiência semelhante. Rimos, claro — com desconforto.
O propósito a reger o ofício do jornalismo é universal: revelar informações de interesse público, com isenção e equilíbrio na escolha das fontes que validarão a apuração. Obviamente, como em qualquer outra profissão, existem os bons jornalistas e os maus jornalistas. Essa análise, no entanto, quando parte de um ponto de vista político, raramente é baseada em quesitos técnicos. Bom jornalista, como regra nesta situação, é aquele que endossa posicionamentos e atitudes com os quais se concorda. Quem revela casos que implicam o grupo com o qual se simpatiza tem suas intenções questionadas, em um recurso utilizado independentemente da ideologia — basta lembrar dos antecessores de Bolsonaro na cadeira de chefe de Estado, tão opostos no campo político ao atual presidente, mas muito semelhantes no desprezo pela imprensa, quando colocados em situação crítica.
Essa estratégia é arriscada, pois põe em xeque um dos freios mais eficientes para manter o equilíbrio na equação de forças da sociedade em uma democracia. Na hora de apurar e publicar uma reportagem, não cabe aos veículos nem ao jornalista pensar se a notícia se adequa a um dos projetos propostos para a Nação. Em outra frente, grupos de influência política se aproveitam da quebra do monopólio nos meios de comunicação, com o advento das plataformas digitais, que propiciou a democratização da produção, curadoria e difusão de informação, mas também ampliou o território para conteúdos sem nenhum compromisso com a verdade se passarem por notícias — fator que contribui para confundir ainda mais a percepção e análise do público.
Em contrapartida, e talvez até como uma consequência a esse movimento, tem aumentado a audiência para o jornalismo com a chancela de marcas reconhecidas pela excelência na atividade. Os números de 2019, recentemente divulgados pelo IVC, apontaram o quinto crescimento consecutivo no volume total de assinantes dos principais jornais do País, embora ainda abaixo da soma registrada por nove deles em 2014 — a partir do ano seguinte, foi ampliado consideravelmente o tamanho dos descontos aceitos nos valores das assinaturas que o instituto contabiliza, como ponderado pelo jornalista Fernando Rodrigues, do Poder 360. Cabe ressaltar que, dos três maiores, Globo e Estadão aumentaram a circulação na comparação com 2014.
A reportagem de capa da edição impressa desta semana de Meio & Mensagem mostra como a chegada da CNN ao Brasil movimenta a concorrência entre os canais especializados na TV por assinatura. Com estreia marcada para março, o canal de origem norte-americana investiu pesado tanto em estrutura quanto para formar uma equipe de profissionais farta em qualidade e quantidade, proporcional ao tamanho do desafio e da reputação da marca, que é referência internacional em conteúdo jornalístico. Vai disputar audiência com canais já consolidados no segmento e pertencentes a grupos nacionais tradicionais, como a líder GloboNews, a Record News e a BandNews.
Enfim, há algumas boas notícias para o jornalismo.
*Crédito da foto no topo: Reprodução
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