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Cantando na chuva

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Opinião

Cantando na chuva

Marketing é, e sempre foi sobre fazer mais com menos, mas é na atitude, que a gente consegue sucesso mesmo quando não faz sol


4 de abril de 2024 - 14h00

Sempre me perguntam qual é o tamanho do nosso orçamento, quase como um elogio disfarçado de “vocês devem ter muito dinheiro para fazer tudo isso”. Orgulhosamente, respondo que não é sobre isso. Mesmo. E que ser a marca eleita uma das mais criativas do ano exigiu de nós outras atitudes.

Entendam: dinheiro não é uma barreira intransponível, assim como a coragem que você coloca no trabalho não deve ser. Ideias que se acomodam na zona de conforto, que checam todo o check list de “boas práticas” tendem a ser chatas. E o chato facilmente desaparece em meio a tudo. Não engaja, não marca, não converte.

Ideias que ressoam e criam conexões genuínas emergem quando estamos atentos aos sinais do mundo, sejam eles os mais simples ou complexos. Coisas grandes que fazemos na maioria das vezes surgem de uma conversa casual no WhatsApp, de um bate-papo no café e, principalmente, da leitura diária dos comentários de consumidores nas redes sociais.

Raramente uma ideia fascinante brota de apresentações com mais de 130 slides com gráficos complexos.

Um outro ponto importante é que no cerne do nosso processo criativo está a incessante busca por uma boa história. Embora isso pareça simples em conceito, é um dos principais desafios e que deveria ocupar boa parte da criação de grandes projetos de comunicação. É isso, se você tivesse que levar algo desse texto, lembre-se de se dedicar a uma boa história. Somente quando tiverem essa certeza, considerem os meios, os formatos, a celebridade global, a inteligência artificial, e por aí vai… Esses elementos devem estar a serviço (!) de amplificar uma história interessante, não o contrário. Essa é uma lição que poderia ser compartilhada com os criadores de certos anúncios do Super Bowl deste ano – ou serei o único que sentiu a ausência de substância por trás do estrelato de cachês estratosféricos e de produções milionárias?

Olhando para as ideias que colocamos na rua nos últimos três anos, outro ponto é crucial: ideias boas não são aprovadas em comitês com dez pessoas. Lembre-se que para liderar revoluções em marketing, provavelmente você não vai agradar 100% das pessoas. Com isso em mente, saiba que errar também faz parte do nosso processo e, se não der certo, a gente aprende. Se funcionar, a gente tenta fazer melhor na próxima vez.

E falando de pessoas, com a permissão de todos os clichês, aqui acho que está o principal segredo disso tudo. Boas ideias dependem de indivíduos apaixonados, que confiam uns nos outros e que são vulneráveis, juntos. Se a pergunta “e como é que a gente vai fazer isso?” aparecer numa reunião, comemore. Ela vai unir o time em fazer algo grande de forma inexplicável. Aliás, até se explica. Segundo, Paul J. Zak, que publicou estudos sobre neurociência, confirma que criar um ambiente de confiança libera ocitocina, hormônio responsável por sentimentos de amor, união e bem-estar – ingredientes que podem levar seus projetos de marketing ainda mais longe.

Portanto, nosso sucesso não foi medido pelo tamanho do orçamento e sim, pela atitude. Desde o primeiro vislumbre dos desafios, poderíamos facilmente nos resignar sob a chuva e fazer mais do mesmo. Mas optamos por cantar. E assim como o icônico musical Cantando na Chuva nos ensina, o bom marketing é como dançar sob a tempestade, muitas vezes desprotegidos por um guarda-chuva forte. É a capacidade de encontrar solução e oportunidade onde outros veem desalento.

Por isso, cante. Coloque Singing in the Rain pra tocar. Divirta-se. Porque, assim como a clássica canção que ecoa apesar da chuva, a sua história irá ressoar. E quando você começar a entoar sua melodia sob os céus cinzentos, as boas histórias surgirão, e com elas, o sol se abrirá novamente.

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