Casa Netflix ou Casa Disney: Quem se garante na Guerra dos Tronos dos streamings?
Apesar de ser difícil tecer juízo de valor sobre qual estratégia está sendo mais adequada, os números não mentem
Casa Netflix ou Casa Disney: Quem se garante na Guerra dos Tronos dos streamings?
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BuscarApesar de ser difícil tecer juízo de valor sobre qual estratégia está sendo mais adequada, os números não mentem
O fortalecimento das plataformas de streaming em muito se deve ao crescimento acelerado apresentado pela Netflix. Referência nesse mercado, a marca expandiu o setor e abriu os olhos para que novas plataformas surgissem de maneira ainda mais veloz do que a própria pioneira. Tanto que hoje está escancarada uma “Guerra dos Streamings” protagonizada, principalmente, pelas duas gigantes do mercado: Grupo Walt Disney e Netflix.
Contemplando as duas principais plataformas do mercado atual, o embate vem se acirrando cada vez mais ao longo dos últimos anos. Enquanto de um lado a Netflix vem tentando se fortalecer por meio de produções próprias com boas recepções da crítica e público – como a recente Sandman e alguns carros-chefes como La Casa de Papel e Stranger Things, o Grupo Disney segue expandindo a passos largos graças a diversidade de seus produtos, que encontraram no streaming mais um local sólido para o fortalecimento da marca.
Apesar de ser difícil tecer juízo de valor sobre qual estratégia está sendo mais adequada, os números não mentem. Enquanto a Netflix perdeu cerca de 200 mil assinantes, fechando o primeiro semestre com 220.7 milhões de assinantes, a companhia do Mickey assumiu pela primeira vez a liderança global de usuários com 221 milhões de assinaturas.
Diante desses números, é possível afirmar que, apesar da base fiel de assinantes, a Netflix apresentou um ponto de estagnação em seu crescimento e uma diminuição no retorno de suas produções. Por outro lado, a metodologia aplicada pela Disney – aqui envolvendo os streamings do Disney+, ESPN, Startplus e Hulu – resulta em uma monetização ainda mais potencializada pelas suas produções, que não dependem exclusivamente dos assinantes da plataforma, já que muitas vezes os produtos englobam cinema, merchandising, entre outros
Este ponto, aliás, é um dos principais diferenciais na comparação dessas duas plataformas. Enquanto a Disney consegue criar todo um ecossistema bastante rentável para suas produções (contabilizando aqui itens como bilheteria de cinemas, produtos licenciados e o próprio streaming), a Netflix aparece com um escopo de atuação bem mais limitado.
Vamos olhar como exemplo prático os dois últimos grandes sucessos dessas empresas. Enquanto o filme “Doutor Estranho 2” garantiu um lucro para Disney antes mesmo de ficar disponível no streaming – o longa teve uma bilheteria de U$ 800 milhões diante de um orçamento de U$ 200 milhões -, a série “Sandman”, produção baseada no quadrinho de Neil Gaiman, da Netflix revelou um custo por episódio de aproximadamente US$ 15 milhões – o que colocou em xeque um dos seus maiores sucessos ao analisar a balança entre custo x retorno.
Mais do que isso, é preciso ressaltar ainda uma outra estratégia adotada pela Netflix principalmente a partir de 2021, quando essa disputa foi escancarada de forma clara. Enquanto no passado os filmes irem direto para o streaming servia como um diferencial para a plataforma que jogava sozinha, hoje essa realidade já não se mostra mais tão verdadeira.
Para tentar compensar esse fato, a empresa buscou revigorar o seu catálogo com uma série de filmes. No entanto, a qualidade questionável de uma grande parcela dessas produções acabou servindo como um tiro no pé para a empresa, que viu suas métricas encolher e hoje vive um momento conturbado de queda no número de assinaturas e cortes em seu quadro de funcionários.
Diante de um claro fracasso de estratégia, não me espantaria ao perceber que a Netflix passasse a adotar um novo plano para os próximos anos. Além de inverter o seu lado na balança entre quantidade e qualidade, acredito que a empresa, por mais paradoxal que isso possa parecer, pode ter no cinema um aliado forte para tentar rentabilizar de forma mais potencializada os seus blockbusters.
Mesmo diante de todo esse roteiro, é muito difícil desconsiderar a Netflix como uma protagonista poderosa dentro dessa trama que, com certeza, ainda contará com muitas reviravoltas num futuro próximo. Por outro lado, o rival parece contar com uma expertise de mercado e produtos já extremamente consolidados, a ponto até de extrapolar o streaming e estar presente em quase todos os formatos possíveis de consumo. O restante dessa história tem tudo para ser interessante, inclusive com alguns coadjuvantes importantes entrando em cena, e o lado bom é que nós, como espectadores, não necessariamente precisamos escolher um lado.
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