Com quantos dados se faz um piseiro ser hit do verão?
Nunca a lógica foi tão importante como disciplina como agora, mas além dela é preciso melodia, imaginação, aposta e sorte
Com quantos dados se faz um piseiro ser hit do verão?
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20 de fevereiro de 2024 - 6h00
Os dados são como partituras somadas aleatoriamente, não dão um som. Um som usa dos dados para virar hit de verão, mas não é só a lógica que faz ela chegar no seu Spotify.
O piseiro é um estilo musical que nasce no Piauí e é uma mistura de forró, arrocha e sertanejo. Há controvérsias, já que o ritmo é uma derivação da pisadinha. O ponto é que ele é uma mistura típica brasileira que, além de tudo, tem o humor do meme Homem Guitarra para fazer dar escala no Tiktok antes de chegar na sua playlist.
O sucesso do piseiro é uma sequência complexa influenciada pela cultura, artistas, algoritmo e produtoras. O sucesso está longe de ser uma casualidade, mas o plano para se chegar aí está longe de ser apenas um cálculo matemático.
Agora, imagine se esse gênero musical fosse uma campanha publicitária.
Qual teria sido o dado que deu origem ao estilo? Em que momento seria possível prever o sucesso? Que métrica seria a melhor medida de mensuração?
Muito se fala sobre a importância dos dados nas campanhas publicitárias. De como construir modelos de atribuição prescritivos assertivos, de como codificar o algoritmo das plataformas sociais ou de entretenimento a fim de buscar eficiência dos critérios de parametrização na performance dos criativos.
Nunca a lógica foi tão importante como disciplina como agora.
Tático e estratégico se fundiram em um único refrão.
E é nesse caos entre teclados, dancinhas, memes que se compõe dados aleatórios para mostrar o ombrim. Ombrim (ai que delícia o verão) foi lançada em 2019, pelo Rosa Neon, banda da qual Marina fazia parte. A nova versão é uma parceria com Chicão do Piseiro, Roni Bruno e MTS no Beat.
Além de lógica é preciso melodia, imaginação, aposta e sorte.
Os dados precisam compor uma música para quem saber um dia ser um hit do verão.
No álbum da comunicação os dados não podem ser puramente uma equação.
A mágica acontece na capacidade de juntar lé com cré de um jeito que toca todos.
E isso nem a mais avançada inteligência artificial, pelo menos até agora, é capaz de fazer.
Esse é o maior desafio. Pessoas. Talentos. Profissionais.
– Gente com interesse genuíno de criar coisas novas.
– Gente capaz de ler o dado e transformar em música.
– Gente capaz de identificar valor nesses trabalhos.
– Gente pra planejar e fazer acontecer.
– Gente que aposta sabendo que nada é garantido.
Os dados não são só dados, mas podem ser usados para burocratizar, enviesar, engessar. Ainda que sejam usados na melhor intenção podem dar em água.
Conhece o princípio de Pareto dos “80/20”? A regra afirma que 80% dos resultados vêm apenas de 20% das causas.
Na área de dados na propaganda, 80% dos trabalhos são relatoria, performance, parametrização, mas os 20% que fazem a diferença dependem muito mais da imaginação, da capacidade de gerar boas hipóteses.
Então, prefiro acreditar na frase “Se você pode sonhar, você pode fazer”, atribuída a Walt Disney mas escrita por Tom Fitzgerald, trabalhador da Disney.
Os dados que corram atrás, afinal o que faz diferença é a gente brincar no chão.
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