Como a cultura corporativa resistirá ao terremoto home office?
Não basta recauchutar a velha pesquisa de clima; mais importantes são as questões metodológicas e a sincera determinação de entender as dores que virão dos times e fazer algo a respeito
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Um temor novo tem aparecido nas conversas com nossos clientes: como lidar com os funcionários em meio a uma pandemia que já se arrasta há mais de um ano e promete ir ainda mais longe? Como manter o moral da tropa elevado, como não perder talentos para a concorrência ou para uma vida com menos entregas e ambição, privilegiando o lado pessoal?
O biênio 2020-21 vai entrar para a história também pelo que está causando nas relações de trabalho — entre times e líderes, no âmbito das equipes e entre as corporações e seus funcionários. Que cultura corporativa vai resistir ao terremoto do home office? Como evoluir para o novo tempo? Essa é a pergunta de um milhão de dólares, para usar um chavão.
A comunicação, com suas técnicas e ferramentas, pode cumprir um papel essencial na adequação a esse novo cenário. E, quando falo em comunicação, falo de todo o processo comunicacional, que, muita gente esquece, inclui ouvir. Ouvir deveria ser 50% da comunicação, mas as empresas e organizações no Brasil costumam esquecer desse componente e jogam toda sua energia em divulgar, e quase sempre falando apenas de si próprias.
Hora de pesquisa
Não pensem que vão ouvir sem perguntar. E é preciso perguntar direito. Não basta recauchutar aquela velha pesquisa de clima. O cenário mudou e quem puder deve pautar especialistas para escutar seu público interno. O mais indicado é buscar profissionais da área de pesquisa que estejam estudando o momento que vivemos, porque é preciso fazer as perguntas certas para chegar a respostas válidas.
Existem muitas ferramentas digitais para viabilizar essa tomada de temperatura dos funcionários. Mais importantes são as questões metodológicas e a sincera determinação de entender as dores que certamente virão dos times e fazer algo a respeito. Porque o momento pede não uma iniciativa isolada e bissexta, mas o início de um processo contínuo, que seja incorporado às práticas da empresa.
Mas, mesmo antes de perguntar às pessoas, tabular e interpretar as respostas, o bom senso já indica alguns temas importantes que devem ser foco de palestras e cursos ministrados por gente especializada. Coisas simples: ergonomia e uma rotina de exercícios para fazer em casa; como extrair o máximo das ferramentas digitais, como conciliar o trabalho com a nova rotina, e até dicas práticas para preparar o próprio almoço sem comprometer um tempo para descanso e, por que não?, para algum lazer.
Também não é necessário fazer uma pesquisa para entender que as pessoas na nova situação possam estar se sentindo sobrecarregadas, sozinhas, com medo – em que pese as vantagens de economizar horas no trânsito todos os dias para ir e vir do trabalho. Faz falta a piada no escritório, a hora do cafezinho, a relação humana próxima, enfim. O que acontece é um verdadeiro teste de estresse para a cultura empresarial.
Promover a troca de informações
Um dos primeiros passos é a consolidação de um canal com capacidade de também cumprir as funções de centro de convivência, de troca de informações. Sabe aquela intranet chapa branca, sem engajamento, que o profissional de comunicação não sabe mais o que fazer para trazer à vida? A hora é agora. Todo mundo está obrigatoriamente conectado e precisando mais do que nunca de serviços, informações, ferramentas que tornem a vida mais prática e acolhedora.
Mas apenas um bom canal digital não basta. As lideranças devem assumir um protagonismo genuíno nesse novo momento colocar-se como embaixadores da cultura empresarial. Ouvir e falar, capacidade de mostrar empatia, transparência e vontade de aprender serão vitais para atravessar a tempestade e, vacinação em massa feita, entender os novos tempos. É hora de mais comunicação.
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