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Como gravar um spot no set

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Opinião

Como gravar um spot no set

Com equipamento portátil e improviso no tratamento acústico você consegue resultados surpreendentes


4 de setembro de 2018 - 8h00

Em 2017 escrevi uma matéria chamada “Session Notes: Recording Voiceover on the Road” para a revista Sound on Sound nos Estados Unidos e na Europa. O texto (www.soundonsound.com/techniques/recording-voiceover-on-road) ensina técnicas para gravar uma locução profissional fora do estúdio. Existem limitações, claro. Por exemplo, ainda não dá para gravar a locução de uma campanha publicitária no celular. Mas com equipamento portátil como um Apogee MiC ($249 USD) e improviso no tratamento acústico, você consegue resultados surpreendentes em diversos ambientes.

“Com equipamento portátil e improviso no tratamento acústico, você consegue resultados “surpreendentes”

Nos últimos meses tenho trabalhado com o Andre Minnassian e o Caio Torrezan da produtora de som Play It Again gravando spots de rádio durante as filmagens de peças publicitárias. Assim, evitamos a necessidade de deslocar celebridades até um estúdio de áudio para gravar uma locução. Nossa captação mais recente aconteceu durante as filmagens da nova campanha da Amanco, criada pela agência Artplan sob direção dos diretores de criação Zico Farina e Marcos Abrucio. Gravamos um spot de rádio com o Rio Negro e o Solimões durante um rápido intervalo nas filmagens.

O maior desafio deste trabalho foi encontrar um ambiente com pouco ruído e pouca reverberação de sala. Tinha um banheiro vazio que oferecia um ambiente silencioso, mas a acústica estava péssima. Outra opção era o próprio set de filmagens, que tinha uma boa acústica, mas muito movimento e barulho. Com a ajuda da equipe da produção da Hungry Man, acabamos montando uma cabine com mantas acústicas em cima de uma mesa no camarim dos artistas. Localizado no segundo andar do Cine Vídeo, não muito longe do set de filmagem, o camarim estava cheio de araras com roupas – deixando o som do ambiente mais seco.

O roteiro do spot era um diálogo entre Rio Negro e Solimões, então resolvemos gravar os dois artistas ao mesmo tempo. Para Rio Negro usamos um Shure SM7B, um microfone dinâmico que capta menos som de ambiente que um microfone condensador estilo Neumann TLM 103. Para Solimões usamos um Sennheiser MKH-416, um condensador frequentemente utilizado como boom em sets de filmagens. Ele funciona muito bem para gravar voz em ambientes remotos já que a sua área de captação “shotgun” é mais restrita. Plugamos os mics num gravador digital da Tascam e colocamos um Apogee MiC ao lado de cada microfone principal como backup.

 

“Cabine com mantas acústicas em cima de uma mesa no camarim dos artistas”

A gravação do spot foi rápida. Tudo foi feito em menos de 30 minutos. (Rio Negro e Solimões comentaram que no interior gravam muitas chamadas de rádio.) O Rodrigo Niemeyer e o José Pedro Bortolini, redator e diretor de arte da Artplan, respectivamente, ofereceram direção de acting e pediram alguns takes extras para garantir. Seria difícil agendar uma nova gravação então todos da agência e da produtora de som participaram da sessão para garantir um ótimo resultado. Mais importante ainda, o ambiente descontraído deixou Rio Negro e Solimões à vontade para improvisar e oferecer suas próprias sugestões.

Ouça o bruto do diálogo entre Rio Negro e Solimões:

Agora, confira o mesmo áudio com efeitos:

Por final, segue o spot produzido:

Andre Minnassian

“Quando não conseguimos trazer a celebridade ou ator para gravar no estúdio e temos que realizar a captação no set de filmagem, tentamos ao máximo conseguir o áudio mais limpo e seco possível, pois a partir desta gravação com qualidade é possível trabalharmos a pista da forma que quisermos. No caso deste spot com Rio Negro e Solimões a ideia era colocá-los em um ambiente de rodeio e o áudio que conseguimos na gravação no camarim facilitou muito o nosso trabalho, pois é muito melhor ter um material de qualidade e adaptá-lo de acordo com a proposta criativa do que tentar resgatar um trabalho com uma captação ruim.”

Caio Torrezan

“Para manter o padrão de qualidade dos trabalhos que enviamos para rádio – e mais uma vez reforçando a importância de uma boa captação – tentamos usar o mínimo de processos destrutivos no áudio. Nesse caso específico só se fez necessário um corte de ruído padrão para que o som estivesse limpo o suficiente para trabalharmos. Ambos microfones captaram um ótimo espectro de frequências da voz. Também é muito importante se atentar aos níveis de saída dos microfones, como no nosso caso que usamos o Shure SM7B. Levar um pré-amplificador que tenha ganho e qualidade suficiente para o trabalho faz muita diferença.”

 

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