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Como monitorar conversas após o bloqueio do X

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Opinião

Como monitorar conversas após o bloqueio do X

O que acontecerá ao X no Brasil? Para quais plataformas as pessoas migrarão? E o principal: dentro da área de dados e insights, como exploraremos conversas e tendências? Como mensuraremos?


9 de setembro de 2024 - 13h40

Em novembro de 2018, entrei no Mestrado do CPDOC, da FGV Rio, com um projeto de pesquisa intitulado “A luta da democracia na era da tecnologia”. Parte do objetivo era entender como as redes sociais, que começaram como ferramentas de empoderamento individual, desempenhavam, naquele momento, um papel ambíguo, no qual a liberdade de expressão e a responsabilidade regulatória se chocavam.

Pisquei e acordei em 2024 na mesma narrativa: conversas que se misturam nas linhas de “1984”, permeando “O Senhor das Moscas”. Conversas que ainda estão acontecendo, por enquanto sem definição.

Há tempos o mercado questiona o uso do X, anteriormente Twitter, como fonte principal de coleta de conversas, devido a um possível viés relacionado à plataforma não ser um retrato do Brasil como um todo. Mas a escolha da plataforma para esse fim nunca foi por acaso: além do acesso generoso a sua API, a natureza da rede era genuinamente voltada para conversas. No último mês, de 3 de agosto a 1º de setembro, o X registrou 263 milhões de conversas. Ao longo de 2024, mais de dois bilhões. Futebol, reality shows, apostas e outro universo de diálogos. A vida das pessoas sendo compartilhada em alguns caracteres. E agora?

Do ponto de vista do consumidor, há uma sensação de vazio digital. O maior pico histórico de buscas por “VPN” no Google pode indicar um apego à rede. O aumento de buscas por Bluesky e Threads abre a jornada de descoberta sobre para onde essas conversas estão migrando. Do ponto de vista dos social listeners, há uma ansiedade relacionada à coleta e ao acesso aos dados que reflete um comportamento já visto em outras crises, quando somos obrigados a antecipar o futuro.

Em uma escala diferente, já vimos a sociedade reinventar e criar técnicas de monitoramento das atividades sísmicas e vulcânicas após a erupção do Krakatoa e, a partir disso, uma revolução na maneira como as notícias globais passaram a ser transmitidas e recebidas, marcando o início de uma era de comunicação global instantânea. Após o terremoto de Lisboa, vimos Marquês de Pombal implementar um dos primeiros projetos de planejamento urbano moderno, com ruas largas e edifícios resistentes a terremotos. Além disso, o evento teve impacto no pensamento filosófico e teológico da época, influenciando figuras como Voltaire e Rousseau. Já após a crise econômica de 2008, houve uma reforma significativa na regulação financeira global, estimulando discussões sobre desigualdade econômica e a necessidade de políticas mais inclusivas para garantir a estabilidade a longo prazo. Mais recentemente, testemunhamos a aceleração digital provocada pela pandemia.

Obviamente, nossa conversa não chega nem perto do impacto desses grandes eventos. A referência aqui é sobre nosso modus operandi: momentos inesperados que geraram saltos para o futuro.

Nos últimos dias, vimos discussões aquecidas sobre os próximos passos. De grupos ativos a testes que estamos realizando com a raspagem de dados via código nas novas plataformas, passando pela busca por integradores de API e pelo diálogo próximo com parceiros para entender como operar.

Resultado? Já temos nossas primeiros análises. Assim como nossos parceiros estão avançando e já implementando soluções de coleta de dados das plataformas que estão sendo consideradas pelos ex-usuários de X. O mercado avançando em dias o que o questionamos há alguns anos. E trazendo novidades e nuances que talvez não estivéssemos enxergando antes.

A certeza? Apenas de que não vamos medir esforços para garantir que as discussões, opiniões e tendências relevantes continuem sendo capturadas e analisadas de maneira eficaz, onde quer que elas aconteçam.

Referência: Conversas coletas de 03 de agosto a 01 de setembro e 2024 via Brandwatch.

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