Comunicação, o ativo mais importante durante o coronavírus
Mais de 59% das inserções em TV aberta, no fim de março, falaram sobre a Covid-19; antes, apenas 19% abordaram a pandemia
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Há algumas semanas, vivíamos uma realidade completamente diferente sem a pandemia do coronavírus. Mas, infelizmente, ela chegou de forma implacável, nos forçou ao isolamento, cancelou eventos, devastou setores da economia e nos colocou numa situação inédita, diante da qual ainda não sabemos como proceder nem nos defender.
A reação das pessoas isoladas em casa demonstra que estão mais reticentes com informações que chegam pela internet ou celular, atentas às fake news e selecionando melhor o que compartilham. A cobertura de imprensa, por outro lado, tornou-se um importante balizador de credibilidade, conforme indicam pesquisas. O meio TV, que vinha perdendo força para o online antes da pandemia, deu uma guinada a partir das primeiras semanas de isolamento.
Pesquisa da Kantar Thermometer mostrou que cerca de 80% dos entrevistados procuraram o jornalismo televisivo para se informar devido à credibilidade das emissoras tradicionais de TV em casos de calamidade pública, deixando em segundo plano o mundo de informações disponíveis na internet. Audiências recordes estão sendo obtidas pelos principais telejornais, com o Jornal Nacional, o televisivo mais assistido do Brasil, marcando média de 37 pontos só na Grande São Paulo (cada ponto equivale a 203 mil pessoas) em março e com a mesma média na pesquisa realizada pela Kantar Ibope Media entre 6 e 12 de abril. Rapidamente, a Globo pôs em prática 11 horas de jornalismo diário e iniciou também a reprise de suas produções, já que suas novelas e séries atuais tiveram as gravações interrompidas. O movimento de todas as emissoras, de intensificar as ações de jornalismo, será recorrente enquanto a pandemia durar.
Pesquisa do Datafolha confirmou que a confiança do consumidor de informação está agora depositada na TV, rádio e jornais impressos. Isso faz com que conteúdos amadores compartilhados via redes sociais percam a atenção. Se há um lado bom na mudança que a pandemia está causando é o de que as fake news estão sendo vistas com maior nível de desconfiança. Há mais conscientização das pessoas para não acreditarem piamente em qualquer post que leem nas redes sociais.
Em relação à publicidade, algumas das maiores marcas se comunicam, na TV e no online, com comerciais que fazem referência à pandemia. Mais de 59% das inserções publicitárias, em TV aberta, no fim de março, falaram sobre a Covid-19, também revelado pelo estudo da Kantar, aumento significativo já que, no início do mesmo mês, apenas 19% das campanhas falavam sobre a pandemia. São cerca de 134 marcas veiculando campanhas sobre o tema.
Para 88%, as marcas devem informar seus esforços para enfrentar a situação. Já 86% afirmam que devem falar sobre como podem ser úteis nesta nova realidade. E 80% afirmaram que o tema não deve ser usado, de forma nenhuma, para promover a marca durante a crise.
Portanto, as agências têm a oportunidade de mostrar seu valor para os clientes, e os veículos também. Mas, muito além de vender produtos, serviços ou promover a marca, a publicidade que terá maior eficácia e impacto é aquela que retratar, genuinamente, a preocupação das marcas com essa pandemia e seu engajamento em buscar e colaborar com soluções ou iniciativas que possam mitigar o sofrimento das pessoas. Quem atuar dessa forma, com certeza, sairá ganhando quando a pandemia passar. É o momento de reinventar um novo cotidiano que dê alento a todos.
*Crédito da foto no topo: iStock
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