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Opinião

Conectividade humana

Com crescentes investimentos que alimentam o avanço da GenAI, como será possível manter o caráter humano na comunicação, se o cérebro artificial, além de mais ágil, for mais convincente e, até mesmo, mais atraente?


5 de março de 2024 - 14h00

Sempre que uma tecnologia deslancha em sua adoção no mundo corporativo, nos ambientes de trabalho e nos âmbitos de negócios, e acaba invadindo a rotina das pessoas, em seus momentos de lazer, estudo e interação social, abre-se o debate, muitas vezes pertinente, sobre os impactos nas relações interpessoais e no poder de decisão e de controle humanos sobre as tarefas realizadas pelas máquinas. Com a disseminação da inteligência artificial não é diferente, e as preocupações aumentam à medida que as aplicações generativas possibilitam bons desempenhos na criação e na produção intelectual, antes exclusiva dos indivíduos. A tecnologia não somente ampara as conexões, mas também desenvolve as mensagens usadas para estabelecê-las.

Na semana passada, em Barcelona, durante a edição 2024 do Mobile World Congress (MWC), boa parte da atenção dos 101 mil participantes, de 205 países, esteve voltada para a humanização da inteligência artificial e suas implicações no mercado de telecomunicações. Com muitas empresas de ponta e recursos crescentes aplicados no aperfeiçoamento da tecnologia, para que se atinja um estágio no qual não seja possível distinguir se a tarefa foi executada por mente humana ou por máquina, há uma contradição no meio do caminho. Como será possível manter o caráter humano na comunicação se o cérebro artificial, além de mais ágil, for mais eficiente, convincente e, até mesmo, mais atraente?

A abordagem humanística em relação à tecnologia ajudou o MWC a avançar em uma mudança de rota, a fim de manter-se como principal fórum sobre conectividade do mundo. Antes com conteúdo quase que exclusivamente voltado para questões operacionais das telecomunicações, o evento abriu-se para pautas em que as conexões são debatidas não apenas pelo viés tecnológico, mas também pelos impactos nas relações entre pessoas, nas estratégias das marcas e na evolução da sociedade. Como descreve a reportagem das páginas 28 a 31, que consolida os principais apontamentos para o futuro, extraídos da curadoria feita em Barcelona pela equipe de jornalistas de Meio & Mensagem, formada por Fernando Murad, Sérgio Damasceno, Caio Fulgêncio e Victória Navarro, alguns debates se dedicaram à agenda ESG, chegando a abordar temas mais sociais, como preconceitos e solidão no trabalho, e de sustentabilidade, como o consumo de energia e a reciclagem de materiais.

O MWC foi o segundo destino do projeto 100 Dias de Inovação, que começou em janeiro com o NRF Retail’s Big Show, maior encontro global do setor varejista, realizado em Nova York, e desembarca nesta semana, em Austin, para o South by Southwest (SXSW). Mais uma vez, Meio & Mensagem lá estará com uma equipe de seis jornalistas para uma cobertura multiplataforma, que inclui as redes sociais e o site meioemensagem.com.br/sxsw, que abriga o noticiário diário sobre o evento e o blog coletivo Conexão Austin, com participação de mais de 60 profissionais brasileiros lá presentes e dispostos a dividir com os leitores suas experiências no festival.

Também com a inteligência artificial como temática onipresente, o SXSW já superou o desafio de ampliação de foco enfrentado pelo MWC. Nascido em 1987 como um festival de música, vertente que mantém até hoje, o evento cresceu ao abraçar outros assuntos, como o cinema, a tecnologia e a inovação, resultando hoje na agenda mais ampla e diversa entre todos os encontros globais que atraem a atenção da indústria de comunicação, marketing e mídia.

Com os brasileiros formando o maior grupo internacional em Austin, o encontro, seus insights e aprendizados, mantêm o potencial de embasar diálogos, reflexões e estratégias para os próximos meses.

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