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Opinião

Consciente e sustentável

O marketing pode ter papel fundamental para oferecer às pessoas o que elas realmente necessitam: um futuro desejável


9 de janeiro de 2024 - 6h00

Vivemos tempos saturados de conceitos, em que profissionais de marketing, assim como eu, procuram compreender a evolução constante da disciplina há muitos anos. A transição para a sustentabilidade torna-se uma vontade coletiva, uma busca por um caminho mais relevante na comunicação das marcas. A verdade é que a sustentabilidade não é uma disciplina de negócios a ser aprendida: é um novo modelo mental para gerir empresas e marcas num ecossistema em que o futuro das pessoas está no centro.

O marketing precisa agora se pautar por um compromisso genuíno com o futuro. As empresas devem assegurar que suas ações estejam alinhadas não apenas com palavras, mas também com investimentos e estratégias eficazes para a construção desse futuro. Este é um momento incrível para a comunicação, porque as marcas podem desempenhar papel crucial na formação de um mundo mais sustentável.
A litigância climática e as críticas à falta de ação demonstram que os consumidores estão atentos e exigem medidas concretas. Promessas vazias têm implicações legais, e a comunicação autêntica e a responsabilidade socioambiental são fundamentais para as marcas que desejam liderar a transformação.

Minha jornada começou ao receber briefings para campanhas que deveriam refletir as práticas ESG das empresas. Foi preciso sair do modelo tradicional de pensar a comunicação e romper com a mentalidade estabelecida nas agências. Antes, brincávamos que o marketing visava vender o que os consumidores e as consumidoras não precisavam; hoje, reconhecemos que o marketing pode ter papel fundamental para oferecer às pessoas o que elas realmente necessitam: um futuro desejável. Não dá mais para usar os nossos recursos naturais como se fossem inesgotáveis.

Minha experiência na publicidade me proporcionou uma compreensão única da atual responsabilidade das marcas. Há um chamado para que sejamos comunicadores e comunicadoras mais conscientes, orientando as marcas em direção a um futuro baseado no comprometimento. A comunicação responsável será central nos briefings, e elementos como transparência, compromisso e visibilidade se tornarão imperativos. A transformação começa com uma nova consciência, o que renova a forma como a comunicação impacta o mundo ao nosso redor. Temos que reconhecer que há algo errado nos negócios e desejar ser parte da solução.

A sustentabilidade exige novas habilidades, mas algumas empresas ainda não perceberam que fazem parte de um ecossistema maior. Devemos garantir que a sustentabilidade se torne uma peça essencial para o sucesso de líderes e pessoas que tomam decisões. Precisamos de mais profissionais de comunicação para ajudar a transformar um mercado que carrega o estigma de ser ganancioso, limitante e negativo. E não vamos realizar essa mudança atuando isoladamente: o momento demanda o trabalho colaborativo.

Exemplo desse movimento ocorreu na COP28, quando o Instituto Alana e o Unicef surpreenderam líderes mundiais ao dar espaço às crianças, que serão as mais impactadas pelas consequências de nossas ações (ou da falta delas) e têm sido as menos ouvidas ao longo dos 28 anos da conferência. No filme produzido para essa campanha, elas fizeram um convite para repensarmos como conduzimos os negócios, e isso mostra que a comunicação pode ser catalisadora de mudanças positivas. Outras grandes marcas também vêm moldando o futuro por meio de suas comunicações. Vejo que uma transformação silenciosa e necessária já está acontecendo. Os compromissos começam a surgir, e agora precisamos atuar de maneira efetiva para cumpri-los.

E você, já se deu conta da importância do seu papel nesse ecossistema?

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