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Opinião

Consistência é o X da questão (e o Elon Musk sabe)

Seu produto só irá resistir a uma mudança brusca se tiver esse atributo, contruído com planejamento, estratégia e muito trabalho


4 de setembro de 2023 - 14h00

O rebranding do Twitter pegou o mundo de surpresa. Elon Musk, polêmico como sempre, resolveu mudar o nome da rede social para X. Tirou até o simpático passarinho azul e substituiu por um lúgubre X.

A decisão foi o ápice de mudanças anunciadas pelo bilionário desde a compra da rede social no fim de 2022. Independentemente de concordar ou não com a decisão de Musk, a gente precisa dar o braço a torcer: ela foi feita num momento em que poderia ser feita. Tudo isso graças à consistência.

Vamos aos fatos: apesar de uma ligeira queda em 2023, o Twitter segue com audiência consistente ao longo dos anos. Porém, a plataforma tem problemas quando o assunto é ser rentável. Ela foi comprada por Musk por US$ 44 bilhões em 2022 e no mesmo ano gerou receita de US$ 4,4 bilhões. No final de 2021, o Twitter tinha 217 milhões de usuários “monetizáveis”, ou seja, expostos à publicidade na plataforma, bem longe dos quase 2 bilhões de usuários do Facebook.

Musk adquiriu uma dor de cabeça de US$ 44 bilhões, mas sabia que os mesmos usuários que criticavam suas ações permaneceriam no Twitter, ou melhor, no X, independentemente do que ele fizesse para monetizar a plataforma e fazê-la rentável. O nome disso é consistência.

O empresário arriscou ao retirar gratuitamente os selos azuis de verificação, realizou cortes na equipe, e até limitou a quantidade de tweets diários. E mesmo assim, a audiência permaneceu fiel. Isso não foi uma mera coincidência, mas sim uma demonstração da consistência da plataforma X perante o público.

Outra prova: imagine que durante este reboliço todo um dos gigantes das redes sociais decidisse criar um rival direto para o Twitter? Imagina se o pessoal da Meta desenvolvesse um Twitter pra chamar de seu? Foi exatamente o que aconteceu em julho, com a chegada do Threads. Mas desde sua criação, o número de usuários ativos diários diminuiu 82%, de acordo com a Sensor Tower. Uma análise da BR Media Group mostrou que a rede social da Meta registrou queda de 20% dos usuários ativos na semana seguinte ao lançamento.

A verdade é que, por ora, o Threads chegou, todo mundo criou seu perfil, fez meia dúzia de posts e voltou para o Twitter. Mais uma vez: consistência. E Elon Musk sabia disso. Obviamente, a plataforma da Meta tem potencial para incomodar a rede do bilionário, mas não a ponto de substituí-la.

É um aprendizado simples para todos que trabalham com comunicação: seu produto só irá resistir a uma mudança brusca se tiver consistência. E consistência, meus caros, só se constrói com planejamento, estratégia e muito trabalho.

Portanto, enquanto o Twitter se transforma em “X” e Elon Musk prossegue com sua ousadia, a lição duradoura que fica é a importância de equilibrar inovação com a familiaridade que os usuários anseiam. A consistência é o alicerce que mantém as comunidades unidas, proporcionando uma base sólida para a evolução contínua. Devemos abraçar a consistência como um componente vital para o sucesso em um mundo onde as mudanças são constantes e implacáveis.

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