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Criatividade contra a crise

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Opinião

Criatividade contra a crise

Caminho para reação da indústria de comunicação é pavimentado por dinâmicas colaborativas, processos mais horizontais e maior conexão com os anseios sociais, econômicos e culturais


4 de maio de 2021 - 13h25

(Crédito: Chaiyapruek2520/ istock)

Em meio a uma das piores crises da história, qual a capacidade de reação da indústria de comunicação? A tentativa de resposta à essa questão precisa levar em conta diversas ponderações, entre elas a de que há realidades díspares, incluindo empresas em crescimento. Mesmo diante da pandemia, as big techs, por exemplo, têm registrado expressivas altas em seus faturamentos. Números divulgados na semana passada apontam altas de 48% nas receitas do Facebook e de 34% nas da Alphabet, dona do Google.

No Brasil, a mídia out-of-home foi atingida pelas restrições de circulação de pessoas bem no auge, quando se firmava como terceira força, atrás da TV e da internet. Pelos dados do Cenp-Meios, enquanto o investimento em mídia total, administrado pelas maiores agências do País, caiu 19% em 2020, o faturamento do OOH diminuiu 33%. Pois foi bem no meio dessa crise que a Eletromidia fez seu IPO, em fevereiro. Entrevistado principal da edição semanal, o CEO Eduardo Alvarenga revela que investidores internacionais respondem pela maior parte dos R$ 757 milhões capitados com a oferta pública inicial de ações — um indício de interesse em um setor ainda dominado por empresas nacionais, que ajuda a nutrir projeções de fusões e aquisições. Para a mídia OOH, a reação à crise passa pelo uso criativo das tecnologias aplicadas aos processos de transformação das cidades.

Na seara das grandes holdings globais de agências de publicidade, os analistas financeiros se animaram na semana passada com os números do primeiro semestre do WPP, que avançou 1,3% na receita orgânica em comparação com o mesmo período do exercício anterior — os primeiros três meses de 2020 foram os menos afetados pela crise decorrente da Covid-19. Com isso, o WPP consegue inverter a rota expressa pelo declínio de 5,4% do report referente ao último trimestre do ano passado. Somado aos crescimentos de 1,9% do Interpublic e de 2,8% do Publicis Groupe, os balanços do primeiro trimestre de 2021 embalam a interpretação de que a indústria voltou a crescer, apesar de o Omnicom ter destoado, com queda de 1,8%.

O otimismo internacional com uma retomada rápida foi regado, ainda, pelo pacote de estímulos à economia apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no discurso que marcou seus 100 primeiros dias de governo — que são o período de maior alta no mercado de ações de Nova York desde a década de 1930 —, e pelas previsões de que o PIB estadunidense experimentará em 2021 a maior taxa de crescimento em 40 anos, numa equação na qual pesam o rápido avanço por lá da vacinação e as demandas do consumo reprimido.

Seja na atração de negócios, no uso das funcionalidades digitais amparadas por dados ou na garantia de efetividade para ações de combate à crise, o principal combustível para a reação das agências é o tema do projeto especial que Meio & Mensagem lança oficialmente nesta edição: Criatividade. A primeira reportagem, assinada pelo jornalista Renato Rogenski, na edição semanal, trata da criação descentralizada, livre das amarras de estrelismos de outrora e mais apta à adesão às dinâmicas de cocriação multidisciplinar, com a participação ativa não só das demais áreas das agências, mas de atores externos, como executivos de marketing, consultores e artistas populares, que ajudam a responder a demandas de comunicação mais complexas e menos lineares. Um caminho pavimentado por dinâmicas colaborativas, processos mais horizontais e maior conexão com os anseios sociais, econômicos e culturais.

Ainda neste mês, uma série de podcast com quatro episódios, que estreiam simultaneamente nas plataformas de streaming no dia 19, debaterá sob os ângulos deste novo contexto as mudanças nas etapas do processo criativo: Observação, Inspiração, Execução e Interação. O projeto Criatividade 2021 inclui, ainda, a cobertura dos principais festivais internacionais de publicidade, conteúdos em vídeo, as eleições das 10 Melhores Campanhas e das 10 Marcas Mais Criativas de 2021, a serem realizadas em dezembro, e a publicação, em janeiro de 2022, do Ranking M&M, com as agências, anunciantes, campanhas e produtoras mais premiados este ano.

Um amplo conteúdo a ser compartilhado nos próximos nove meses, que pretende analisar a nova dinâmica de trabalho nas agências e seu impacto no reconhecimento ao valor da criatividade na indústria que ela alimenta.

*Crédito da foto no topo: pexels-francesco-ungaro-281260

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