Da coleta à transformação

7 de novembro de 2024 - 6h00

A aplicação de logística reversa para a reciclagem de embalagens pós-consumo é um processo de avanço imprescindível à sociedade para mitigar os impactos e promover a sustentabilidade de forma integrada entre empresas e consumidores num quadro de emergência ambiental.

Investimentos em pesquisa, desenvolvimento e tecnologias são fundamentais para aumentar as taxas de reciclagem. O setor passa por uma evolução tecnológica importante, com o desenvolvimento de novos materiais, aditivos, equipamentos para separação de materiais descartados e para a transformação dos materiais e sua reinserção no ciclo produtivo.

Há um movimento acelerado com mais empresas começando a ver os resíduos como recursos estratégicos – para cumprirem metas ESG, para economizarem.

Com a adoção de tecnologias inovadoras no tratamento de resíduos, a geração e o descarte em aterros são significativamente reduzidos. Isso não apenas diminui os riscos de contaminação e os impactos ambientais, mas também amplia a competitividade das empresas no mercado, especialmente na venda de resíduos. Estamos falando de uma abordagem que vai além da reciclagem convencional, utilizando tecnologias avançadas para criar valor sustentável.

Para que isso se consolide são necessários maquinário adequado (como as prensas enfardadeiras e balanças de precisão eletrônicas). E maquinários para reciclar materiais que antes não podiam ser reciclados, tais como plásticos misturados e materiais laminados do tipo longa vida. Outro ponto importante são as escolhas mais sustentáveis quando pensar em matérias-primas, tais como plásticos biodegradáveis e compostáveis, cuja reciclabilidade e tempo de vida na economia circular é mais longevo e têm um menor impacto ambiental que os elaborados com derivados de petróleo.

Materiais multicamadas e seus desafios

Os materiais multicamadas representam um desafio significativo para a reciclagem devido à sua complexidade e à dificuldade de separação. No entanto, com avanços tecnológicos e mudanças no design de embalagens, é possível melhorar a reciclabilidade dos materiais e reduzir seu impacto ambiental. Estima-se que 247.140 toneladas deste tipo de resíduo sejam produzidas anualmente. É um material que precisa chegar nos recicladores certos, que conseguem aproveitar o papel e encaminhar as camadas de plástico e alumínio para outra indústria. Os desafios da coleta e separação de embalagens longa vida pós-consumo passam por altos custos para captação e triagem do material, ausência de bons compradores pela falta de intermediários e preços pouco competitivos para compra das embalagens.

A separação das embalagens longa vida é mais comum em organizações de catadores do que em operadores privados, segundo levantamento realizado pela eureciclo (60% das organizações de catadores). A expansão da cadeia de reciclagem cria novas oportunidades de emprego e fomenta o desenvolvimento econômico nas comunidades envolvidas, por meio de soluções estruturantes de logística reversa, gerando adicionalidade aos profissionais que atuam na cadeia ou capacitando as operações das organizações de catadores para trabalhar com tipos de materiais que não são atrativos para coleta, em função do baixo valor de comercialização.

Por essa razão, existem as chamadas soluções ou matrizes estruturantes: projetos voltados às cadeias de materiais com baixa reciclabilidade e reaproveitamento como BOPP, PP, Vidro e Longa Vida. Sem o processo de estruturação da cadeia de reciclagem pelo país – o que diminui os preços de frete dos materiais e, portanto, seu valor final – não é possível obter o crédito de reciclagem, que permite acesso a novas oportunidades de receita e uma ferramenta fundamental para promover mudanças positivas no mercado.

A evolução da reciclagem e da sustentabilidade depende de esforços conjuntos entre a sociedade e as iniciativas pública e privada, é possível diminuir consideravelmente o impacto ambiental das embalagens e criar um futuro mais sustentável para todos nós.