Design: todos sabem como fazer. Será?
O designer deve quebrar fronteiras entre os campos do design e olhar de maneira geral para toda a experiência da marca
O designer deve quebrar fronteiras entre os campos do design e olhar de maneira geral para toda a experiência da marca
25 de novembro de 2019 - 19h06
Não é de hoje que nos questionam o real impacto do design. Para quem é da área criativa, já deve ter ouvido falar frases como “isso até meu sobrinho faz”, “dois minutos no programa você faz isso”, “manda lá na gráfica que eles fazem mais barato”, “quero algo igual a esse que achei na internet”. Relatos assim tendem a ser cada vez mais recorrentes, uma vez que a difusão das tecnologias pela ascensão de softwares e/ou aplicativos tornam o processo de criação visual mais fácil.
Nesse sentido, cada vez mais pessoas solucionam seus problemas sem nenhuma orientação técnica e formal em design. O italiano Ezio Manzini, um dos mestres contemporâneos da área, em seu livro Design: Quando Todos Fazem Design alerta para a ascensão de duas práticas:
1) A que ele denomina como o design difuso, que será praticado por “não especialistas”, ou seja, aqueles que com uma pequena instrução terão capacidades técnicas para criação;
2) E os designs especializados, que representam indivíduos com formação técnica para atuar profissionalmente como designers.
Nesse sentido, os próprios designers devem se questionar sobre a sua real importância. Mais do que apenas ganhar espaço na criação dessas novas identidades e plasticidades que são inseridas no mercado e confrontar com a possibilidade de mais pessoas estarem desempenhando esse papel, o designer deve estar ciente de que o real foco da profissão está cada dia mais distante de questões estéticas e mais próximas de questões estratégicas.
O designer gráfico deve criar sinalizações bem pensadas e executadas, que transponham conceitos visuais, gerem bem-estar, deixem os usuários mais informados das rotas, entre outros aspectos. Mas, mais do que isso, deve-se considerar questionar as novas relações interpessoais: como as pessoas estão interagindo com aquele espaço, de maneira geral, como está sendo inclusa a população nesse ambiente e quais serviços podem melhorar suas experiências.
O designer de produto pode também, além de entregar produtos e desejos, repensar formas de resgatar identidades culturais locais, perpetuar e inserir novas técnicas de produção e, até mesmo, entregar experiências mais completas aos seus consumidores. E, mais do que isso, quebrar fronteiras entre os campos do design e olhar de maneira geral para toda a experiência da marca.
Ou seja, o designer deve repensar o seu papel, que vai além da estética. É preciso entregar estratégias que despertam benefícios sociais, ambientais e econômicos, mostrando-se atento para a sociedade de maneira geral. O design importa sim, e muito. Mas importará mais ainda se estiver repensando e atento.
**Crédito da imagem no topo: Créditos: Jenpol/iStock
Compartilhe
Veja também
A consciência é sua
Como anda o pacto que as maiores agências do País firmaram para aumentar a contratação de profissionais negros e criar ambientes corporativos mais inclusivos?
Marcas: a tênue linha entre memória e esquecimento
Tudo o que esquecemos advém do fato de estarmos operando no modo automático da existência