Digital para construir escala
Os impactos da maturidade e alcance de audiência que o meio adquiriu e do avanço no uso de dados e tecnologias, que possibilitam atrelar as vendas que acontecem no meio físico ao investimento online
Os impactos da maturidade e alcance de audiência que o meio adquiriu e do avanço no uso de dados e tecnologias, que possibilitam atrelar as vendas que acontecem no meio físico ao investimento online
Junto com o surgimento da mídia digital veio a promessa de um novo futuro para o marketing. Acompanhar o comportamento do usuário, segmentar com precisão e mensurar resultados. Tudo isso seria possível, graças à tecnologia. Aí veio a bolha. Logo depois, o Google. E a promessa foi se tornando realidade.
E por causa da capacidade de segmentação e especialmente da mensuração, foram os e-commerces os pioneiros em grandes investimentos e desbravadores dessa mesma mídia. Com o objetivo de gerar tráfego para um site, pagar por clique era vantagem, se comparado ao custo de aluguel no meio físico. Um e-commerce compra o volume de cliques que couber no bolso do seu proprietário e, conforme o sucesso das vendas, é possível escalar o negócio de um dia para o outro, sem ter o custo e a dor de cabeça de abrir uma nova loja.
O digital já é maduro o suficiente para assumir protagonismo na construção de alcance. Porém, a possibilidade de construir alcance de modo acelerado não deve substituir a “forma tradicional” de comprar mídia digital
Essa lógica de escalar, com base em resultados concretos observados, passou a impactar não só os e-commerces, mas todas as empresas – pure players e tradicionais – para as quais o meio digital desempenha papel importante na jornada de decisão de compra. Assim, varejistas tradicionais montaram operações de e-commerce e passaram a investir conforme geravam vendas online; montadoras orientavam seus investimentos para gerar agendamento de test drives em seus sites; operadoras de telefonia geravam leads para seus call centers; e assim por diante. Os investimentos iam crescendo gradualmente, conforme a capacidade que o digital tinha de gerar retorno concreto sobre o investimento.
E, por tudo isso, o investimento em mídia digital sempre foi pensado e distribuído de forma linear. Além disso, as métricas de vendas muitas vezes se sobrepõem às métricas de audiência. Enquanto na TV e em outros meios ATL busca-se a máxima cobertura de forma rápida, no online aprendemos a ser cirúrgicos, visando atingir somente audiências qualificadas, que automaticamente se transformem em compradores. Por um lado, ganhamos eficiência. Por outro, perdemos impacto e capacidade de mobilizar o público de forma ampla.
Mas vemos que isso está mudando, e dois fatores principais contribuem para isso: a maturidade e alcance de audiência que o meio adquiriu, que possibilita alto impacto; e o avanço no uso de dados e tecnologias, que possibilitam atrelar as vendas que acontecem no meio físico ao investimento no digital.
Há alguns anos o digital é o segundo meio em alcance de consumidores no Brasil. Nos cortes demográficos mais jovens, o digital tem penetração muito similar à da TV – com a diferença de que um celular é checado mais de cem vezes por dia (cem possibilidades de interação para uma marca). Além disso, os formatos de vídeo são hoje predominantes no meio. Tudo isso permite que o universo online possa ser pensado também para criar impacto e não somente entregar pontos de audiência complementares ao longo de uma campanha.
O digital já é maduro o suficiente para assumir protagonismo na construção de alcance. Porém, a possibilidade de construir alcance de modo acelerado não deve substituir a “forma tradicional” de comprar mídia digital. As estratégias devem, então, se complementar. No lançamento de uma campanha, construímos alcance rapidamente com investimento concentrado. O impacto concentrado gera mobilização, e a linearidade cria frequência de forma eficiente. Essa combinação traz o meio digital para o centro da estratégia.
Devido à natureza do meio, ser eficiente na compra de audiência não é suficiente. É apenas o ponto de partida. É importante entender o que acontece depois que o usuário é impactado.
Apesar da maturidade atingida pelo segmento de e-commerce, sabe-se que menos de 10% de todas as vendas do Brasil acontecem online. Ou seja, se não medimos o que acontece no meio físico, estamos deixando de observar o real impacto da mídia digital. Graças às tecnologias que permitem a captura de dados, é possível atrelar o investimento no digital às vendas no meio físico. Portanto, seja por meio de beacons, DMP, Store Visits ou qualquer outra forma, entender o impacto do investimento diretamente no ponto de venda é essencial.
Talvez essa seja a grande mudança pela qual estamos passando. O digital sempre foi visto como um canal que gera eficiência e essa eficiência sempre foi mensurável no próprio ambiente online. Hoje, essa disciplina não só tem a capacidade de entregar quantidade de impactos em formatos que constroem marca e geram tráfego omnichannel, como também conseguimos mensurar esse tráfego e, consequentemente, as vendas. Isso faz toda a diferença para que agência e cliente tenham sempre a mesma orientação: a busca contínua por resultados de negócio.
Compartilhe
Veja também
O perigo por trás das telas
Preocupação constante, a interferência das mídias na formação dos cidadãos, especialmente na infância e adolescência, atinge seu ápice com os efeitos da maciça adesão às redes sociais
Um futuro que dá orgulho de ver
Um ano após uma das maiores catástrofes climáticas do Rio Grande do Sul, estamos otimistas, mas o problema é que precisamos encontrar mais convergências