Dilema das redes para o futebol brasileiro

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Opinião

Dilema das redes para o futebol brasileiro

Crescimento de seguidores dos 14 principais clubes do Brasil desacelera e expansão internacional ainda é algo bem distante da realidade


1 de julho de 2024 - 7h08

Depois de cinco rodadas de apagão na transmissão internacional do Campeonato Brasileiro de 2024 causada essencialmente pela divergência de interesses dos dois blocos que representam os clubes brasileiros (Liga Futebol União e Libra), chegou a vez de constatar um novo problema: o pace de crescimento das redes sociais dos principais 14 clubes do Brasil diminuiu em relação aos anos anteriores. Apesar do saldo positivo de 6,24 milhões de novos seguidores no primeiro semestre, o resultado é 36% menor do que o do mesmo período nos dois anos anteriores.

Esse resultado é puxado majoritariamente pelos quatro clubes do Rio de Janeiro, que apresentaram crescimento menor em todas as redes sociais analisadas: Instagram, X, Facebook e TikTok. Juntos, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, que representavam 44,01% do growth no primeiro semestre de 2023, viram essa performance cair para 29,18%, em 2024. Em números gerais, o crescimento em 2023, que foi de 4,31 milhões, caiu para 1,82 milhão no primeiro semestre de 2024.

Do outro lado da Dutra, o trio de ferro, apelido do trio paulistano Corinthians, Palmeiras e São Paulo, também viu sua performance cair de 3,08 milhões para 2,47 milhões. Essa pequena queda no crescimento, porém, contrasta com o fato de que os clubes paulistas foram os caminhos mais adotados por esses novos seguidores: a representatividade do Trio saltou de 31,44% para 39,59% nos 6,24 milhões de novos seguidores.

Ao aprofundarmo-nos na análise por rede social, nota-se que a maior parte dos clubes detém no Instagram sua principal fonte de aquisição de seguidores. O Bahia, adquirido pelo City Football Group, por exemplo, teve uma concentração de 76,13% dos seus 369,1 mil novos seguidores no Instagram.

E é aí nesse exato ponto que noto e alardeio o maior descompasso dos clubes brasileiros em relação aos principais clubes europeus.

Enquanto aqui a concentração de growth é significativa no Instagram, com Flamengo e Corinthians, por exemplo, registrando 61,75% e 67,14% de seus respectivos growths no Instagram no primeiro semestre de 2024, os clubes europeus, marcas globais – que não sofrem apagões em seus campeonatos! – registram crescimentos vertiginosos no TikTok, rede social que parece estar longe do seu ápice, além de atingir um público mais jovem.

Só para se ter uma ideia, a Juventus, da Itália, registrou 81,93% dos 8,91 milhões de novos seguidores no TiKTok. Vale destacar que esse growth é referente a toda temporada 2023-2024 europeia, iniciada em agosto de 2023 e finalizada em maio de 2024, mas que nada interfere na tendência e no foco diferente dos dirigentes, marketeiros e conteudistas em relação ao que temos trabalhado no Brasil no mesmo período.

O Atletico de Madrid teve 76,56% do seu crescimento no TikTok enquanto o gigante Barcelona teve 44,94% na “rede social da dancinha”, forma pejorativa que algumas pessoas do mundo da bola tentaram definir o TikTok para justificar o pouco foco nessa rede que tem ganhado o mundo inteiro.

Ao mergulhar nos dados dos clubes brasileiros no TikTok através da Tagger, plataforma que nos oferece um raio-x mais apurado geolocalizadamente dos perfis, dá para entender que o trabalho dos clubes brasileiros será árduo para que esse crescimento volte a acontecer de forma pujante. De 13 clubes grandes analisados, 12 têm mais do que 90% dos seguidores concentrados no Brasil. Ou seja: investirá em conteúdo que atinja um público em um novo idioma e ampliará sua presença global ou se restringirá ao mercado local?

Só para critério comparativo, de acordo com os dados da mesma ferramenta, o global Real Madrid apresenta apenas 5,85% dos seguidores na Espanha enquanto o FC Bayern, de Munique, com seu idioma primário mais difícil até que o português, detém 11,38% de seguidores alemães.

E aí? É hora de expandir o limite geográfico ou os clubes brasileiros, que engatinham quando o assunto é receita através de mídia, se contentarão com o berço esplendido do público interno e irrelevância global?

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