2 de agosto de 2023 - 6h00
Em meio aos desafios atuais relacionados aos conceitos de ESG (Environmental, Social, and Governance – ambiental, social e governança), surge a questão: pode a tecnologia ser uma aliada para resolver os problemas sociais e econômicos que enfrentamos hoje? Neste artigo, exploraremos a importância da diversidade, da tecnologia social e dos futuros desejáveis, destacando como a compreensão do “eu”, do “nós” e do “todos nós” pode moldar a evolução tecnológica de forma ética e responsável.
É crucial abordar a questão do “eu” e da consciência de classe. A desigualdade social é um problema latente, e é essencial compreender a disparidade de renda entre o 1% mais rico e a maioria da população. O acesso à informação e ao autoconhecimento é fundamental para que não sejamos manipulados por algoritmos, que cada vez mais direcionam propagandas e influenciam nossas escolhas.
No contexto do “nós”, encontramos comunidades nichadas que se identificam e se organizam para enfrentar desafios específicos. Grupos como pessoas negras, mulheres cis, pessoas com deficiência, comunidade LGBTQIAPN+ e outros têm poder de consumo e potencial econômico significativo. Conhecer o status quo capitalista e seu impacto social é crucial para entendermos como podemos agir dentro da economia.
No contexto de “Todos nós”, é fundamental romper com as barreiras das nossas bolhas e nos conectar além das nossas vivências individuais. A tecnologia, que é um meio, desempenha um papel crucial como ferramenta para a construção de futuros desejáveis. Compreender que a tecnologia digital pode ser social e inclusiva nos permite trazer autonomia e representatividade para grupos historicamente subrepresentados. Entretanto, os desafios apresentados por novas tecnologias, como os deepfakes, enfatizam a necessidade urgente de regulamentações que protejam os direitos individuais e coletivos. À medida que a tecnologia digital avança, devemos compreender que ela transcende as telas de computadores e celulares, adentrando novas dimensões, como a realidade aumentada do Apple Vision. Essas mudanças trazem consigo novos desafios e responsabilidades, como a proteção dos dados pessoais em ambientes 3D. Ao abordarmos “Todos nós”, reconhecemos a importância de partir do singular e da nossa “bolha” para o coletivo, conectando-nos com a sociedade, e também com a natureza e harmonia.
Para construirmos futuros desejáveis, é fundamental não nos limitarmos apenas aos nossos grupos, mas estendermos a conexão para além de nossas bolhas. A tecnologia digital pode ser uma ferramenta poderosa nesse sentido, trazendo autonomia para grupos subrepresentados e resolvendo problemas sociais enquanto gera lucro e benefícios para a sociedade.
O exemplo do Bar de Respeito é um caso inspirador que demonstra como a tecnologia digital pode conectar lugares e comunidades acolhedoras para a comunidade LGBTQIAPN+. Com mais de 40 mil usuários e milhares de visitas por mês, essa plataforma online atua como um marketplace de valores em crescimento, aproximando locais amigáveis à comunidade LGBTQIAPN+ e oferecendo cursos de diversidade gratuitos. Essa iniciativa nasceu da compreensão das necessidades da própria comunidade, utilizando a tecnologia como uma ponte para promover a conexão e o empoderamento de seus membros. Além disso, a parceria estratégica com a Ambev tem impulsionado ainda mais o impacto positivo do projeto, ampliando seu alcance e promovendo conscientização e respeito à diversidade, demonstrando o poder da colaboração entre empresas e comunidades para ações socialmente responsáveis.
Unir tecnologia humana e digital é a chave para hackear um futuro desejável, onde a tecnologia seja empregada como um meio para fortalecer a conexão entre pessoas, culturas e perspectivas. Assim, podemos almejar um mundo mais inclusivo, onde cada indivíduo se sinta representado e respeitado.
“Sempre que há consciência, estamos falando de tecnologia humana. Sempre que há um trabalho em que uma máquina pode realizar, é um trabalho desumano.” – enfatiza Ligia Zotini, renomada especialista em tecnologia e inovação. Suas palavras ressaltam a importância de reconhecer que a tecnologia assume diferentes formas: humana e sintética. Enquanto a tecnologia humana está intrinsecamente ligada à consciência e ao trabalho realizado por seres humanos, a tecnologia sintética é executada por máquinas e algoritmos. É essencial compreender que a tecnologia digital é apenas uma das manifestações tecnológicas, e que outras formas de tecnologia, como as comunitárias, também desempenham um papel essencial em nossa sociedade. Nesse contexto, é fundamental explorar a sinergia entre essas diferentes abordagens tecnológicas, entendendo como elas podem trabalhar em conjunto para impulsionar futuros desejáveis e promover a inclusão social, conectando e valorizando tanto as contribuições humanas quanto as sintéticas para um mundo mais consciente e harmonioso.
Ao abraçarmos essa abordagem e compreendermos a importância do autoconhecimento, podemos evocar novamente a sabedoria compartilhada por Ligia Zotini: ‘Conheça-te a ti mesmo, senão o algoritmo vai.’ Assim, poderemos construir um futuro no qual a tecnologia seja genuinamente a serviço do ser humano e contribua para a construção de uma sociedade mais harmoniosa, próspera e sustentável. Conhecer a nós mesmos é fundamental para evitar a manipulação dos algoritmos e garantir que a tecnologia esteja alinhada com nossos valores e necessidades.
Que possamos, juntos, construir esse futuro desejável, valorizando nossa diversidade e empoderando cada indivíduo e meio ambiente em sua singularidade. Somente assim, poderemos transformar a tecnologia em uma ferramenta verdadeira aliada em busca de um mundo melhor para todos nós