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Opinião

Do outro lado do balcão

Empresas de comunicação estão cada vez mais próximas de serem empresas de tecnologia e foi justamente essa transformação de mercado que me fez aceitar um novo desafio


22 de janeiro de 2024 - 14h00

Muita gente me pergunta como tem sido minha experiência “do outro lado do balcão”. Por 25 anos, fui cliente e anunciante em grandes empresas, como a P&G e a J&J, mas também liderei o crescimento de uma startup até ela se tornar um unicórnio, a Único. Comunicação e construção de marca sempre foram o cerne do meu trabalho. E tudo isso foi feito com parceiros estratégicos fortes: as agências.

Venho de escolas de negócios que enfatizam que o melhor resultado é alcançado construindo confiança, longevidade e comprometimento na relação cliente-agência. Meus melhores resultados vieram de épocas em que era difícil distinguir quem era agência e quem era cliente no time de trabalho. Portanto, minha admiração por este lado do balcão sempre foi imensa.

Por outro lado, como anunciante, fui sentindo a fragmentação da comunicação e toda a especialização que ela foi exigindo, criando uma grande complexidade interna. Os departamentos de operação de marketing nos clientes são cada vez maiores, quando os headcounts poderiam estar focados em entender os consumidores, inovar em produtos, pensar no go-to-market etc.

Fazer parte de um grupo de comunicação que se propõe a oferecer todas essas especialidades gerenciando problemas através da relação com a agência da marca me remeteu à máxima que aprendi na P&G: “Consumer is the boss”. Ou seja, quem manda são os clientes, que não querem gerenciar toda essa complicação e, cada vez mais, querem parceiros que resolvam seus problemas e os ajude a crescer.

“Mas, agora que o mercado mudou, você foi para agência?.” Essa também foi uma pergunta
recorrente. E é exatamente porque o mercado está se transformando que eu decidi aceitar esse desafio. Se, em muitos setores, a tecnologia trouxe simplicidade e rentabilidade, na comunicação ela trouxe mais complexidade: times maiores, processos e margens apertadas. Esse cenário exige um olhar de produtividade, de processo, exige que tiremos o melhor dos dados. As empresas de comunicação estão cada vez mais próximas de serem empresas de tecnologia, em que o core passa pela transformação dos dados em insights de mídia, de criação e de negócio. Além disso, a inteligência artificial já está presente em ferramentas, processos de planejamento e execução, na criação, no conteúdo. Podemos cada vez mais personalizar em massa e fazer com que realmente a mensagem esteja adequada ao target e ao contexto. Ao mesmo tempo, o craft é cada vez mais valorizado, gera diferencial, exclusividade.

Diante desse panorama em constante evolução, optar por ingressar no universo das agências representa um compromisso com a inovação e a adaptabilidade. O dinamismo tecnológico trouxe consigo não apenas desafios, mas também oportunidades únicas. Ao abraçar a mudança, reconheço a necessidade de não apenas acompanhar, mas antecipar as demandas do mercado.

Aqui, o mundo do feito à mão se encontra com o mundo da escala.
Não é incrível poder participar dessa revolução?

Outro fator fundamental para minha decisão foi o fato de ser uma indústria formada por pessoas com o poder de pautar a sociedade por meio de ideias e conceitos que impactam milhões todos os dias, o que é uma grande responsabilidade. Estar em um ambiente que acredita na diversidade de olhares, de backgrounds e que é desta mistura que saem soluções criativas, me traz energia e, ao mesmo tempo, um desafio de gestão constante. Fazer de nossas agências ambientes em que todos queiram estar e crescer, e que elas representem cada vez mais a sociedade em que estamos inseridos, faz com que eu acorde todo dia acreditando que estou do lado certo do balcão!

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