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E se o Big Brother não for bobagem?

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Opinião

E se o Big Brother não for bobagem?

A pauta diversidade reina na atração. Se algum dia foi corpo, hoje é mais cérebro


18 de fevereiro de 2022 - 6h01

(Crédito: Reprodução / Instagram)

Lembra das intimidades reveladas debaixo do edredom? Houve um tempo em que o BBB permeava esse limitado universo de interesse: o da sensualidade juvenil, o desejo carnal entre brothers e sisters de corpo esbelto e padrão manequim. Os afetos dos enclausurados pautavam as manchetes das revistas de fofoca do Brasil; e eis o entretenimento do país, ou grande parte da sua graça, da televisão dos idos anos 2000.

O tempo passou, a oferta midiática ampliou o cardápio — saudável e mais democrático, enfim — e as redes sociais engoliram o nosso interesse. Deixamos de ser espectadores, pautados e passivos; o anônimo foi apresentado ao mundo e ganhou voz, tendo na palma da mão seu megafone de interesses sociais. E a fórmula do BBB já não contagiava mais: desconectou-se da vida real, do interesse e até da mentalidade do brasileiro médio. Tornou-se mais um! Mais um programa padrão, em horário padrão, de emissora padrão.

Mas se desaprendeu a ser interessante — o que é comum na perecividade do gosto da massa — redescobriu como ser onipresente na crítica de um país. Desde o seu lançamento está ininterruptamente nos trending topics do Twitter e lidera com folga as buscas do Google. Renasceu quando trouxe a internet para jogar no seu campinho: combinando desconhecidos com famosos televisivos e virtuais. Combinando marcas e seus propósitos de mercado. Combinando a sociedade com as suas bandeiras, quereres e dores. Combinando anônimos com oportunidades de nova vida. Combinando com o Brasil, de novo.

Se antes era forma, agora é causa — sobretudo. A pauta diversidade reina na atração. Se algum dia foi corpo, hoje é mais cérebro do que bíceps e bunda. Juliette Freire, campeã da última edição, virou case mundial de marketing de influência. Se antes era um deserto para quem buscava debater política, economia e sociedade, hoje é campo fértil como observatório psicológico e social. Prova disso é a última pesquisa da Buzzmonitor: 84% dos telespectadores falam sobre eleições, citam presidenciáveis e suas posições.

Se BBB era uma grande bobagem, como seu pai dizia alto na sala enquanto baixava o volume da televisão, hoje é um insumo agregador de entendimento no mutável ecossistema do marketing de valor. Aprendizado, meus caros. E atenção: aprender não significa ser refém da concordância; mas contrariar, achar que está errado e até descartar. Trata-se de uma escola contemporânea de convergência na comunicação humana, de publicidade criativa e profundamente corajosa, evidente; de presença de marca, de gestão de imagem, de reputação e também de crise. Oportunidade de negócio, afinal. Esta edição representa R$ 690 milhões em cotas publicitárias, segundo a Fitch. Quase 100% delas fechadas a 60 dias do início do jogo.

Quando o seu cliente tem relação com o BBB, ainda que indireta ou possível, você sente de perto o impacto deste trampolim midiático e sociocultural. Quando ele ainda não está tão perto de você, talvez seja inteligente se aproximar desta roda de conversa nacional — não para amar ou virar fã, mas para entender melhor este chão que é nosso. Apreciar BBB não é uma regra de quem vive da comunicação, mas ter abertura para conhecer e evoluir deveria ser. Do contrário, cuidado: você está no paredão.

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