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Opinião

Em casa de marketeiro, o espeto é de…

Assim como atletas e artistas, todos nós que trabalhamos com propaganda também temos um privilégio de poder influenciar muito o mercado


19 de julho de 2021 - 13h46

(Crédito: Selimaksan/iStock)

As Olimpíadas estão prestes a começar e, se tudo for como nas últimas edições, mais de 100 recordes serão quebrados. Alguns desses atletas escolhem focar em ter uma super performance e voltar para casa com uma medalha no peito. Outros decidem ir além. Fazem um discurso, uma homenagem, um gesto. Levantam uma bandeira, começam uma conversa, colocam o holofote em algo que acham ainda mais importante do que a sua própria vitória histórica.

Já reparou como o Oscar virou uma festa de discursos relevantes? Miraram em uma noite para celebrar as melhores atuações e produções, mas acertaram em um evento influente, no qual os agradecimentos são carregados de impulsos à sociedade.

Assim como os atletas e artistas, todos nós que trabalhamos com propaganda também temos um privilégio de poder influenciar muito o mercado. E de várias formas. Primeiro porque nossas comunicações são vistas por muitas pessoas. E, segundo, porque os produtos e serviços que vendemos também facilitam (e, com isso, mudam para melhor) a vida de muita gente. Mas existe uma forma de mudar o mercado que usamos muito pouco. E é sobre dizer o que pensamos.

Somos um grupo que tem excelente visão geral dos negócios, bom entendimento da sociedade e das necessidades das pessoas. Também temos forte noção dos riscos e responsabilidades. E, para completar, sabemos nos comunicar bem. Mas porque usamos tão pouco essa capacidade fora da nossa descrição de cargo?

Preguiça, preconceito, falta de tempo, restrições da função? Pode ser, são barreiras que precisam ser vencidas. Mas não diga que é falta de oportunidade. Hoje em dia ninguém precisa esperar até que um microfone seja colocado em sua boca para falar. Ele já está lá há bastante tempo e atende pelo nome de “suas redes sociais”.

De certa forma, um profissional de marketing que passa um ano sem publicar nada em suas redes equivale a um daqueles atores que, ao ganhar um Oscar, sobe ao palco, pega a estatueta e simplesmente diz ao microfone: “Sem palavras”, e desce de volta. Uma oportunidade desperdiçada de plantar uma semente.

Eu percebi que poderia melhorar nisso há pouco tempo. Para o meu completo espanto, meus conteúdos já são visualizados mais de um milhão de vezes por mês. São artigos, posts, podcasts ou palestras com as minhas ideias pessoais – correndo soltas por aí. E não é porque eu sou um especialista nisso. Conheço gente que escreve muito melhor que eu. Também conheço marketeiros que poderiam me dar aula de oratória. Ou de criatividade. Só que eles não compartilham tanto conteúdo. Pelo menos não com tanta constância.

Sobre o que escrevo? Sobre o que penso. E sobre o que acho relevante para os outros. No fundo, isso é muito parecido com fazer marketing. Tem gente que acha ridículo eu me apresentar como João Branco “do Méqui”. Mas também tem quem ache genial. Faça como você preferir, mas, por favor, coloque a boca nesse trombone!

Você não precisa virar um caçador de curtidas, de seguidores ou de comentários. Quando “marketeamos” nossas ideias mostramos nossas raízes, formamos opinião e ajudamos a melhorar o mercado. Você pode nem perceber, mas somos “influenciadores de influenciadores”. Nossos pontos de vista podem realmente fazer a diferença. Se soubermos expressá-los.

Quanto mais escolhermos expor nossas ideias, mais reflexões precisaremos fazer. Quanto mais ativos formos nas redes sociais, mais aprenderemos sobre o seu funcionamento. Não sei o jeito perfeito de fazer isso, porque também estou aprendendo. Mas escrevo para te convidar a aprendermos juntos. E, se um dia, alguém perguntar se você gerencia a sua própria reputação como se fosse a de uma marca, vai poder responder: “em casa de marketeiro, o espeto é digital”.

*Crédito da foto no topo: Ajwad Creative/iStock

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