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Uma reflexão sobre este começo de ano e o que esperamos de novos ciclos


17 de fevereiro de 2025 - 16h00

Todo começo de ano, ou até no fim do ano anterior numa tentativa de capturar mais leitores, quem trabalha com marcas, em suas diversas áreas, já conhece o cenário: uma chuva de relatórios de tendências de todas as fontes possíveis. São materiais nacionais, internacionais, traduzidos, adaptados—um volume imenso, cada um trazendo suas perspectivas sobre o que esperar e quais oportunidades podem surgir no novo ciclo.

A partir daí, certas análises começam a reverberar e, inevitavelmente, os mesmos temas passam a ecoar entre nossos analistas favoritos. Eles aparecem nas newsletters, nos perfis das redes sociais e nos tradicionais textões do LinkedIn. Até aqui, nada de novo.

Neste começo de 2025, entrei o ano ainda tão imersa em um 2024 intenso—tão desafiador e marcante que janeiro parecia apenas uma continuação, um 2024 barra 2. Com essa sensação de transição arrastada, tudo o que eu queria era desconectar: estar menos nas redes, mais presente com as pessoas que gosto, mais conectada ao agora. Quis falar menos sobre o que penso, criar menos expectativas, fazer menos barulho, ter menos listas… menos de tudo.

E qual não foi a minha surpresa ao ler a newsletter da Bia, da Bits to Brands, e encontrar justamente essa ideia: a tendência de desconectar depois de um período de hiperconexão nas redes. E de tudo o que tenho lido, duas tendências ressoaram profundamente com essa minha sensação pessoal.

A primeira, chamada The Analog Movement (ou Movimento Analógico), do relatório The Future 100, fala sobre como nossa hiperconexão e exposição excessiva às telas nos levou à beira do burnout, impulsionando um contramovimento em busca do desconectar—valorizando interações pessoais e uma reconexão com a natureza.

A segunda, Sensescaping (ou Escapada Sensorial), da TrendWatching, reforça essa tendência, mas acrescenta uma nova camada: a busca pelo autoconhecimento por meio de experiências imersivas e sensoriais individualizadas.

Essas duas perspectivas, unidas, me levaram a uma reflexão sobre a necessidade de (re)conexão com os outros e com nós mesmos, e como essa jornada também passa pelo sensorial, trazendo uma dimensão importante sobre expectativas de experiências.

Depois disso tudo, dois pensamentos se desdobraram: não estou só (na verdade, quase nunca estamos) e mas se todo mundo tá assim, o que resta para as marcas que recorrem às redes para tentar estabelecer conexão?

Minha resposta é curta: não sei. E, sinceramente, nem tenho a pretensão de oferecer uma resposta rápida para essa questão. Inclusive, muitos nem concordaram com esse cenário como sendo algo realmente relevante. E tudo bem, afinal nossa área não trabalha com respostas certas, mas com intenções certas, com momento certo…

Diante disso, voltei meu pensamento sobre nossa humanidade e nossa necessidade de pertencimento. Quem trabalha ou trabalhou comigo já me ouviu falar sobre esse conceito que nos é tão basal e é tão poderoso para nossa existência como espécie. Para pertencer é preciso um olhar atento e humano.

Não é sobre ser autocentrado, de exaltar nossa marca e dizer como somos incríveis (inclusive, já faz tempo que essa não é uma fórmula lá muito válida), e sim sobre reconhecermos no outro algo que também nos é importante e que podemos, de fato, construir conexões genuínas e significativas, que façam sentido para todos os lados.

Muito dito, pouco simples.

Talvez, diante desse início de ano caótico, o melhor convite seja darmos aquele passinho para trás. Desconectar um pouco e tentar olhar além das telas e resgatar a conexão humano a humano (H2H, como muitos já chamam). Buscar interações genuínas — que, aliás, nem sempre precisam acontecer online.

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