Embalando um mundo mais sustentável

5 de outubro de 2022 - 6h00

(Crédito: Troyan/shutterstock)

Os hábitos de consumo seguem em constante mudança e adaptação. Os meios de compra por delivery e e-commerce, por exemplo, que configuraram os principais canais nos últimos dois anos, contribuíram diretamente para as escolhas dos consumidores, que passaram a estar mais atentos ao que estavam consumindo e como suas ações diárias estariam impactando no futuro do planeta.

Todavia, é praticamente impossível pensarmos em consumo de bens e produtos sem levar em conta a questão das embalagens estar conectada com a produção de resíduos. De acordo com dados do Banco Mundial, atualmente produzimos dois bilhões de toneladas de lixo todos os anos, uma preocupação iminente, já que a população mundial deve crescer na casa dos 25% até 2050. Como será possível administrar o descarte de tamanha quantidade de materiais? A resposta é simples e desperta nosso senso de urgência: não será. Precisamos repensar nossas ações antes que seja tarde demais.

Diante dessas constatações e as rápidas providências que pedem, temos visto marcas e consumidores dando novos passos para reverter e regenerar esse cenário. De um lado, empresas seguem trabalhando pela inovação de apresentar produtos cada vez mais sustentáveis, e de outro, um público engajado em adquirir itens que contribuam para o equilíbrio dos ecossistemas e as consequentes mudanças climáticas.

Em nível Brasil, de acordo com um levantamento do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), 72% dos consumidores de aplicativos de entrega optaram por receber seus pedidos em embalagens biodegradáveis. Outro estudo, realizado pelo Mercado Livre a partir de dados de sua plataforma, entre abril de 2021 e março de 2022, apontou que 91% dos brasileiros estão preocupados com a atual situação ambiental, fator que dobrou o consumo de itens com tal apelo.

Então, quais as estratégias a serem adotadas pelas companhias que ainda não absorveram completamente essa consciência de reimaginar seus negócios e meios de atuação?

Para entrar de vez nessa jornada, as marcas precisam ter em mente os princípios básicos que fomentam a sustentabilidade de suas operações: trabalhar em inovações que impulsionam a criação de produtos de alto desempenho, que poupem o uso de recursos naturais; agregar transparência em sua cadeia produtiva, com tecnologias que permitam acompanhar todo o ciclo de vida dos produtos, começando pela escolha de matérias-primas de origem responsável; e desenvolver soluções que promovam a economia circular, permitindo a reciclagem e reaproveitamento de diversos materiais, dando vida nova aos resíduos que antes seriam direcionados aos aterros sanitários.

Atuando em parceria com o setor de embalagens, vemos hoje uma forte tendência verde no segmento de rótulos e etiquetas. Como interface direta com o consumidor final, essas soluções devem promover a transparência das marcas, reunindo todas as informações do produto de maneira clara e inteligente, em sintonia com os princípios da sustentabilidade adotados pela indústria.

Há progresso constante no desenvolvimento de materiais inovadores para rótulos e etiquetas que possibilitam embalagens recicláveis, empregam materiais reciclados e renováveis ou provenientes de fontes responsáveis. Algo que tem crescido exponencialmente é a adesão às novas tecnologias, como RFID, que ajudam empresas a reduzir o desperdício e aumentar a eficiência em toda a cadeia de suprimentos. Os rótulos inteligentes podem ter um impacto especialmente significativo no segmento de alimentos, onde o desperdício é um problema caro e uma questão moral. Eles também podem ajudar marcas em muitos segmentos a engajar melhor os consumidores, compartilhando informações de sustentabilidade mais detalhadas e fornecendo orientações específicas sobre como reutilizar ou reciclar embalagens. Além disso, a busca por conexão entre os elos da cadeia é essencial para promover a circularidade dos resíduos de toda a indústria de rótulos e embalagens.

O caminho para a sustentabilidade pode, a princípio, parecer desafiador. Mas desde que cada um faça sua parte, marcas e cidadãos, unidos pelo legado de um mundo regenerado, equilibrado e próspero às próximas gerações, essa gestão de mudança transcende as metas de responsabilidade socioambiental. O mindset agora é outro e aos poucos segue permeando a consciência do coletivo: como posso salvar o meu planeta hoje?