Entrando no jogo com 82 milhões de brasileiros
O País já é a 5ª maior nação gamer com uma geração de receita que bate US$ 1,7 bilhão e plataformas viraram espaços sociais e de inovação
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Encerrei minha coluna anterior, aqui neste espaço, com uma observação sobre games e como eles também têm se transformado em plataformas sociais. Fiquei pensando sobre a minha própria experiência e, quando começamos a olhar dentro da empresa sobre onde estávamos e quais os caminhos queríamos tomar, fizemos uma chamada informal para entender se tínhamos, dentro de casa, um contingente de interessados. E foi nesse momento que me senti uma desconectada ou, para entrar na onda, uma cringe! Descobri um monte de gamers, ali, ao meu lado, falando sobre, trocando impressões, em um universo muito particular. Quer dizer, tudo bem embaixo do meu nariz, inclusive dentro de casa, com meu filho de seis anos também já dando seus passos na gameficação.
Aí, olhando alguns dados a respeito do crescimento e do potencial, dá para entender o porquê de realmente o universo gamer estar se consolidando como um espaço importante de interação, de conversa. Segundo a Newzoo, empresa especializada na análise do mercado de jogos, o Brasil já é a 5ª maior nação gamer com uma geração de receita que bate US$ 1,7 bilhão. Na América Latina, ocupamos o 1º lugar. E sabemos que temos um contingente de 82 milhões de brasileiros que jogam!
A pandemia, por sua vez, além de acelerar essa tendência com a entrada no jogo de novos consumidores que buscavam diferentes formas de entretenimento dentro de casa, também deu maior relevância à socialização pelos games. A possiblidade de se conectar com outras pessoas dentro de um ambiente de interesses comuns torna-se um atrativo para muita gente. A expectativa, mesmo com a reabertura e a retomada gradual das atividades pelo mundo, é de que os gamers manterão as plataformas como canais de interação social. Um efeito colateral positivo que, ao que tudo indica, veio para ficar – e, para muitos, pode ser até mais valioso do que o jogo em si.
Outro ponto interessante é que o público gamer apresenta também maior engajamento: 49% consomem conteúdo do universo dos jogos; 32% compram conteúdos; 25% já compartilharam suas experiências em streaming e 90% lembram de marcas patrocinadoras não-endêmicas, o que confirma o tamanho do potencial para as empresas. O que temos visto é que os gamers, de forma geral, valorizam muito a autenticidade e, por isso, a abordagem das marcas precisa ser, além de inovadora, lateral, convidando essa audiência para os processos de cocriação para realmente fazer a diferença. Temos fomentado processos de inovação aberta para trabalhar no universo gamer e, nos mapeamentos desses ecossistemas, identificamos quase 400 start-ups atuando nesses territórios.
O Beto Vides, da eBrainz, consultoria especializada no tema, diz que os milhões de brasileiros que estão jogando nas diferentes plataformas não se definem por um único comportamento, mas por distintos hábitos, preferências, jogos, comunidades. Por isso, entender as peculiaridades de cada um é um passo essencial para estabelecer uma comunicação consistente – muito do que já temos comentado aqui neste espaço sobre a expectativa crescente pela personalização.
Também um claro valor de se estabelecer uma conexão firme com os gamers é que eles estimulam a diversidade. É certo que a acessibilidade vai ser chave para se atrair uma audiência cada vez mais diversa e certamente as empresas do setor estão atentas a isso. E, assim como você, eu, nossos amigos, conhecidos etc., os gamers também querem que as empresas tomem posições na sociedade. Aquelas que genuinamente respondem aos movimentos sociais/culturais são mais reconhecidas. Pesquisa de Newzoo de 2020 mostrou que quase a metade de todos os jogadores dos Estados Unidos sentem-se mais propensos e engajados para jogar os jogos das empresas que têm postura ativa.
Para além de todas as tendências e perspectivas, o fato é que esse mercado deverá reunir, em 2021, em torno de 2,7 bilhões de gamers em todo o mundo. Hoje já se movimenta globalmente US$ 175 bilhões nesse universo. As receitas podem até diminuir um pouco este ano com as pessoas buscando outras atividades não relacionadas aos jogos, mas a tendência do uso das plataformas como espaços sociais deverá permanecer já que a experiência tem sido positiva. Ficar de fora dessa conversa é desperdiçar um terreno muito fértil para a inovação e para continuar promovendo as transformações que consideramos essenciais para alcançarmos um futuro melhor para todo mundo.
*Crédito da foto no topo: Reprodução
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