ESG: do jargão às iniciativas inevitáveis
Falta de recursos financeiros, ausência de métricas claras e escassez de profissionais com qualificação são entraves para avanço das práticas nos negócios
Falta de recursos financeiros, ausência de métricas claras e escassez de profissionais com qualificação são entraves para avanço das práticas nos negócios
Pode parecer repetitivo, mas a realidade é que as questões de sustentabilidade, governança e responsabilidade socioambiental são mais pertinentes do que nunca. Apesar de muitas pessoas acharem que o tema está saturado, a verdade é que ainda há um longo caminho a percorrer para que essas práticas sejam, de fato, integradas às nossas estratégias de comunicação. O desafio de adaptar as operações para serem mais sustentáveis e de falar sobre as mudanças de forma autêntica e eficaz está aí. Como profissional de Comunicação dedicada ao assunto, percebo uma lacuna significativa entre o reconhecimento da jornada ESG e sua verdadeira implementação nas marcas que representamos.
Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Instituto Data-Makers e a CDN, destacada pelo Meio & Mensagem, revelou um ponto preocupante: embora a maioria das lideranças de marketing reconheça a importância das práticas de sustentabilidade, poucas têm um entendimento profundo do tema. Essa desconexão limita a capacidade das empresas de agir e, assim, de comunicar suas iniciativas.
Os principais obstáculos para uma integração efetiva dessa jornada às operações corporativas incluem a falta de recursos financeiros, a ausência de métricas claras e a escassez de profissionais com qualificação. Essas barreiras dificultam a relação de confiança e engajamento com stakeholders por meio de uma comunicação clara e responsável.
Para consolidar essa mudança, é crucial transformar a narrativa ESG de uma coleção de jargões para uma parte essencial e autêntica das histórias que contamos sobre nossas marcas. Isso requer um esforço intencional para desenvolver estratégias que resultem nas propagandas que gostamos de ver: informativas e envolventes, mas também transparentes e mensuráveis.
Algumas marcas já conseguem refletir a estratégia das empresas e estão na vanguarda dessa transformação, mostrando que é possível alinhar, de forma bem-sucedida, as operações de negócios com ações socioambientais e comunicá-las de modo eficaz. Essas campanhas são fundamentais.
Acredito que podemos nos posicionar na linha de frente dessa transformação, criando ideias incríveis e promovendo tanto a conscientização quanto a ação assertiva. Não é necessário fazer promessas impossíveis ou se comprometer com prazos de transição que não serão cumpridos. A verdadeira sustentabilidade começa com compromissos claros e uma comunicação transparente, que tornam as práticas de sustentabilidade pilares centrais da identidade de marca.
Essa jornada pode parecer complexa, mas é essencial para garantir que o futuro das nossas marcas seja tão sustentável quanto o mundo que esperamos criar. Como discutido pela professora Rebecca Henderson, no livro Reimagining Capitalism in a World on Fire, da Harvard Business School, a questão é o impacto do seu negócio no futuro do planeta e o que restará do planeta para o futuro do seu negócio.
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