Espelho espelho meu, existe publicitária mais perfeita do que eu?
Em um mercado famoso por grandes egos, quem poderia prever que os humildes seriam a chave para a mudança?
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Não é segredo pra ninguém que a publicidade foi, por décadas, uma profissão movida por grandes egos. Don Draper em toda a sua majestade ilustrou bem esse cenário por sete temporadas inteiras.
Ainda me lembro como se fosse hoje de uma experiência em uma das primeiras agências que trabalhei, ainda estudante universitária, quando o meu diretor de criação gritou comigo em público porque eu tinha aceitado uma proposta para trabalhar em uma área criativa que ele considerava inferior a dele. Na sua visão, eu estava perdendo a oportunidade mais importante da carreira. Ele nem deve lembrar de mim mais, mas se lembrar, queria dizer que me saí muito bem dali pra frente. Provavelmente ele responderia que foi sorte.
Nunca fiz questão de alimentar egos inflados, sempre pude optar por trabalhar com pessoas legais e tentei ser uma pessoa legal também. Já escrevi e falei várias vezes sobre minhas frustrações com o mercado publicitário e acho justo enaltecer o que tenho visto de bacana por aí também. As coisas estão mudando, e estão mudando rápido.
Em um dos meus artigos passados falei sobre ter vivido grandes avanços tecnológicos nos meus vinte anos de carreira, e aqui quero falar sobre outros avanços. Nossas vulnerabilidades têm ganhado cada vez mais espaço e acolhimento no mundo corporativo, e isso tem um potencial gigantesco de transformar a publicidade. Ouso dizer que potencial ainda maior do que o da inteligência artificial. Só os humanos são capazes de transgredir.
Cada vez mais vejo as agências se preocupando em ter ambientes saudáveis e pessoas trabalhando felizes. O compromisso com a diversidade também está se tornando uma pauta real. Gestores e pessoas tóxicas estão perdendo espaço para profissionais humildes. Que veem a hierarquia como necessidade operacional, mas que jamais deixam que ela interfira nas relações pessoais. Que não têm resposta pra tudo e confiam em quem sabe mais sobre alguns assuntos. Que se mostram abertos para dividir o seu conhecimento, para permitir que todos tenham oportunidade de se desenvolver e que tenham voz também.
Já imagino as críticas a esse artigo porque, sim, o mercado publicitário ainda tem chão pela frente. Mas os processos demoram e precisamos respeitá-los. Temos sim muito pra melhorar e a mudança está acontecendo, ela é real. Quanto mais pessoas que querem um mercado
diferente se unirem, mais força teremos para a transformação acontecer. Não, eu não acho que teremos o ambiente perfeito um dia, isso é utopia, mas podemos ser muito melhores.
Hoje vejo os jovens publicitários dando limites. O ambiente tem sido mais colaborativo, as áreas estão se integrando mais. Lembrem que venho de uma escola na qual a criação era soberana, então ver os trabalhos sendo feitos de mãos dadas é um sonho realizado. Nunca acreditei que um departamento seja mais importante do que o outro. Todos são fundamentais para uma ideia ganhar vida, não é à toa que eles existem.
Tenho muita sorte de ter cruzado com líderes que me deram a autonomia necessária para crescer, que confiaram nas minhas ideias e nos meus direcionais. Eles me ensinaram a ser uma líder que continua aprendendo todos os dias e isso não tem preço. Que os egos continuem dando espaço para a humildade. Nem o espelho tem mais paciência com quem não enxerga ninguém além de si.
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