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Ética digital: você segue?

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Opinião

Ética digital: você segue?

O consumidor está cada vez mais atento ao que as empresas estão fazendo com os dados que fornecem e cobra transparência


24 de outubro de 2019 - 17h31

(Crédito: Matejmo/iStock)

Marketing de influência, ferramentas de engajamento e bots de compartilhamento de conteúdo são alguns dos assuntos relacionados ao mundo do marketing digital mais discutidos atualmente. O avanço da tecnologia fez com que o modo como as pessoas consomem e disseminam informações mudasse, pois estes sistemas baseados em inteligência artificial e automação permitem que decisões sejam tomadas sem interação humana.

Isso coloca sob holofotes debates como quais são as questões éticas estabelecidas nesse novo processo comunicativo e até onde as empresas desenvolvedoras dessas ferramentas podem ser responsabilizadas. O consumidor está cada vez mais atento ao que as empresas estão fazendo com os dados que fornecem e cobram transparência. Esse tema já vem sendo bem discutido entre C-levels de companhias de todo o mundo a fim de se desenvolver e colocar em prática princípios éticos que orientem as suas atividades, pois cada vez mais os avanços em inteligência artificial (IA) e big data têm trazido à tona assuntos éticos não intencionais com potencial de gerar grandes conflitos.

Porém, ainda existe uma lacuna entre o que se é discutido e o que realmente está sendo feito. Recentemente, uma pesquisa realizada pela consultoria de transformação digital da Avanade mostrou que 82% dos tomadores de decisões em empresas concordam que ética digital é o elemento fundamental para o sucesso na IA. Por outro lado, a pesquisa também mostrou que 81% não confiam na capacidade das organizações preparem adequadamente sobre o tema.

Tendo em vista que a IA de conversação tem uma taxa de adoção de 32% e quase 50% das empresas estão realizando testes com a tecnologia, quais são as práticas que devem ser norteadas por valores e princípios que uma empresa pode adotar na hora de apresentar novas tecnologias de interação, evitando preconceitos?

Esse questionamento deve ser a base de qualquer iniciativa e, a partir das respostas obtidas, identificar processos éticos internos para reproduzi-los em seus produtos e serviços. Desta forma, cria-se um elo de confiança tanto com seus clientes quanto com os colaboradores.

Quando se trata de uma estratégia de marketing — por exemplo, o desenvolvimento de uma campanha, na qual se considera o uso de dados previamente obtidos em sua base — deve-se considerar o que é moralmente aceito pelo seu consumidor. Identificar essa linha é a chave para seguir de forma ética e intensificar a relação de confiança, pois se torna um guia que auxilia a desenhar os passos que precisam ser dados.

Seguindo o que faz a GDPR (General Data Protection Regulation) nos países da União Europeia, o Brasil também começa a regulamentar a prática através da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) com penalidades pesadas para quem não observar as proteções e transparências exigidas na lei. Porém, até mesmo maior do que a LGPD, a quebra de confiança dos consumidores em uma determinada marca ou produto, associada à velocidade de disseminação de informação, pode acabar com a reputação e gerar verdadeiras crises através de posts e encaminhamentos, matando marcas do dia para a noite, por mais sólidas que estejam.

Então, muitas vezes nos deixamos levar pelas oportunidades sem fazer uma análise completa das consequências que isso pode trazer. Precisamos definir as barreiras éticas das nossas companhias e ações com base no que o nosso público se sente confortável. Essa régua tem que ser flexível, pois o que pode ser aceito por um, é incabível para outro. O segredo é encontrar o equilíbrio.

Um exemplo positivo desse respeito a todo o ecossistema são as direct brands, marcas que utilizam justamente da sua capacidade de criar uma rede de influência para gerar o seu business, independentemente de serem as fornecedoras do serviço final que estão entregando.

Para atingir a excelência neste assunto e viver sob uma ética digital que respeite as barreiras de cada indivíduo e atenda os interesses de todas as pontas do negócio, a receita do sucesso é manter o diálogo aberto com o seu ecossistema para saber até onde os seus clientes, parceiros e colaboradores consideram correto. E utilizar os dados respeitando esses limites.

**Crédito da imagem no topo: Rozkmina/iStock

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