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Opinião

Eu não estou pronto

Se você também se sente desconfortável, se perguntando se está no lugar certo, ótimo


25 de setembro de 2024 - 6h00

Não estou pronto. Nunca estive. E, talvez, esse seja o ponto. “A mudança é o motor da liderança. E uma liderança eficaz surge, em grande parte, da capacidade de navegar no incerto e no desconhecido.” Essa frase do autor e professor da Harvard Business School, John Kotter, me fez refletir sobre isso.

Liderar não é sobre estar completamente pronto para cada desafio novo que aparece. Pelo contrário, é sobre abraçar o desconforto da incerteza e avançar, apesar disso. O processo de reinvenção torna-se, então, não uma escolha, mas uma necessidade. O que nos trouxe até aqui não será o que nos levará adiante.

Na DM9, uma agência com ambições que vão além do óbvio, faço essa pergunta a mim mesmo todos os dias: “Sou a pessoa certa para liderar neste momento?” A resposta, muitas vezes, é “não”. E essa é uma realidade que aceito com serenidade. O foco, na verdade, não está em estar plenamente preparado, mas em transformar esse desconforto em uma alavanca para o crescimento.

Pode parecer clichê ou papo de coach a frase da pesquisadora Brené Brown “a vulnerabilidade é a medida mais precisa da coragem.” Mas o fato é que liderar exige essa coragem — a disposição de encarar o desconforto, questionar-se e usar essa incerteza como combustível para a mudança. Em vez de ceder à síndrome do impostor, escolho transformar essa inquietação em crescimento.

Liderar um negócio como a DM9, reconhecida como a agência mais premiada em criatividade na América Latina e no Brasil este ano, requer um esforço contínuo para desafiar o status quo. A criatividade, em sua essência, floresce na adversidade e na incerteza. Assim, a inquietação diária se torna o motor que mantém o negócio em movimento, a busca por ser melhor que ontem.

Mas essa transformação não é um processo solitário. O verdadeiro desafio é cultivar uma cultura onde a mudança seja não apenas aceita, mas incentivada em todos os níveis. Meu papel, então, é garantir que minha equipe entenda que o desconforto não é inimigo — ele é, na verdade, o catalisador do crescimento.

Criar um ambiente seguro, onde vulnerabilidade seja vista como um ato de coragem e não como fraqueza, é essencial para promover essa mentalidade. Líderes que se permitem questionar seu papel e expor-se à mudança são os que impulsionam verdadeiras transformações.

Se você também se sente desconfortável, se questionando sobre o seu papel ou se está no lugar certo, ótimo. Isso significa que você está evoluindo. No mundo dos negócios, quem não se transforma fica para trás bem rápido. Ou morre de tédio.

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