Assinar

Fatos e versões

Buscar
Publicidade
Opinião

Fatos e versões

Para a distinção e a geração de valor, o caminho da transparência absoluta apresenta-se como o antídoto mais indicado para a tal da pós-verdade


9 de janeiro de 2017 - 10h38

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Já virou uma tradição para Meio & Mensagem dedicar a primeira edição do ano a apontar e analisar grandes temas que terão impacto relevante em nosso mercado. Diferentemente de outras listas comuns ao período pós temporada de festas, nossa curadoria não tem como premissa apostar em quais serão os hits das semanas e meses que virão. A proposta é justamente separar o que é uma moda passageira dos assuntos e questões que chegaram para ficar — e com os quais iremos certamente nos deparar em nossas jornadas profissionais por um bom tempo.

Para esta edição que abre 2017, nossos editores e repórteres optaram por discutir o impacto de uma única macrotendência, horizontalmente, sobre agências, marcas e veículos (incluindo aqui as redes sociais): como a busca por maior transparência afetará daqui em diante as iniciativas, os relacionamentos, as receitas e a longevidade dos players inseridos na indústria da comunicação?

Dois mil e dezesseis, lembremos, acaba de se despedir, sem deixar saudade, sob o signo da pós-verdade — essa notória habilidade de certos oradores em desconstruir todo e qualquer evento que permita mais de uma interpretação para alinhá-lo às suas próprias narrativas.

Nesse campo minado, a busca pela neutralidade absoluta se apresenta como um caminho tentador para as marcas — mas também perigoso. Encontrar uma zona de conforto em meio a tamanho alvoroço pode ser um desejo muito mais utópico do que realizável. Porque não assumir posições geralmente é encarado como falta de personalidade. E quem não revela suas bandeiras dificilmente irá gerar empatia e engajamento, dentro das atuais condições de temperatura e pressão.

Por fim, por mais que não se entre em bola dividida, nada garante que a sua empresa ou cliente não serão arrastados por terceiros para o centro de alguma polêmica — e, quando isso acontece, ajuda bastante ter um histórico consistente e sólido, que sirva como atestado de antecedentes da trajetória da marca até então, minimizando as oportunidades para uma releitura ambígua dos fatos.

Para a distinção e a geração de valor, o caminho da transparência absoluta apresenta-se como o antídoto mais indicado para a tal da pós-verdade.

As empresas devem atuar em duas frentes. Como parte da sociedade, têm a obrigação de serem exemplos de boa conduta, não apenas reconhecendo os desvios de comportamento de seus profissionais, mas estabelecendo políticas e práticas que evitem a repetição dos mesmos no futuro. Como anunciantes, devem aumentar o nível de exigência quanto à adequação dos espaços nos quais serão veiculados seus anúncios. Nunca é demais ressaltar que o fenômeno da difusão de notícias falsas é amparado pelo faturamento com publicidade gerado pelas grandes audiências que vêm a reboque desses rumores. Essa é uma responsabilidade que inevitavelmente recai também sobre os principais players de mídia e tecnologia — principalmente Google e Facebook, os dois maiores geradores de tráfego na internet.

Em tempos sinuosos, nos quais as versões disseminadas importam tanto to quanto os fatos em si, quem vive de credibilidade e de estabelecer conexões e vínculos emocionais e funcionais entre símbolos e pessoas invariavelmente adentrará em um território cada vez mais árido. Coragem!

Meio & Mensagem deseja um excelente 2017 a todos!

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Além do like

    O papel estratégico da área jurídica na relação entre marcas e influenciadores

  • A consciência é sua

    A consciência é sua

    Como anda o pacto que as maiores agências do País firmaram para aumentar a contratação de profissionais negros e criar ambientes corporativos mais inclusivos?